“Certa vez um viajante, passando por uma cidade, viu um homem no meio da praça, de pé sobre um caixote de madeira, proferindo um discurso inflamado, no qual ele conclamava o povo a uma mudança de atitude. Apesar da beleza do discurso e das palavras sábias e justas do homem, ninguém lhe dava a menor atenção.
No ano seguinte, de volta à cidade, o viajante se deparou com a mesma cena: o homem discursando inflamadamente no meio da praça, sobre um caixote de madeira, e os transeuntes em volta agindo simplesmente como se ele não existisse. E assim foi no ano seguinte, no outro, e em muitos mais, até que o viajante, não mais contendo a curiosidade, dirigiu-se ao homem e lhe disse:
– Amigo, há anos passo por essa cidade, e o vejo aí na praça, sobre esse caixote de madeira, discursando, conclamando o povo a uma mudança de atitude. Percebo como são belas as suas palavras, e como são justas e corretas as suas admoestações. Mas percebo também que, apesar de sua obstinação, absolutamente ninguém nessa cidade lhe dá ouvidos. Pergunto-lhe eu: por que você continua discursando? Por que você não desiste, já que está mais do que claro que você não vai conseguir convencer ninguém?
O homem desceu calmamente do caixote de madeira, fitou o viajante por um longo tempo e, após deixar escapar um tímido sorriso, disse:
– Não posso desistir. Porque se eu desistir, ELES É QUE TERÃO CONSEGUIDO ME CONVENCER.”
A história acima foi contada anos atrás, num comercial de TV da Campanha Contra a Fome, do saudoso Betinho. Narrada na ocasião por Caetano Veloso, aqui eu a reproduzo não exatamente como no texto do comercial, mas com minhas próprias palavras.
Eis a razão por que continuo a defender minhas idéias e os valores nos quais acredito, mesmo sabendo estar remando contra a maré, mesmo diante da total falta de perspectiva de qualquer mudança a curto prazo. Talvez as mudanças por mim buscadas só venham a se tornar realidade para meus bisnetos, ou talvez elas jamais venham a acontecer. Mas o sonho da mudança é como uma árvore, cujas sementes plantamos hoje, mas cujos frutos só poderão ser colhidos num futuro distante.
Não importa quanto tempo leve para que as mudanças de verdade aconteçam: alguém precisa plantar as sementes, o mais rápido possível. As futuras gerações agradecerão por isso.
5 comentários:
Pode deixar Rodrigo, pelo menos na cidade da pedra bonita vc ñ vai ficar sozinho nessa praça, quando eu ñ estiver ouvindo suas palavras estarei no alto do caixote tb.
Rodrigo, às vezes nos cansamos, até. As pernas doem de tanto ficar em pé no caixote. A fala fica cansada...
Mas quando percebemos que podemos ficar igual a eles, ganhamos fôlego. Um dia as coisas mudam. Pode ter certeza...
Caro Amigo, não nos conhecemos, mas sei que somos amigos, pois todos que procuram a justiça sem querer nada em troca, compartilha de um desejo de que esse pais um dia melhore!!!
Adorei o texto acima e copiei!!
Saiba, que aos fortes, resta a persistência.... Parabéns!!
Estamos juntos nessa
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