domingo, 29 de maio de 2011

NOVOS HAIKAIS E FILOSOFIA DE FACEBOOK


Mas eu sou o amargo da língua
A mãe, o pai e o avô
O filho que ainda não veio
O início, o fim e o meio


(da canção "Gîta", de Raul Seixas e Paulo Coelho)

           Quem navega por sites de redes sociais pode perceber como as pessoas têm apreço por frases de efeito, frases que tenham conteúdo em suas mensagens. Todavia, quase sempre são citações de pessoas famosas, filósofos, cientistas e artistas em sua maioria (e minha alma tem um pouco de cada um dos três). Num momento em que a intensidade de minha vida pessoal me faz ter pouco tempo para reflexões teóricas, gostaria de deixar meu amado leitor com uma filosofia um pouco menos estruturada, a partir de frases de minha própria autoria, postadas no site Facebook, bem como uma segunda remessa de Haikais. Creio que ambos podem falar muito não exatamente de minha filosofia, mas de mim mesmo como “filósofo”. Espero que gostem.


“Algumas pessoas são reconhecidas por terem algum talento, independentemente de seu caráter. Eu quero ser reconhecido, antes de tudo, pelo meu caráter, independentemente de quaisquer talentos que eu possa vir a ter”

“Perdido entre a ciência, a fé, a filosofia e a poesia, flutuando entre mesas de bar, estádios de futebol, cachoeiras e passeatas, girando entre a guitarra e a viola caipira, tendo Deus como fonte de inspiração de todo esse caos”
(Rodrigo por ele mesmo)

“A poesia talvez seja a minha maior maldição. O poeta é o ser que mais arranca lágrimas dos olhos das pessoas, ainda que por vezes sejam lágrimas de alegria. Não há nada mais vil do que tornar belo tudo o que é triste”

“Hispânica rima com promessa, que o espírito semeia ao grávido futuro, no afã de que se pinte a cor no cenário cinzento de um coração vazio, tal mandacaru a florescer em desertos prados”

“Eu amo a beleza física feminina, não posso negar. Mas não conheço nada mais afrodisíaco do que uma mulher inteligente”

“Será que eu comecei a olhar o céu em busca de uma resposta? A Lua, Saturno, Júpiter, os aglomerados de estrelas e as nebulosas são todos belos, bailam belamente pelo céu... mas teimam em se deixar contemplar por mim calados...”

“Se no fim da vida eu pudesse voltar no tempo, eu faria absolutamente tudo diferente do que fiz... não que eu não goste da minha vida, mas assim eu teria vivido duas vidas, e não uma única vida duas vezes”

“Toda crença solidamente embasada pode se dar ao luxo de um certo ceticismo. Normalmente, quando não somos capazes de tolerar quem pensa diferente de nós, é porque nós mesmos não estamos tão seguros assim em relação às nossas próprias ideias”

“Não consigo entender... Jesus nos prometeu o Reino de Deus, e em seu lugar veio a igreja”

“Ler a Bíblia de forma superficial me fez entrar para a igreja. Ler de forma aprofundada me fez sair dela”

HAIKAIS

No choro da viola
Faz-se a dor do violeiro
Em sorrisos da plateia

Eis que surge ao vento
O balé das folhas
Que desenham o outono

Mares são lágrimas
Derramadas pelo porto
Chorando a partida da embarcação

Vingou-se a rosa
A mão que a depedaçou
Ainda exala o seu perfume

O vento toca o rosto
Traz o beijo distante
Que insiste em ser beijado

Perdida entre aforismos
A Poesia clama
Vem, ó Liberdade!

Meu olhar procura
Velhas respostas
Para teus jovens “por quês”

No teatro de minha vida
Que a cortina desça
Sob aplausos da plateia

sábado, 14 de maio de 2011

HAIKAI - PEQUENA GRANDE POESIA

 Haikai... trata–se de pequenos poemas de origem japonesa. Com apenas três linhas, e tendo como foco a objetividade e a concisão, os Haikais nem por isso perdem a beleza ímpar, e soam como os antigos ditados da sabedoria popular. Confesso que durante toda a minha vida de poeta, jamais consegui compor Haikais de valor, mesmo no estilo mais livre da língua portuguesa. Mas como a inspiração nos surge às vezes sem que sequer o percebamos, ou mesmo peçamos, eis que me vi, como que do nada, escrevendo Haikais livres, sem rimas ou métricas. E já que esse blog também é destinado à poesia, queria deixar você, meu amado leitor, com o que é a primeira safra de Haikais de minha autoria. Peço perdão pelo mau jeito, por ser uma forma de arte na qual não sou versado, mas espero que os versos sejam de algum valor, que possam ser apreciados. Lembrem apenas que cada grupo de três linhas constitui um poema independente, com começo, meio e fim próprios.

Amor: subversão da matemática
Simbiótica comutatividade
Multiplica-se ao ser dividido

A nau se afasta
Afasta-se o horizonte
Encontros que acontecem no infinito

Assim a flor
Como quem viu um anjo
Se despediu da borboleta

Do alto do monte
Chora o alpinista
Não alcançou as estrelas

Que dizer das flores
Se o que nos marca
Sempre são os espinhos?

E no mar da vida
O pescador lança a rede
Nela seu sonhos se debatem

Silêncio
Canção que se faz pausa
Para que cantem os olhares

Eram mãos insensatas
Choraram em vermelho:
A rosa tinha espinhos

O poeta se cala
Poesia que vaga
Buscando a musa

Suave mansidão
A gaivota plana
Sobre um lençol azul

E o jovem cosmonauta
Percebe com pesar
A Terra era azul

Folhas ao chão
E o outono cinza
Desbota o verde olhar

Saudando a Lua
Luzem vaga-lumes
Que sonham ser estrelas

Tímida poesia
De olhos que evitam
O encontro do olhar