sábado, 11 de junho de 2011

MAIS UM POUCO DE FILOSOFIA DE FACEBOOK



Se menina, estrela na testa
Se mulher, fogo incontido
Sou rico do que não presta
Sou pobre caso perdido
Seu olhar me faz poeta
Seu corpo me faz bandido
(da canção “Poeta e  Bandido”, de Zé Geraldo e Carlos Guerson)

Não amo ninguém pela beleza, intelecto ou caráter... nem sei dizer por que amo... o amor é o mais incondicional dos sentimentos... o amor não suporta motivos, explicações... o amor se justifica por si mesmo, e não há racionalidade que o dome... falar de amor já é não-amar... amor não se sabe, não se pensa, sequer se sente... AMOR SE VIVE

Eu costumo dizer que tentar ser mais maluco do que todo mundo é inútil, porque quando a gente pensa que chegou no fundo do poço, sempre vem um desgraçado e faz pior.

Nascer e morrer são situações nas quais estamos completamente sozinhos, ninguém nos acompanha nessas duas viagens. São as únicas certezas que temos na vida. Entre um e outro pairam apenas pontos de interrogação existenciais, potencialidade pura. Nascemos e morremos por acidente, e vivemos pela fé - Rodrigo "kierkegaardeando".

O passado nao pode ser modificado, mas ele pode ser recontado, reescrito com outras palavras, e com isso ser ressignificado. Um novo passado pode ser a chave para um novo futuro.

No fundo, no fundo, a vida é feita de perdas e de renúncias. Cada vez que escolhemos um caminho a seguir, estamos automaticamente renunciando à todos os outros caminhos possíveis naquele momento. E nos tornamos sábios quando conseguimos fazer essa escolha sem a dúvida de como seria se nossa decisão fosse diferente, ainda que o resultado de nossa escolha não nos agrade.

A astronomia amadora me ensina mais filosofia do que eu mesmo poderia pensar. Hoje sei que muitas vezes nossos piores problemas podem nos ensinar as lições que mais nos farão crescer como pessoa. Aprendi isso descobrindo que é quando a noite está mais escura que podemos melhor observar os corpos celestes.

Saturno a olho nu parece uma estrela comum, pequena inclusive, se comparada com Sirius. Pelo binóculo, torna-se como uma amêndoa vermelha. O telescópio mostra o círculo com o disco que vemos nos livros, agora de cor prata. Não sei que aparência ele teria se eu fosse lá. Assim a astronomia amadora demonstra como diferentes pontos de vista mostram a mesma realidade de formas diferentes.

A Bíblia é quase sempre mal interpretada. Precisamos de nossas individualidades. Se duas pessoas, ao se unirem, se tornarem uma só coisa, tudo o que vai acontecer é que, caso elas se separem, sobrarão apenas duas metades.

Num mundo em que ser normal é empreender uma busca desenfreada para seguir todas as modas, tendências e padrões que nos são impostos por uma sociedade doente, viciada em consumo, a loucura pode ser um grito de libertação.

A maioria das pessoas já falecidas que admiro só tiveram suas ideias e seus valores reconhecidos depois de suas mortes. Espero que tão cedo ninguém me descubra como um gênio...

Meus olhos de nuvem
Choram de alegria
Para regar o seu sorriso

Na tez morena
Abre-se em branco
A cor do seu sorriso
 
No jardim que plantaste
Em meu fértil coração
Cavaste sua sepultura
 
O que perdoar não é:
Perdoar não é concordar com a ofensa: isso se chama "conivência";
Perdoar não é esquecer que a ofensa existiu: isso se chama "amnésia" (pode nos levar a cometer ofensa igual, no futuro);
Perdoar é não concordar com a ofensa, é não esquecer que ela ocorreu, até para podermos aprender e ensinar com ela, mas é no fim dizer: "isso não importa mais".

A Justiça, quando exercida com Compaixão, leva-nos sempre a perdoar. Justiça sem Compaixão é apenas vingança.

Defender o indefensável, argumentar o "inargumentável", pedir o impossível, aceitar o que é anaceitável, crer no que é incrível... só a fé nos permite superarmos os limites de nossa racionalidade, e mais, de nosso senso de justiça. Mas o coração estranhamente não nos deixa desistir - Rodrigo Kierkegaardeando.

Nossas relações humanas seriam muito melhores se tivéssemos sempre disposição de ânimo de tentar entender as motivações que levam as pessoas a fazerem o que fazem. E entender não significa necessariamente concordar. A Compaixão é um sentimento tão bom, que ela consegue ser, no final das contas, mais justa do que a própria Justiça.

                  Vendo meu "acervo artístico", percebi que eu jamais compus uma canção de amor enquanto estava amando. Amar parece fazer adormecer o compositor, ainda que desperte o poeta. E é bom que minhas canções de amor não sejam autobiográficas, porque à exceção de uma, todas elas são canções tristes.

                  E por trás do vidro da janela do carro, o menino vê a chuva lentamente demolir o seu castelo de areia... (dedicado aos meus amigos)
                  Mesmo depois da rosa se despetalar, ainda sobram os espinhos. E esses, talvez por saudade, talvez por despeito, desenham com sangue novas rosas vermelhas nos imprudentes dedos do jardineiro amador (dedicado aos meus amigos)





 


sexta-feira, 3 de junho de 2011

O Monstro da Dúvida (baseado no "Mágico de Oz")

Mas a dúvida é o preço da pureza, e é inútil ter certeza
(da canção "Infinita Highway", dos Engenheiros do Hawaii)

Queira, basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo, vai
Tente outra vez
(da canção "Tente Outra Vez", de Raul Seixas

           De todos os monstros a habitarem as profundezas de nosso ser, nenhum deles mostra suas garras afiadas de forma tão cruel, sádica e torpe quanto aquele conhecido como “Dúvida”. Trata-se talvez da criatura mais perversa, dentre todos os nossos monstros internos, por ter o sinistro poder de a todo momento mudar de forma.
           Em certos momentos, a dúvida surge tal fada-madrinha, a nos afagar o rosto, apontando-nos uma felicidade que nos acena, logo ali, no final da estrada de pedras amarelas. A face terna da dúvida se traduz no frio na espinha, na expectativa de um acontecimento bom, nos olhos que se fecham para que a visão da alma possa desenhar o quadro mais belo que o pincel do futuro está pronto para pintar na tela de nossas vidas. O coração acelerado pela simples contemplação da pura potencialidade do amanhã travesso, que como num jogo de criança insiste em esconder o próprio rosto, negando-nos a beleza de suas feições, torna-se instrumento musical, a dar o tom e o compasso para a dança da dúvida, aqui divindade bela e bondosa, sempre a nos fazer olhar para a frente. Porque ela está a todo o tempo afirmando que no final da estrada de pedras amarelas, nos esperam as maravilhas da cidade de Oz.
           Mas daí surge o aspecto mais monstruoso da dúvida: a todo momento ela muda de forma, quase sempre com a caprichosa mania de contrariar as expectativas de nossos corações e mentes já fartos de caminhar pela corda bamba da vida. E da criatura suave e maternal nos apontando o sol prestes a nascer após o negror da noite, ela simplesmente se transmuta, vestindo o mais horrendo dos trajes. Assim, a fada de vestes sedosas dá lugar a uma bruxa trajada em negro, maquiavélica tanto quanto malévola, lasciva tanto quanto astuta. Para ela, a estrada de pedras amarelas tem ao seu fim um abismo sem fundo e inescapável, na verdade a garganta de outro monstro faminto, conhecido como “Desilusão”. A face sombria da dúvida sempre surge acompanhada de outros monstros, ávidos por dilacerar nossas almas, sedentos do suor de nossos pesadelos, deleitando-se, como se sinfonia fosse, com nossos gritos desesperados. Medo, Tristeza, Angústia, entre outros, são inseparáveis companheiros da Dúvida.
           O que fazer, então, diante de tão esquizofrenicamente cruel criatura? Sair em fuga desesperada é a mais tola das atitudes; não há como fugir de monstros que, em última análise, habitam nosso próprio ser. Estão dentro de nós, espelhos que são, de nossos aspectos mais sombrios. No fundo, são parte de nós, Legião que não podemos expulsar para nenhuma manada de porcos fora de nós mesmos. Não há manadas de porcos do lado de fora. O lado de fora é puro poder-vir-a-ser, pura conjectura. O lado de fora é o habitat natural da Dúvida. Cerrar então nossos ouvidos espirituais, para não ouvirmos o funesto discurso do monstro? Ela é obstinada, e não se dará por cansada de repetir suas piores admoestações, seus mais fúnebres sortilégios, até exaurir por completo todas as nossas forças.
           Não há como fugir de algo que está dentro na gente. A única solução contra esse monstro, então, seria o combate aberto, frente à frente com nosso inimigo, por mais poderoso que ele possa perecer. Mas é um combate que não pode ser travado com unhas e dentes, muito menos com espadas e escudos. Precisamos de outras armas, essas armas do espírito, afinal, nossos inimigos também são “espíritos”, não possuem materialidade. Armemo-nos, então, primeiramente de Coragem. Nobre arma de defesa, a Coragem não nos faz deixarmos de ver ou ouvir as ações atrozes de nossa inimiga, mas nos torna capazes de seguir em frente, de trilhar a estrada de pedras amarelas. A diferença? Não importa se a estrada termina em Oz ou na boca da Desilusão: o caminho precisa ser caminhado, a vida precisa seguir seu curso. E só a Coragem nos permite avançar na trilha do caminho.
           A segunda arma se chama Esperança. Arma com poderes mágicos, capaz de falar, não aos nossos ouvidos, mas aos nossos corações. Em cada momento de nossa caminhada pela estrada de pedras amarelas (na verdade a estrada da vida) em que sentirmos nossas forças exauridas pelas constantes maldições da Dúvida, a Esperança nos sussurra palavras de consolo, de admoestação, de exortação. E essas palavras tornam-se verdadeiros elixires ou pedras filosofais, não apenas renovando nossas forças, mas também devolvendo o fio à lâmina da Coragem.
           Com essas duas armas, somos capazes de enfrentar o monstro da Dúvida. Mas o que fazer se chegarmos ao fim da estrada de pedras amarelas, e ao invés das belezas de Oz, ou da bondade de seu Mágico, encontrarmos apenas o abismo da Desilusão? A Desilusão possui um aspecto amedrontador, terrível. Parece até mesmo mais poderosa do que sua prima-irmã Dúvida. Mas sucumbe frente ao golpe de uma única arma: o Amor.
           Não podemos deixar de caminhar na vida; a estrada de pedras amarelas precisa ser percorrida. E nesse percurso não há como não termos a companhia de nossos monstros existenciais, especialmente a tão poderosa quanto irracional Dúvida. E por não raras vezes, o fim da estrada será a boca da faminta Desilusão. Mas o Amor é arma que tudo vence, não importando o poder do inimigo, ou se ele vive dentro ou fora de nós. Amemos, então, pois o amor é uma arma que só tem existência quando posta em movimento, só existe no realizar-se, no amar. Sob o fio do Amor, todos os lugares são belos como Oz. O Amor é como as lentes que o Mágico de Oz fazia as pessoas usarem, a fim de que elas pensassem que a cidade na verdade era de toda feita de ouro. Mas também há uma diferença crucial: as lentes do Amor não produzem Ilusão (esta outro monstro, também irmã da Dúvida). As lentes do Amor não fazem todas as coisas parecerem feitas de ouro, elas fazem todas as coisas verdadeiramente passarem a ser feitas de ouro. Sob as lentes do Amor, tudo é áureo, tudo é dourado. Tudo brilha.