tag:blogger.com,1999:blog-57723020514413972782024-03-12T21:48:45.630-03:00Filosofia, Poesia e Fé na Mesa do BarUm espaço destinado à poesia e a discussões sobre filosofia e fé, sem radicalismos, fundamentalismos ou quaisquer outros "ismos". Por que em mesa de bar não se fala só de futebol.rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.comBlogger44125tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-51307816405988662222011-11-26T14:59:00.003-02:002011-11-26T16:08:36.330-02:00... e FÉ. CAMINHANDO COM O TEÓLOGO...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-FUO0AEMO3IU/TtEYKnlnT2I/AAAAAAAAAFc/oBdxLfu4xdw/s1600/8528089.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://3.bp.blogspot.com/-FUO0AEMO3IU/TtEYKnlnT2I/AAAAAAAAAFc/oBdxLfu4xdw/s1600/8528089.jpg" /></a></div><br />
<div style="text-align: justify;"> Amados leitores, depois de algumas postagens nas quais eu reuni frases minhas de cunho filosófico, postadas em redes sociais, eis que agora eu apresento uma coleção de frases de aspecto mais religioso, mostrando a minha face de cristão, um cristão que está buscando a Cristo, mas a um Cristo dissociado das igrejas e das invenções humanas. Espero que essa também seja uma leitura de proveito para todos. Então, depois do filósofo, vamos ao teólogo:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><div style="text-align: justify;"></div><div class="p1"><span class="s1"><b> A Bíblia é um livro extremamente falho em termos científicos, além de ser um poço de contradições. Mas o cristão de verdade sabe, como defendia Kierkegaard, que a Fé nos permite transpor os limites de nossa racionalidade, ainda que isso implique em risco. E nessa busca, se não tiver sua Fé sufocada pelas monolíticas instituições da Igreja, o cristão de verdade vai descobrir a Jesus, que nos diz que Deus, mesmo sendo o Ser Supremo, fez questão de se identificar com a miséria humana, e o fez puramente por AMOR.</b></span></div><div class="p1"><span class="s1"><b><br />
</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> Para os católicos, o matrimônio é um sacramento, ou seja, a bênção do padre tem o poder de mudar a natureza da relação entre o casal, fazendo-a deixar de ser pecado. Os protestantes fazem ainda pior, conferindo esse poder sacramental a um contrato social inventado por homens, que apenas regulamenta direitos e deveres civis em uma sociedade que, pelo menos em teoria, é de natureza laica.</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> Que pai exige que um filho sofra por toda a vida as consequências de uma escolha errada feita no passado? O Deus dos cristãos faz isso, ao não permitir que um casal que não mais se ama se separe. São filhos que pedem ao pai o pão, o peixe e o ovo da chance de reconstruir a vida e serem felizes, mas ganham a pedra, a serpente e o escorpião de um contrato social que os prende para o resto da vida (Lc 11: 11-13). Isso não tem nada a ver com o PAI que Jesus nos apresentou.</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p3"><span class="s1"><b> Sobre o casamento, Jesus disse que o homem jamais deveria separar aquilo que Deus uniu. Mas em que parte da Bíblia está escrito que a assinatura de um contrato social, ou mesmo a bênção de um ministro religioso, são garantias infalíveis de que se trata de uma união efetuada por Deus?</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> O Deus dos cristãos é esquisito: perdoa todo tipo de pecado, sem exigir nenhuma punição... só não perdoa o pecado de um dia na vida ter escolhido a pessoa errada para se casar. Para esse "pecado", Deus exige uma punição severa: ter que viver com essa pessoa, até que a morte de um dos dois liberte aquele que permanece vivo. Tão diferente do Deus de Amor que a tudo perdoa que nos foi apresentado por Jesus.</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> São João Batista chama os fariseus (os "homens de Deus" da época) de "raça de víboras". Jesus chama os mesmos fariseus de "sepulcros caiados", branquinhos por fora, mas cheios de podridão por dentro. O livro de Apocalipse chama algumas comunidades cristãs de sua época de "sinagoga de Satanás". E hoje, quando alguém faz alguma crítica à igreja enquanto instituição, é acusado de blasfemar contra Deus. Como se Deus e a igreja fossem a mesma coisa. Não perceberam que a Idade Média acabou faz tempo?</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p3"><span class="s1"><b> O Deus dos cristãos é estranho: diz que ainda que façamos maravilhas, milagres, prodígios, nada disso terá nenhum valor se não houver amor. Menos o casamento. O casamento, para o Deus dos cristãos, vale, mesmo sem amor. Tão diferente do Deus de Jesus...</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> Dentro de uma igreja, o pastor prega que os filhos de Deus nasceram para prosperar, para usufruir de riquezas, dando como exemplo o carro importado que ele acabou de comprar com o dinheiro do dízimo. Na calçada em frente, o ex-funcionário de seu escritório, que ganhava um salário mínimo e foi demitido por não suportar o ritmo de trabalho imposto por seu patrão, chora, na companhia de uma garrafa de cachaça, pensando: "quando eu realmente for um homem de Deus, como é o meu ex-chefe, também vou prosperar. Mas antes, eu preciso largar esse maldito vício da bebida". O Deus dos cristãos definitivamente é esquisito. Muito diferente do Deus de Jesus.</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> O Deus dos cristãos é esquisito. Ele perdoa quem mata, quem rouba, quem explora a prostituição, quem é pedófilo, corrupto, e por aí vai, mas não perdoa quem cometeu o simples erro de assinar um contrato social com uma pessoa a quem prometeu amar por toda a vida, mas não conseguiu. Para esses, o Deus dos cristãos tem apenas uma condenação horrenda: viver nessa prisão, que só não é eterna porque existe a morte.</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> No meu Natal à brasileira, o Presépio mostraria o menino Jesus nascido em uma favela. Deitado em um colchão velho, ele teria ao seu lado Maria, mãe-solteira de 15 anos, e José, o velho dono do bar, seu tio, que a acolheu em seu barraco, já que seus pais a expulsaram de casa, ao saber que ela se prostituía. Nenhum animal estaria na cena além de Bandite, cão vira-lata e pulgento catado nas ruas, única compania de José, viuvo há 17 anos. À porta, os três "reis" da comunidade vêm pedir perdão e bênçãos: Baltazar, conhecido como "Taza", chefe do tráfico (e que poderia ser pai de Jesus, pois Maria é uma das muitas meninas que ele estuprou), Melchior, ou "Mel", travesti rainha de bateria do bloco de Carnaval, cega de um olho, graças e uma surra dada por jovens neo-nazistas de classe média-alta, e Gaspar, pastor corrupto que acabou de comprar um carro zero com o dinheiro do dízimo (menos o de José, que frequenta a igreja há 2 anos, tentando se livrar do vício da cachaça, mas que nesse mês não pagou o dízimo porque gastou todo seu dinheiro com fraldas e leite para o menino Jesus). Acharam a cena grotesca? Pois é exatamente esse o escândalo da Cruz: Deus se faz menino em meio às misérias humanas. Especialmente as piores misérias.</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> No meu Natal à brasileira, Papai Noel seria "tio Bastião", um carreteiro nordestino de pele mameluca, de calça pescando e camisa de botão (mas já sem nenhum botão, todos eles perdidos pela estrada, durante suas andanças). Tio Bastião conduziria uma charrete puxada por um jegue já velho e desdentado de nome Fedegoso, tirando de seu jacá de vime esperança, emprego, alegria, saúde, fé, educação e comida para todo o povo brasileiro... delírio? Utopia? Concordo. Mas é melhor do que um homem branco de olhos azuis, morando numa terra distante cheia de neve, guiando um trenó puxado por renas, e distribuindo brinquedos...</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> Diz a lenda que o filho de Martinho Lutero perguntou ao pai como deveria estar o céu na noite em que Jesus nasceu. Lutero tentou ilustrar enchendo um pinheiro que havia próximo à casa de velas acesas, e assim surgiu a Árvore de Natal. No meu Natal à brasileira, quando uma criança me fizer a mesma pergunta, vou apontar a mangueira atrás de minha casa, que sempre fica carregadinha nessa época do ano, para a alegria da família de saguis que vive nela.</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> Uma das coisas que aprendi na vida é que decididamente não é o número de adeptos de minhas crenças o fator que vai torná-las realidade.</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> Aprendi mais sobre o ser humano nos últimos anos de convivência do que em toda a minha vida de estudos. Percebi como o ser humano é ao mesmo tempo a mais patética e a mais sublime criação de Deus... ser humano, o paradoxo mais belo que já existiu...</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> Nos últimos tempos de minha vida aconteceram-me tantas coisas, tantos conceitos foram revistos, que hoje em dia não sei se sou um cara melhor do que eu era, mas com certeza sou muito mais humano. Com tudo o que essa palavra implica.</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> A Fé é o mecanismo através do qual nos tornamos capazes de superar os limites de nossa racionalidade.</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> Estás ferido, e cansado da guerra, nobre guerreiro? Não tentes esconder tuas dores, sente-as, sangra, chora, clama pelos céus... assim irás reerguer-te, tal a Fenix que és, e que trazes ao peito. Não tentes ocultar tua humanidade, bravo cavaleiro, vive-a, pois viver é o que te cabe nesse chão que pisas. Sabe que foste chamado a ser herói, e aceitaste o apelo dos deuses, e eles estão contigo, ainda que tu não os veja nessa hora. Sê fiel, meu filho, o Pai está contigo. - Rodrigo Guimaraes, em "Conselhos ao Guerreiro Ferido".</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> Na infância, criei um Mico-estrela em um viveiro. Certo dia encontrei-o morto, não sei a razão, talvez de tristeza, por não ter a companhia de outros de sua espécie. Minha avó, sábia, limitou-se a me dizer: "pensa agora na quantidade de macaquinhos que ele deixou de colocar no mundo". Foi meu último animal de estimação. Hoje meu prazer é ver os outros micos pulando de árvore em árvore na mata atrás da minha casa. E assim eu aprendi a amar os animais, deixando eles livres para serem eles mesmos. Amor de verdade liberta.</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> Quando criança, apanhei certa feita uma lagarta enorme, e a pus dentro de um pote de vidro, sempre com folhas verdes para alimentá-la. Acompanhei ela comendo, crescendo, tecendo o casulo... até que um dia olhei o pote de vidro e vi uma borboleta imensa, que mal cabia dentro dele. Abri a tampa do pote, e segundos depois eu via a mais multicolorida das borboletas voando, e pensei: "ela fica bem mais bela fora desse vidro fosco". Nunca mais vi a borboleta, mas a lembrança daquelas asas que mais pareciam uma aquarela ficou até hoje em minha mente e em meu coração, mesmo passados quase trinta anos.</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> No livro "Spartacus", após a morte do herói que dá nome à obra, Varínia, sua esposa, é vendida como escrava para um Senador do Império Romano, que era apaixonado por ela. Ao ver que ela se entregava às carícias dele sem resistir, o Senador indaga: "você não vai tentar resistir? Onde está aquele seu amor por Spartacus?" Varínia responde então com calma: "o Senhor me comprou, sou sua escrava, sua propriedade, portanto meu corpo lhe pertence, e o senhor pode fazer o que quiser com ele. Mas a minha alma o senhor nunca terá: essa sempre pertencerá a Spartacus." Ouvindo isso, o Senador a liberta. Corpos podem ser aprisionados, mas a Alma não. A Alma têm asas.</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> Deus preza tanto a nossa liberdade que nos criou livres até mesmo para não acreditarmos n'Ele.</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> Assim o Apóstolo Paulo descreve o verdadeiro Amor: "O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" I Cor (13:4-7). Uma linda canção de seu tempo. Qualquer coisa que difira disso não é amor, é posse, é mesquinharia, egoísmo.</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> O Apóstolo Paulo, ao falar das três virtudes teologais (Fé, Esperança e Amor), coloca o Amor como a mais importante delas. Concordo com ele por duas razões: 1) Fé e Esperança apontam para um futuro na presença de Deus, não serão mais necessárias quando estivermos com Ele. Já o Amor vai continuar sendo exercido para todo sempre. 2) Enquanto Fé e Esperança dizem respeito a nós mesmos, na maioria dos casos, o Amor é sempre Amor por outro, sempre envolve uma relação entre seres.</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p3"><span class="s1"><b> Eis a razão pela qual eu não crio pássaros: como vou explicar para a pobre ave que é um gesto de amor mantê-la presa em uma gaiola? Por eu dar água e comida? Mas isso ela tem na natureza. Por ser seguro dentro da gaiola? A ave sabe que existem os perigos, mas sabe também que ela foi feita para voar. Eu não crio aves porque as amo de verdade, e não quero privá-las de seu bem mais precioso: a LIBERDADE. Amor de verdade não aprisiona, não oprime. Amor de verdade liberta.</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> Ser feito de amor num mundo feito de poder... ser autêntico num mundo que louva as aparências... buscar a verdade num mundo sedento por conveniência... só a Fé para nos fazer esticar as velas e tocar a nau para frente...</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div><div class="p2"><b><br />
</b></div><div class="p1"><span class="s1"><b> A maioria das pessoas vive a vida cumprindo papéis sociais. Nascem, crescem, estudam, trabalham, casam-se, têm filhos e os criam... como se isso simplesmente fosse uma obrigação, formalidades para as quais todos nós fôssemos destinados... não, eu não sei viver assim... não sei viver sem que cada um desses atos seja executado entremeado por entusiasmo, garra, enfim, por amor. Quero que minha vida seja um ato de amor...</b></span></div><div class="p2"><b><span class="s1"></span></b></div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-54304556069231300272011-09-01T17:09:00.001-03:002011-11-22T10:58:20.690-02:00SOBRA-ME LASCIVIA E FALTA-ME A CANDURA...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-8PFa6iB2wVQ/Tl_lRIdpcvI/AAAAAAAAAFY/IALLVLITG9k/s1600/2234463573_151afe724c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://4.bp.blogspot.com/-8PFa6iB2wVQ/Tl_lRIdpcvI/AAAAAAAAAFY/IALLVLITG9k/s320/2234463573_151afe724c.jpg" width="320" /></a></div><br />
<br />
<span style="font-size: large;">Sobra-me lascívia e falta-me a candura...<br />
<br />
Faltam-me as flores ladeando o caminhar despretensioso... falta-me o calor da areia afagando os pés, enquanto o sol prepara o crepúsculo marinho... falta-me a face beijada pela brisa fria que sibilia por entre as quaresmeiras, cujo brilho alvo torna grisalho o subir da serra... <br />
<br />
Sobra-me lascívia e falta-me a candura...<br />
<br />
Falta-me a visão do arco descrito pela gaivota sobre a seda esvoaçante de tez azul-esverdeada... falta-me a estrela refletida em um olhar que brilha ao contemplar o mais noturnal dos firmamentos... faltam-me os dedos entrelaçados, compartilhando a sensação aveludada dos gerânios... falta-me a lágrima, que escapa sorrateira por causa do rosto contraído no sorriso... <br />
<br />
Sobra-me lascívia e falta-me a candura...<br />
<br />
Falta-me a relva a cobrir os verdes prados, sob a chuva que lhe exacerba o frágil aroma... falta-me a Lua sobre o tapete negro, a companhia de estrelas cortesãs, algumas mesmo se atirando de alegria ante nosso simples caminhar, talvez querendo apenas arrancar um sorriso, ou um olhar, que diz tudo sem uma única palavra... <br />
<br />
Sobra-me lascívia e falta-me a candura.<br />
<br />
Falta-me o farfalhar multicor das borboletas, cuja dança faz a flor ver nelas anjos... falta-me o abrupto do silêncio, arrancado na frase não terminada, desejando que este se torne olhar, o olhar se torne beijo, o beijo se torne rubor, e assim um novo silêncio se celebra... falta-me a paz de quem sabe ter a eternidade, ainda que eternas sejam apenas as canções de amor... <br />
<br />
Sobra-me lascívia e falta-me a candura...<br />
<br />
Falta-me a concha encontrada sobre a alva cambraia da areia branca, que tal donzela sequiosa de desejo, timidamente permite o afago do mar... falta-me o som bruxuleante das procelas, que se faz canção para embalar o lenço que acena para a nau que parte rumo ao horizonte, mas que também consegue se esconder na concha levada ao ouvido... <br />
<br />
Sobra-me lascívia e falta-me a candura...<br />
<br />
Falta-me que os olhos esqueçam o ponto de chegada, para contemplar as belezas do caminho... falta-me o afago sem pressa, a vontade contida, guardada para que o amanhã lhe dê a concretude... falta-me a dor no peito, fruto do gargalhar inesperado diante do inusitado de um gesto, falta-me a mão, a lentamente percorrer o novo território, tal criança descobrindo o mundo para além de seu berço... <br />
<br />
Sobra-me lascívia e falta-me a candura...<br />
<br />
</span>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-2297256783456061822011-07-21T17:03:00.007-03:002011-07-28T15:59:03.638-03:00Caminhando com o Filósofo...<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-hQke_rM-mlU/TiiFzsVHDyI/AAAAAAAAAFU/viBxtKAngqk/s1600/filosofia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://1.bp.blogspot.com/-hQke_rM-mlU/TiiFzsVHDyI/AAAAAAAAAFU/viBxtKAngqk/s1600/filosofia.jpg" /></a></div><style type="text/css">
p { margin-bottom: 0.21cm; }h6 { margin-bottom: 0.21cm; }h6.cjk { font-family: "Arial",sans-serif; }h6.ctl { font-family: "Tahoma"; }
</style> <br />
<h6 align="JUSTIFY" class="western" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm; margin-top: 0cm;"><span style="font-size: small;"> </span></h6><div style="text-align: justify;"><span style="font-size: large;">Certa feita, um pastor protestante me disse que não existia a igreja perfeita, e caso encontrasse uma, eu não deveria nem entrar, porque a minha imperfeição destruiria a perfeição dela. Isso vale para todas as instituições. Na verdade, nós o tempo todo agimos confundindo algo "perfeito" com "algo que se encaixa perfeitamente em nossos anseios, mesmo os mais mesquinhos". O que também, diga-se de passagem, não existe.</span></div><div style="text-align: justify;"><style type="text/css">
p { margin-bottom: 0.21cm; }h6 { margin-bottom: 0.21cm; }h6.cjk { font-family: "SimSun"; }h6.ctl { font-family: "Lucida Sans"; }
</style> </div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Culpa desse meu gosto por versos tristes. Estar em paz e feliz deve ter feito o poeta que me habita sair por aí, em busca de uma alma cuja dor ele possa traduzir em poesia. Estou simplesmente sem inspiração para escrever coisas novas...</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Algumas pessoas me consideram um mestre da retórica, outros elogiam a eloquência e a paixão com que eu sustento os meus argumentos, mas o fato é que eu sou totalmente incapaz de defender qualquer ideia, proposição ou assertiva na qual eu não acredite sinceramente.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Na peça de Brecht, quando ouve a crítica de que infeliz é a nação que não tem heróis, Galileu Galilei responde que infeliz é a nação que precisa de heróis. Eu diria que infeliz é a nação que desconhece os heróis que possui – uma singela homenagem ao povo brasileiro, em especial aos bombeiros e professores do Rio de Janeiro.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Vocês por acaso pensam que o cocô que vocês vêem boiando na Baía de Guanabara, quando olham das janelas de seus apartamentos, é inteiramente produzido por vocês, via todos os “disk-pizzas” que vocês consomem em seus casulos? Uma ova! Boa parte deles sai das favelas logo atrás de seus condomínios, essas mesmas que a mentalidade preconceituosa de vocês os faz fingirem que não existem.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Como diz Lulu Santos: "sempre houve espinhos nas rosas de qualquer jardim. E se há calor no ninho, há pedras no caminho, que ainda assim é belo". A vida é assim. O mar é lindo, mas é frio, salgado, tem ondas, e é cheio de bichos. Não quer encarar nada disso? Simples: não saia da banheira. Pelo menos lá os únicos perigos são os patinhos de borracha!</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Como disse certa vez Raul Seixas: "se você quer entrar em buraco de rato, de rato você tem que transar". Não dá para fofinhos coelhinhos albinos de olhinhos vermelhos quererem entrar em buraco de rato, exigirem em seguida que os ratos se tornem coelhos de uma hora para outra, e ainda por cima ficarem reclamando do mau cheiro dos ratos.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Tio Raul Seixas já dizia: "pra passar a noite na cocheira tem que ter o mesmo cheiro do cavalo pra não incomodar". Dormir na cocheira e reclamar do cheiro dos cavalos terá como resultado, no mínimo, um relinchar de desagrado, e no máximo um coice.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Poetar: salpicar cardos e abrolhos em escarlate, para que roseiras pareçam aos olhos sedentos da visão da flor.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Rimar o insólito com o improvável. Concatenar o absurdo com o inominável. Amalgamar o abrupto com o impensado... eis a força de um sofisma, o pedante de um aforismo, a sublime arte de nada dizer...</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Se um disco voador surgir do nada na minha frente, e dele sair um casal de ETs dizendo que a minha experiência com minha família adotiva na Terra acabou, e está na hora de voltar para casa, juro para vocês que eu não iria me surpreender.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">O humor é um vício, uma doença. Mais forte do que eu, simplesmente não consigo resistir. Perco o amigo, mas não perco a piada. Que minha "vítimas" me perdoem...</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">E o seu silêncio</span><br />
<span style="font-size: large;">Aponta o olhar</span><span style="font-size: large;"> </span><br />
<span style="font-size: large;">Que traduz a alma</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Que me perdoem os psicólogos, filósofos, sociólogos e outros teóricos, mas se alguém me diz que tem um cachorro do outro lado do muro, não imagino de cara que isso seja um símbolo opressor, conteúdos reprimidos do inconsciente, ou qualquer coisa parecida. Minha primeira hipótese de trabalho é que realmente há um cachorro do outro lado do muro.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Não me importam as dores, não me importam as infelicidades... se eu perder a fé no ser humano, terei perdido a fé na única coisa que é imagem e semelhança de Deus na Terra... eu terei me tornado ateu.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Fé não é agir apenas quando temos a certeza do sucesso. Fé não é agir sem levar em consideração que pode haver o fracasso. Fé é agir sabendo que, não importa o que aconteça, terá sido o que de melhor poderia ter nos acontecido.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Os limites entre a coragem, a loucura e a burrice são tão tênues que às vezes é impossível diferenciá-los. Mas quando há Fé, essa diferenciação se torna desnecessária. Mesmo porque sanidade e inteligência em excesso sempre produzem medo.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Li em um livro de Carl Sagan que nós compartilhamos 99,6% de nossos genes com os chimpanzés. O que me assusta não é o fato de termos 99,6% de nosso genoma idêntico ao dos chimpanzés, mas sim o fato dos 0,4% restantes fazerem tanta diferença.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Amigo é um irmão que a vida nos deixou escolher.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Poeta: és o mais vil dos criminosos. Mentes com uma destreza tal, que em tuas palavras toda a aspereza desse mundo frio e cinzento ganha a maciez da mais cândida das flores, aquelas mesmas que cultivas no jardim imaginário onde enterras os corações de todos aqueles que sucumbem ante o veneno de tua poesia.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Poetar: transformar com palavras o pranto em canção, o olhar em esperança, as marcas das dores em pintura, e as lágrimas no mais fino mel, cuja candura adoçará o amargor de uma alma sequiosa por beleza e poesia. Maldito sejas, ó poeta, que fazes da tristeza matéria-prima de tua arte!</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Se é verdade que só amamos de verdade uma vez na vida, a minha ainda não chegou. Mas se amamos de verdade mais de uma vez, posso dizer que minha vida sempre foi um puro amar...</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Há 34 anos, fui deixado aqui na Terra, disfarçado de terráqueo, com a missão de estudar os seres humanos, compreendê-los, e então retornar ao meu planeta natal com um relatório detalhado. Como pedirei desculpas aos meus superiores por ter falhado? Até hoje não compreendo os seres humanos, e meu relatório continua em branco.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">"Quero a paz se possível, mas a verdade a qualquer preço." Fiz dessa frase de Lutero um dos lemas de minha vida. Pena que o lema da maioria das pessoas é: "quero a verdade se possível, mas a paz a qualquer preço". Quando será que as pessoas vão perceber que a paz sem a verdade é apenas calmaria?</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">O tempo é o mais sábio de todos os juízes. Quantas vezes na vida eu não preferi manter o silêncio, mesmo às custas de fazer as pessoas não entenderem minhas atitudes, para o tempo fazê-las enfim dizer: "é, agora eu o entendo, e vejo que ele teve suas razões".</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Não adianta prendermos os corpos, ainda que a prisão seja apenas a de uma vida dura. A alma têm asas, voa não só no espaço, mas também no tempo. O sonho é o vôo da alma.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Eu quero um beijo no rosto</span><br />
<span style="font-size: large;">Gostar de sentir o seu gosto</span><br />
<span style="font-size: large;">Um sorriso e uma bandeira</span><br />
<span style="font-size: large;">Voando de qualquer maneira</span><br />
<span style="font-size: large;">E no rumo dos sonhos perdidos</span><br />
<span style="font-size: large;">Meu palco de amor e libido</span><br />
<span style="font-size: large;">Eu quero a paz do seu rosto</span><span style="font-size: large;"> </span><br />
<span style="font-size: large;">O prazer de sentir o seu gosto</span><br />
<span style="font-size: large;">(da canção “Nossas Bandeiras”, composta há cerca de quinze anos).</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Engraçado: antigamente, os seres humanos me faziam ficar decepcionado, revoltado, indignado... hoje em dia, um dar de ombros quase estóico é tudo o que eu consigo fazer... será que finalmente eles estão conseguindo me convencer?</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Qualquer pessoa deste mundo, desde as mais chegadas, passando por aquele desconhecido que viaja no mesmo ônibus todos os dias, o mendigo que nos pede dinheiro, a prostituta que tenta nos convencer de que somos lindos, até o mais vil dos criminosos, cujo rosto pagamos para não ter que olhar... todos eles trazem em si uma dignidade de "Imagem e Semelhança de Deus", e por isso mesmo merecem ser cuidados.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Síndrome de Simão Bacamarte, eis o que me acomete...</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Como dizia dom Raulzito: "eu nunca cometo pequenos erros, enquanto eu posso causar terremotos". Esse aspecto "shivesco" de minha personalidade é essencial, mesmo porque às vezes as pessoas só começam a construir casas bem alicerçadas depois de verem suas antigas moradas postas abaixo por um furacão.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Se cada ser humano desse mundo pudesse por um momento largar tudo para apenas contemplar uma rosa... olhar para a beleza daquela forma escarlate, sentir nos dedos a maciez de uma única pétala, a caricia do perfume... e se todo mundo entendesse isso como um presente de Deus, para nosso deleite...</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Algumas pessoas agem como avestruzes: ao menor sinal de perigo, enfiam a cabeça em um buraco, e se sentem protegidas com isso. E sem perceber, ficam lá, com todo o resto do corpo para fora, e o rabo para cima, para a qualquer momento a "naba" entrar, e entrar com força - Rodrigo em "Filosofia de Estivador".</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Toda mudança é como mergulhar num mar gelado em um dia quente: primeiro vem um choque, depois uma dor momentânea, mas logo depois vem simplesmente o prazer de estar nadando.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Não vim ao mundo fazer política de boa vizinhança ou para entreter as pessoas. Vim ao mundo para transformá-lo, ainda que apenas dentro dos estreitos limites de minhas possibilidades. Minha meta é que todo mundo que tenha contato comigo saia dele uma outra pessoa. E se a mudança será para melhor ou para pior, vai depender deles, e não de mim.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Conversa entre os cães de Pavlov: "viu como conseguimos fácil condicionar aquele cientista idiota? Agora basta a gente latir, que o pobre coitado vem e nos dá comida!"</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Sinto informar, meninas (e alguns meninos), mas não existem homens metrossexuais, somos no máximo CENTIMETROSSEXUAIS. Claro que em alguns casos temos muitos centímetros. Mas ainda assim são apenas centímetros - sessão "Humor Zorratotaliano", by Rodrigo.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Tenho pena das crianças de hoje. No meu tempo, criança quieta era boazinha, e criança agitada era levada. Hoje criança quieta é depressiva, e criança agitada é hiperativa.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Eis o meu grande dilema dialético: se Deus não tivesse criado a mulher, nós, homens, estaríamos até hoje no paraíso. Mas como eu posso chamar de paraíso um lugar que não tem mulheres?</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Humor no diva: a psicanálise e uma ciência especializada em piorar problemas que ela mesma inventa.</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><br />
<span style="font-size: large;">Meu mundo perfeito não teria funk, Gugu, Faustão, pagode, sertanejo universitário, bife de fígado, nem Alexandre Pires ou Garotinho... mas peraí: um mundo que não tivesse nada do que eu pudesse falar mal seria realmente perfeito?</span></div><div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: large;"><br />
</span> </div><div align="LEFT" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
<span style="font-size: large;"> </span> </div><div align="LEFT" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-23828859934594052332011-06-11T15:19:00.000-03:002011-06-11T15:19:48.617-03:00MAIS UM POUCO DE FILOSOFIA DE FACEBOOK<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-icZ9Ja5M-uQ/TfOwawYQDVI/AAAAAAAAAFQ/X3-SbRz8low/s1600/BX_subsolo_filosofia_poesia_frente_03.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="214" src="http://4.bp.blogspot.com/-icZ9Ja5M-uQ/TfOwawYQDVI/AAAAAAAAAFQ/X3-SbRz8low/s320/BX_subsolo_filosofia_poesia_frente_03.jpg" width="320" /></a></div><br />
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<div class="MsoNormal"><b><i><span style="font-family: "Times New Roman Bold Italic";">Se menina, estrela na testa<br />
Se mulher, fogo incontido<br />
Sou rico do que não presta<br />
Sou pobre caso perdido<br />
Seu olhar me faz poeta<br />
Seu corpo me faz bandido</span></i></b></div><div class="MsoNormal"><b><i><span style="font-family: "Times New Roman Bold Italic";">(da canção “Poeta e<span> </span>Bandido”, de Zé Geraldo e Carlos Guerson)</span></i></b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Não amo ninguém pela beleza, intelecto ou caráter... nem sei dizer por que amo... o amor é o mais incondicional dos sentimentos... o amor não suporta motivos, explicações... o amor se justifica por si mesmo, e não há racionalidade que o dome... falar de amor já é não-amar... amor não se sabe, não se pensa, sequer se sente... AMOR SE VIVE</span></h6><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Eu costumo dizer que tentar ser mais maluco do que todo mundo é inútil, porque quando a gente pensa que chegou no fundo do poço, sempre vem um desgraçado e faz pior.</span></h6><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Nascer e morrer são situações nas quais estamos completamente sozinhos, ninguém nos acompanha nessas duas viagens. São as únicas certezas que temos na vida. Entre um e outro pairam apenas pontos de interrogação existenciais, potencialidade pura. Nascemos e morremos por acidente, e vivemos pela fé - Rodrigo "kierkegaardeando".</span></h6><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt; text-align: justify;"><br />
</div><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">O passado nao pode ser modificado, mas ele pode ser recontado, reescrito com outras palavras, e com isso ser ressignificado. Um novo passado pode ser a chave para um novo futuro.</span></h6><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">No fundo, no fundo, a vida é feita de perdas e de renúncias. Cada vez que escolhemos um caminho a seguir, estamos automaticamente renunciando à todos os outros caminhos possíveis naquele momento. E nos tornamos sábios quando conseguimos fazer essa escolha sem a dúvida de como seria se nossa decisão fosse diferente, ainda que o resultado de nossa escolha não nos agrade.</span></h6><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">A astronomia amadora me ensina mais filosofia do que eu mesmo poderia pensar. Hoje sei que muitas vezes nossos piores problemas podem nos ensinar as lições que mais nos farão crescer como pessoa. Aprendi isso descobrindo que é quando a noite está mais escura que podemos melhor observar os corpos celestes.</span></h6><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Saturno a olho nu parece uma estrela comum, pequena inclusive, se comparada com Sirius. Pelo binóculo, torna-se como uma amêndoa vermelha. O telescópio mostra o círculo com o disco que vemos nos livros, agora de cor prata. Não sei que aparência ele teria se eu fosse lá. Assim a astronomia amadora demonstra como diferentes pontos de vista mostram a mesma realidade de formas diferentes.</span></h6><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">A Bíblia é quase sempre mal interpretada. Precisamos de nossas individualidades. Se duas pessoas, ao se unirem, se tornarem uma só coisa, tudo o que vai acontecer é que, caso elas se separem, sobrarão apenas duas metades. </span></h6><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Num mundo em que ser normal é empreender uma busca desenfreada para seguir todas as modas, tendências e padrões que nos são impostos por uma sociedade doente, viciada em consumo, a loucura pode ser um grito de libertação.</span></h6><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 1cm;"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">A maioria das pessoas já falecidas que admiro só tiveram suas ideias e seus valores reconhecidos depois de suas mortes. Espero que tão cedo ninguém me descubra como um gênio...</span></h6><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span class="messagebody"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Meus olhos de nuvem</span></span></h6><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span class="messagebody"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Choram de alegria</span></span></h6><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span class="messagebody"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Para regar o seu sorriso</span></span></h6><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span class="messagebody"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Na tez morena</span></span><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"></span></h6><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span class="messagebody"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Abre-se em branco</span></span><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"></span></h6><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span class="messagebody"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">A cor do seu sorriso</span></span></h6><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span class="messagebody"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"> </span></span></h6><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span class="messagebody"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">No jardim que plantaste</span></span><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"></span></h6><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span class="messagebody"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Em meu fértil coração</span></span><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"></span></h6><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span class="messagebody"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Cavaste sua sepultura</span></span><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"></span></h6><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"> </span></h6><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span class="messagebody"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">O que perdoar não é:</span></span><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"></span></h6><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span class="messagebody"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Perdoar não é concordar com a ofensa: isso se chama "conivência";</span></span><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"></span></h6><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span class="messagebody"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Perdoar não é esquecer que a ofensa existiu: isso se chama "amnésia" (pode nos levar a cometer ofensa igual, no futuro);</span></span><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"></span></h6><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span class="messagebody"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Perdoar é não concordar com a ofensa, é não esquecer que ela ocorreu, até para podermos aprender e ensinar com ela, mas é no fim dizer: "isso não importa mais".</span></span></h6><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span class="messagebody"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">A Justiça, quando exercida com Compaixão, leva-nos sempre a perdoar. Justiça sem Compaixão é apenas vingança.</span></span></h6><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span class="messagebody"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Defender o indefensável, argumentar o "inargumentável", pedir o impossível, aceitar o que é anaceitável, crer no que é incrível... só a fé nos permite superarmos os limites de nossa racionalidade, e mais, de nosso senso de justiça. Mas o coração estranhamente não nos deixa desistir - Rodrigo Kierkegaardeando.</span></span></h6><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 35.45pt;"><span class="messagebody"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Nossas relações humanas seriam muito melhores se tivéssemos sempre disposição de ânimo de tentar entender as motivações que levam as pessoas a fazerem o que fazem. E entender não significa necessariamente concordar. A Compaixão é um sentimento tão bom, que ela consegue ser, no final das contas, mais justa do que a própria Justiça.</span></span></h6><div style="text-align: justify;"><br />
</div><h6 style="margin-left: 0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"><span><span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><span class="messagebody"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Vendo meu "acervo artístico", percebi que eu jamais compus uma canção de amor enquanto estava amando. Amar parece fazer adormecer o compositor, ainda que desperte o poeta. E é bom que minhas canções de amor não sejam autobiográficas, porque à exceção de uma, todas elas são canções tristes.</span></span><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"></span></h6><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><h6 style="margin-left: 0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"><span><span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><span class="messagebody"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">E por trás do vidro da janela do carro, o menino vê a chuva lentamente demolir o seu castelo de areia... (dedicado aos meus amigos)</span></span><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"></span></h6><h6 style="margin-left: 0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"><span><span style="font: 7pt "Times New Roman";"> </span></span></span><span class="messagebody"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;">Mesmo depois da rosa se despetalar, ainda sobram os espinhos. E esses, talvez por saudade, talvez por despeito, desenham com sangue novas rosas vermelhas nos imprudentes dedos do jardineiro amador (dedicado aos meus amigos)</span></span><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"></span></h6><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><h6 style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify; text-indent: 0cm;"><span style="font-size: 12pt; font-weight: normal;"> </span></h6><div style="margin: 0cm 1cm 0.0001pt 0cm; text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal"><br />
</div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-26759262558466202112011-06-03T22:07:00.002-03:002011-06-04T00:25:16.559-03:00O Monstro da Dúvida (baseado no "Mágico de Oz")<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-lR8T44aSPoA/Tel-vQWejOI/AAAAAAAAAFM/BKFsw41n6OQ/s1600/canstock3986272.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="212" src="http://1.bp.blogspot.com/-lR8T44aSPoA/Tel-vQWejOI/AAAAAAAAAFM/BKFsw41n6OQ/s320/canstock3986272.png" width="320" /></a></div><i><b>Mas a dúvida é o preço da pureza, e é inútil ter certeza</b></i><br />
<i><b>(da canção "Infinita Highway", dos Engenheiros do Hawaii)</b></i><br />
<br />
<i><b>Queira, basta ser sincero e desejar profundo</b></i><br />
<i><b>Você será capaz de sacudir o mundo, vai</b></i><br />
<i><b>Tente outra vez</b></i><br />
<i><b>(da canção "Tente Outra Vez", de Raul Seixas</b></i><br />
<br />
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> De todos os monstros a habitarem as profundezas de nosso ser, nenhum deles mostra suas garras afiadas de forma tão cruel, sádica e torpe quanto aquele conhecido como “Dúvida”. Trata-se talvez da criatura mais perversa, dentre todos os nossos monstros internos, por ter o sinistro poder de a todo momento mudar de forma. </div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Em certos momentos, a dúvida surge tal fada-madrinha, a nos afagar o rosto, apontando-nos uma felicidade que nos acena, logo ali, no final da estrada de pedras amarelas. A face terna da dúvida se traduz no frio na espinha, na expectativa de um acontecimento bom, nos olhos que se fecham para que a visão da alma possa desenhar o quadro mais belo que o pincel do futuro está pronto para pintar na tela de nossas vidas. O coração acelerado pela simples contemplação da pura potencialidade do amanhã travesso, que como num jogo de criança insiste em esconder o próprio rosto, negando-nos a beleza de suas feições, torna-se instrumento musical, a dar o tom e o compasso para a dança da dúvida, aqui divindade bela e bondosa, sempre a nos fazer olhar para a frente. Porque ela está a todo o tempo afirmando que no final da estrada de pedras amarelas, nos esperam as maravilhas da cidade de Oz.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Mas daí surge o aspecto mais monstruoso da dúvida: a todo momento ela muda de forma, quase sempre com a caprichosa mania de contrariar as expectativas de nossos corações e mentes já fartos de caminhar pela corda bamba da vida. E da criatura suave e maternal nos apontando o sol prestes a nascer após o negror da noite, ela simplesmente se transmuta, vestindo o mais horrendo dos trajes. Assim, a fada de vestes sedosas dá lugar a uma bruxa trajada em negro, maquiavélica tanto quanto malévola, lasciva tanto quanto astuta. Para ela, a estrada de pedras amarelas tem ao seu fim um abismo sem fundo e inescapável, na verdade a garganta de outro monstro faminto, conhecido como “Desilusão”. A face sombria da dúvida sempre surge acompanhada de outros monstros, ávidos por dilacerar nossas almas, sedentos do suor de nossos pesadelos, deleitando-se, como se sinfonia fosse, com nossos gritos desesperados. Medo, Tristeza, Angústia, entre outros, são inseparáveis companheiros da Dúvida.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O que fazer, então, diante de tão esquizofrenicamente cruel criatura? Sair em fuga desesperada é a mais tola das atitudes; não há como fugir de monstros que, em última análise, habitam nosso próprio ser. Estão dentro de nós, espelhos que são, de nossos aspectos mais sombrios. No fundo, são parte de nós, Legião que não podemos expulsar para nenhuma manada de porcos fora de nós mesmos. Não há manadas de porcos do lado de fora. O lado de fora é puro poder-vir-a-ser, pura conjectura. O lado de fora é o habitat natural da Dúvida. Cerrar então nossos ouvidos espirituais, para não ouvirmos o funesto discurso do monstro? Ela é obstinada, e não se dará por cansada de repetir suas piores admoestações, seus mais fúnebres sortilégios, até exaurir por completo todas as nossas forças.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Não há como fugir de algo que está dentro na gente. A única solução contra esse monstro, então, seria o combate aberto, frente à frente com nosso inimigo, por mais poderoso que ele possa perecer. Mas é um combate que não pode ser travado com unhas e dentes, muito menos com espadas e escudos. Precisamos de outras armas, essas armas do espírito, afinal, nossos inimigos também são “espíritos”, não possuem materialidade. Armemo-nos, então, primeiramente de Coragem. Nobre arma de defesa, a Coragem não nos faz deixarmos de ver ou ouvir as ações atrozes de nossa inimiga, mas nos torna capazes de seguir em frente, de trilhar a estrada de pedras amarelas. A diferença? Não importa se a estrada termina em Oz ou na boca da Desilusão: o caminho precisa ser caminhado, a vida precisa seguir seu curso. E só a Coragem nos permite avançar na trilha do caminho.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> A segunda arma se chama Esperança. Arma com poderes mágicos, capaz de falar, não aos nossos ouvidos, mas aos nossos corações. Em cada momento de nossa caminhada pela estrada de pedras amarelas (na verdade a estrada da vida) em que sentirmos nossas forças exauridas pelas constantes maldições da Dúvida, a Esperança nos sussurra palavras de consolo, de admoestação, de exortação. E essas palavras tornam-se verdadeiros elixires ou pedras filosofais, não apenas renovando nossas forças, mas também devolvendo o fio à lâmina da Coragem.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Com essas duas armas, somos capazes de enfrentar o monstro da Dúvida. Mas o que fazer se chegarmos ao fim da estrada de pedras amarelas, e ao invés das belezas de Oz, ou da bondade de seu Mágico, encontrarmos apenas o abismo da Desilusão? A Desilusão possui um aspecto amedrontador, terrível. Parece até mesmo mais poderosa do que sua prima-irmã Dúvida. Mas sucumbe frente ao golpe de uma única arma: o Amor.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Não podemos deixar de caminhar na vida; a estrada de pedras amarelas precisa ser percorrida. E nesse percurso não há como não termos a companhia de nossos monstros existenciais, especialmente a tão poderosa quanto irracional Dúvida. E por não raras vezes, o fim da estrada será a boca da faminta Desilusão. Mas o Amor é arma que tudo vence, não importando o poder do inimigo, ou se ele vive dentro ou fora de nós. Amemos, então, pois o amor é uma arma que só tem existência quando posta em movimento, só existe no realizar-se, no amar. Sob o fio do Amor, todos os lugares são belos como Oz. O Amor é como as lentes que o Mágico de Oz fazia as pessoas usarem, a fim de que elas pensassem que a cidade na verdade era de toda feita de ouro. Mas também há uma diferença crucial: as lentes do Amor não produzem Ilusão (esta outro monstro, também irmã da Dúvida). As lentes do Amor não fazem todas as coisas parecerem feitas de ouro, elas fazem todas as coisas verdadeiramente passarem a ser feitas de ouro. Sob as lentes do Amor, tudo é áureo, tudo é dourado. Tudo brilha.</div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-34953044518327188132011-05-29T16:49:00.005-03:002011-05-30T07:49:45.853-03:00NOVOS HAIKAIS E FILOSOFIA DE FACEBOOK<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-QXH6c38Ie9Q/TeKhqhR1FAI/AAAAAAAAAFI/oUL2sdP-f7A/s1600/RD_frase+filosofia.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-QXH6c38Ie9Q/TeKhqhR1FAI/AAAAAAAAAFI/oUL2sdP-f7A/s320/RD_frase+filosofia.jpg" width="320" /></a></div><br />
<i><b>Mas eu sou o amargo da língua</b></i><br />
<i><b>A mãe, o pai e o avô</b></i><br />
<i><b> O filho que ainda não veio</b></i><br />
<i><b> O início, o fim e o meio</b></i><br />
<i><b><br />
</b></i><br />
<i><b>(da canção "Gîta", de Raul Seixas e Paulo Coelho)</b></i><br />
<br />
<div align="LEFT" style="margin-bottom: 0cm;"><style type="text/css">
<!--
@page { margin: 2cm }
P { margin-bottom: 0.21cm }
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</style> </div><div align="JUSTIFY" style="margin-left: 0.04cm; margin-top: 0.42cm; page-break-after: avoid; text-indent: 0.02cm;"><style type="text/css">
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</style> </div><div align="JUSTIFY" style="margin-left: 0.04cm; margin-top: 0.42cm; page-break-after: avoid; text-indent: 0.02cm;"> <span style="font-family: Arial,sans-serif;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-weight: normal;">Quem navega por sites de redes sociais pode perceber como as pessoas têm apreço por frases de efeito, frases que tenham conteúdo em suas mensagens. Todavia, quase sempre são citações de pessoas famosas, filósofos, cientistas e artistas em sua maioria (e minha alma tem um pouco de cada um dos três). Num momento em que a intensidade de minha vida pessoal me faz ter pouco tempo para reflexões teóricas, gostaria de deixar meu amado leitor com uma filosofia um pouco menos estruturada, a partir de frases de minha própria autoria, postadas no site Facebook, bem como uma segunda remessa de Haikais. Creio que ambos podem falar muito não exatamente de minha filosofia, mas de mim mesmo como “filósofo”. Espero que gostem.</span></span></span><br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">“Algumas pessoas são reconhecidas por terem algum talento, independentemente de seu caráter. Eu quero ser reconhecido, antes de tudo, pelo meu caráter, independentemente de quaisquer talentos que eu possa vir a ter”</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">“Perdido entre a ciência, a fé, a filosofia e a poesia, flutuando entre mesas de bar, estádios de futebol, cachoeiras e passeatas, girando entre a guitarra e a viola caipira, tendo Deus como fonte de inspiração de todo esse caos”</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">(Rodrigo por ele mesmo)</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">“A poesia talvez seja a minha maior maldição. O poeta é o ser que mais arranca lágrimas dos olhos das pessoas, ainda que por vezes sejam lágrimas de alegria. Não há nada mais vil do que tornar belo tudo o que é triste”</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">“Hispânica rima com promessa, que o espírito semeia ao grávido futuro, no afã de que se pinte a cor no cenário cinzento de um coração vazio, tal mandacaru a florescer em desertos prados”</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">“Eu amo a beleza física feminina, não posso negar. Mas não conheço nada mais afrodisíaco do que uma mulher inteligente”</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">“Será que eu comecei a olhar o céu em busca de uma resposta? A Lua, Saturno, Júpiter, os aglomerados de estrelas e as nebulosas são todos belos, bailam belamente pelo céu... mas teimam em se deixar contemplar por mim calados...”</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">“Se no fim da vida eu pudesse voltar no tempo, eu faria absolutamente tudo diferente do que fiz... não que eu não goste da minha vida, mas assim eu teria vivido duas vidas, e não uma única vida duas vezes”</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">“Toda crença solidamente embasada pode se dar ao luxo de um certo ceticismo. Normalmente, quando não somos capazes de tolerar quem pensa diferente de nós, é porque nós mesmos não estamos tão seguros assim em relação às nossas próprias ideias”</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">“Não consigo entender... Jesus nos prometeu o Reino de Deus, e em seu lugar veio a igreja”</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">“Ler a Bíblia de forma superficial me fez entrar para a igreja. Ler de forma aprofundada me fez sair dela”</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">HAIKAIS</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">No choro da viola</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">Faz-se a dor do violeiro</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">Em sorrisos da plateia</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">Eis que surge ao vento</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">O balé das folhas</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">Que desenham o outono</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">Mares são lágrimas</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">Derramadas pelo porto</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">Chorando a partida da embarcação</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">Vingou-se a rosa</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">A mão que a depedaçou</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">Ainda exala o seu perfume</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">O vento toca o rosto</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">Traz o beijo distante</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">Que insiste em ser beijado</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">Perdida entre aforismos</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">A Poesia clama</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">Vem, ó Liberdade!</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">Meu olhar procura</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">Velhas respostas</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">Para teus jovens “por quês”</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">No teatro de minha vida</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">Que a cortina desça</span></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt;">Sob aplausos da plateia</span></b></div></div><div class="MsoNormal"><br />
</div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-43851318524512115712011-05-14T02:02:00.000-03:002011-05-14T02:02:44.412-03:00HAIKAI - PEQUENA GRANDE POESIA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/--qYViFYZ-RA/Tc4LAwpWqfI/AAAAAAAAAFE/GZlBOeq9yIk/s1600/haikai1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="175" src="http://3.bp.blogspot.com/--qYViFYZ-RA/Tc4LAwpWqfI/AAAAAAAAAFE/GZlBOeq9yIk/s320/haikai1.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/--qYViFYZ-RA/Tc4LAwpWqfI/AAAAAAAAAFE/GZlBOeq9yIk/s1600/haikai1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><br />
</a></div><div style="text-align: justify;"> <style type="text/css">
p { margin-bottom: 0.21cm;
</style>Haikai... trata–se de pequenos poemas de origem japonesa. Com apenas três linhas, e tendo como foco a objetividade e a concisão, os Haikais nem por isso perdem a beleza ímpar, e soam como os antigos ditados da sabedoria popular. Confesso que durante toda a minha vida de poeta, jamais consegui compor Haikais de valor, mesmo no estilo mais livre da língua portuguesa. Mas como a inspiração nos surge às vezes sem que sequer o percebamos, ou mesmo peçamos, eis que me vi, como que do nada, escrevendo Haikais livres, sem rimas ou métricas. E já que esse blog também é destinado à poesia, queria deixar você, meu amado leitor, com o que é a primeira safra de Haikais de minha autoria. Peço perdão pelo mau jeito, por ser uma forma de arte na qual não sou versado, mas espero que os versos sejam de algum valor, que possam ser apreciados. Lembrem apenas que cada grupo de três linhas constitui um poema independente, com começo, meio e fim próprios. </div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;">Amor: subversão da matemática</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Simbiótica comutatividade</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Multiplica-se ao ser dividido</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;">A nau se afasta</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Afasta-se o horizonte</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Encontros que acontecem no infinito</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Assim a flor</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Como quem viu um anjo</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Se despediu da borboleta</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Do alto do monte</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Chora o alpinista</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Não alcançou as estrelas</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Que dizer das flores</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Se o que nos marca</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Sempre são os espinhos?</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;">E no mar da vida</div><div style="margin-bottom: 0cm;">O pescador lança a rede</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Nela seu sonhos se debatem</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Silêncio</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Canção que se faz pausa</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Para que cantem os olhares</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Eram mãos insensatas</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Choraram em vermelho:</div><div style="margin-bottom: 0cm;">A rosa tinha espinhos</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;">O poeta se cala</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Poesia que vaga</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Buscando a musa</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Suave mansidão</div><div style="margin-bottom: 0cm;">A gaivota plana</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Sobre um lençol azul</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;">E o jovem cosmonauta</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Percebe com pesar</div><div style="margin-bottom: 0cm;">A Terra era azul</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Folhas ao chão</div><div style="margin-bottom: 0cm;">E o outono cinza</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Desbota o verde olhar</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Saudando a Lua</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Luzem vaga-lumes</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Que sonham ser estrelas</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;">Tímida poesia</div><div style="margin-bottom: 0cm;">De olhos que evitam</div><div style="margin-bottom: 0cm;">O encontro do olhar</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-19347355802908759202011-04-29T14:23:00.000-03:002011-04-29T14:23:42.378-03:00A INEXORABILIDADE DA SINFONIA CÓSMICA<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-H1Z24ld4EyA/TbryFIK97mI/AAAAAAAAAFA/pOkPu84pgiw/s1600/COSMICO.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/-H1Z24ld4EyA/TbryFIK97mI/AAAAAAAAAFA/pOkPu84pgiw/s1600/COSMICO.jpg" /></a></div><br />
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Vê, ói que céu, é um céu carregado e rajado, suspenso no ar</i></b><br />
<b><i>Vê, é o sinal, é o sinal das trombetas, dos anjos e dos guardiões<br />
Ói, lá vem Deus, deslizando no céu entre brumas de mil megatons</i></b><br />
<b><i>Ói, olhe o mal, vem de braços e abraços com o bem num romance astral</i></b><br />
<b><i>(da canção “Trem das Sete”, de Raul Seixas)</i></b><br />
<br />
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</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span> </span>Vivo hoje uma serenidade quase estóica. É inescapável que quaisquer olhares humanos, do contemplar mais poeticamente ingênuo ao mais abalizadamente científico escrutínio dos meandros da natureza, enfim, todo o ato humano de ver, só nos tragam uma única certeza aos nossos corações e mentes ávidos por conhecimento: todos nós, entes do Cosmo, desde a mais ínfima partícula subatômica, até o mais complexo dos seres autoconscientes,<span> </span>bailamos ritmados, em movimentos circulares de quase moto-perpétuo, tal qual um carrossel rodopiando frente aos olhos vidrados de alguma infantil divindade.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span> </span>Pouco podemos fazer para alterar esse quadro. A criação segue sua dança infinita, e talvez nosso debater constante, nossas tentativas patéticas de alterar o ritmo do balé cósmico não provoquem nada além de quase imperceptíveis cócegas nesse imenso corpo em movimento chamado Universo. Do alto de nossas arrogâcias pueris, nos degladiamos em debates infindos sobre os reveses que estamos causando no Cosmo, e em nossa tresloucada megalomania, acabamos por não nos darmos conta de uma verdade simples, tão simples quanto gritante: no máximo, temos o poder de arruinar nosso berço, nossa mãe Gaia (claro, e nós mesmos com ela, juntamente com todos os outros seres viventes de nosso planeta). Por mais vil e torpe que seja esse matricídio, certamente o restante dessa enorme família de corpos celestes flutuantes continuará vivo. Um pouco ressentidos, talvez, pela perda de um ente querido. Mas a recuperação, se pensarmos em termos das dimensões temporais do universo, será até rápida. Isso porque a mãe Terra é tão somente uma minúscula célula em um organismo de dimensões imensuráveis, uma pequena peça, girando no sistema de engrenagens de uma máquina inimaginavelmente grande, ao menos aos olhos estupefatos do sujeito chamado de observador ingênuo pela nossa tão cartesianamente metódica ciência. Pouca falta fará ao todo um repentino desaparecimento da Terra. Todavia nós, meras crianças cósmicas, ainda padecendo do típico egocentrismo infantil, incapazes de vermos a nós mesmos em outra situação que não entronizados no centro, no mais elevado patamar da criação, imaginamos que uma eventual ausência nossa silenciará a música das esferas, e com isso cessará toda a atividade do grande dançarino cósmico. Como se um bailarino interrompesse sua melhor apresentação por causa da perda de um simples fio de cabelo, ou de uma única lantejoula de suas vestes. Na verdade, apenas não estaremos lá para aplaudir o espetáculo. Mas mesmo assim, como se diz nas terras do imperialismo, do hamburger e do cristianismo fundamentalista, <i>“the show must go on”</i>. A vida segue seu curso.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span> </span>Alguns chegam ao desvairio de se proclamarem demiurgos, criaturas semi-divinas, com poderes para moldarem seus próprios universos, ao seu bel-prazer e em acordo com a quase sempre não assumida finitude e a sempre ontológica contradição de suas capacidades de produzir conhecimento. Como se até mesmo o psicodélico e multicolorido farfalhar das asas de um bando de borboletas monarcas, cruzando o planeta em sua migração anual, fosse responsabilidade deles. Desfortunamente ou não, caras crianças cósmicas, a maravilhosa Sinfonia Espaço-temporal, cujo primeiro ato teve seu início bilhões e bilhões de anos atrás, quando o Grande Maestro do Universo brandiu sua batuta criadora pela primeira vez, num gesto batizado pela ciência de <i>“Big Bang”</i>, não pode parar, e não o fará, enquanto a última nota não for entoada. E a sinfonia será executada até o fim, mesmo com uma possível ausência de um ou outro músico. Ou por acaso alguém supõe que o Sol aguarda pacientemente que hajam olhos para contemplar a beleza de uma simples aurora, para só então poder nascer?</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span> </span>No fundo, no fundo, somos a todo tempo assolados pelo incômodo dessa constatação, talvez por ela fazer passar diante de nossos olhos incrédulos, escrita em letras de neon como num letreiro barato de beira de estrada, feio mais impossível de não ser notado, a certeza que acaba por deflagrar e exacerbar a nossa própria condição de finitude. Detestamos admitir, mas faremos muito menos falta ao Universo do que nosso pusilânime egocentrismo desejaria. Não nos iludamos, ó homens de pequena fé, mas tudo o mais na Sinfonia Cósmica, toda a dança do Universo, seguirá seu rumo mesmo sem nós. Desde o nascimento de uma estrela, passando pelo choque entre galáxias, pelos quadros de arte moderna pintados pelas mãos habilidosas da mãe Natureza, como no caso das auroras boreal e austral, ou das ancestrais nebulosas, até a eclosão de um ovo de mosquito, ou da cantoria tão animada quanto carente de afinação do pipoqueiro da esquina, tudo estará lá, no mesmo lugar. Não no mesmo lugar físico, mas no mesmo ponto da pauta musical cósmica, ou no mesmo movimento da coreografia do Universo. Apenas nós não mais estaremos presentes. Mas não faltam olhos extras para contemplar a magnitude da Criação. E mesmo que não houvesse olhar algum, nenhuma diferença faria. O Universo não precisa de olhos o contemplando para ser belo.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span> </span>Assim me sinto, entre o estóico e o Zen. Poucos prazeres suplantam o deleite de apreciar a Sinfonia Cósmica, a dança do Universo. Mais inebriante ainda é nos sabermos parte delas, ainda que pequeninas partes, tal grãos de areia perdidos em uma extensa praia. E nosso passamento não pode ser pensado acompanhado de uma vontade imensamente egoísta de querermos que o espetáculo seja interrompido por conta de nossa ausência. Se a manifestação das maravilhas da criação prescinde de olhos para apreciá-la, que dirá de um par de olhos específicos, e no caso sempre os nossos próprios? Aprender essa lição gera desapego, mas não um desapego apático, não um dar de ombros desinteressado para tudo o que a Criação nos proporciona. Isso seria como sair do caldeirão, para cair diretamente no fogo, se estamos tentando nos desvencilhar de um apego neurótico ao mundo material, este que só produz o desespero e o medo da morte, e nos torna monstros devoradores de bens de consumo (como se o prazer de consumir nos devolvesse a sensação absurda de sermos imortais). A participação no cantar e dançar do Cosmos precisa acontecer de forma intensa, porém serena. Uma canção, um quadro ou um copo de cerveja devem ser apreciados pelo que eles possuem de belo, de agradável, e não pela ilusão de que o mero ato de apreciar traz algo de concreto para nossas existências. Se assim o fizermos, ficaremos escravos de nosso anseio por prazer, e pior, iludindo-nos com a ideia de que o que nos prende é o objeto de nossa cobiça, e não nosso próprio movimento de cobiçar. Somos escravos de nosso próprio desejo, e os objetos de consumo são tão somente ferramentas que nos permitem operacionalizá-lo, apontá-lo para alguma direção específica, dar-lhe um sentido, um nome. Assim, o desejo se torna desejo de algo. Exorcisamos e expulsamos para as diversas manadas de porcos existentes em nossa volta a nossa própria Legião interna, nossos demônios mais íntimos, para assim podermos combatê-los em algo fora de nós mesmos.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span> </span>Viver, então, se torna a sublime e às vezes difícil arte de cantar e dançar ao som da Sinfonia Cósmica, ainda que saibamos que nossa participação nela não alcance sequer um compasso da Partitura Divina, e poderemos nos proclamar sábios quando alcançarmos uma compreensão plena de que a Sinofia é bela, mesmos naqueles trechos dos quais não participamos. O Canto Universal é belo, mesmo nos momentos em que nossas próprias vozes estão em silêncio, ou quando nossos ouvidos não estão lá para ouvir. E a Dança do Universo será sempre bela, mesmo quando nossos corpos já há muito estiverem imóveis.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span> </span></div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-50947636395861095212011-04-15T19:24:00.001-03:002011-04-15T19:27:22.724-03:00HUMOR TAMBÉM É FILOSOFIA ou DIA DO BEIJO?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-SzivLWDX84k/TaiJQO5ysuI/AAAAAAAAAE8/DID6531y2yE/s1600/dia+do+beijo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="273" src="http://1.bp.blogspot.com/-SzivLWDX84k/TaiJQO5ysuI/AAAAAAAAAE8/DID6531y2yE/s320/dia+do+beijo.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b><i>Vou jogar no lixo a dentadura, neném. Vou ficar banguelo numa boa<br />
É que eu vou fundar mais um partido também!<br />
Vou rasgar dinheiro, tocar fogo nele, só prá variar</i></b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b><i>(da canção “Só Pra Variar”, de Raul Seixas e Cláudio Roberto)</i></b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Sempre considerei o humor uma excelente arma de crítica. Não esse humor repetivivo, alienado e extremamente pornográfico tão em voga na atualidade, do tipo “Zorra Total”. Falo da linguagem humorística de nomes como Ziraldo, Millôr Fernandes, ou como os programas televisivos de humor da década de 80 do século passado.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Passando pelos textos publicados em meu blog, pude constatar uma coisa: muito embora o humor surja pontualmente, em um ou outro comentário meu, o blog ainda carece de um texto cuja linguagem principal seja o humor. Problema fácil e agradável de ser resolvido.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Essa semana vi ser martelado de forma exaustiva, no site de redes sociais Facebook, o fato do dia 13 de abril ter sido o dia do beijo. Dia do beijo, esse povo não tem mais o que inventar, não? Para mim, o ano tem 365 “dias do beijo” (e de quatro em quatro anos tem até 366!), e não apenas um. Pesquisando pela grande rede, descobri uma míriade de datas comemorativas no mínimo inusitadas: dia do leitor, dia do enfermo (imagina alguém parabenizando outra pessoa por estar doente no dia do enfermo), dia dos gatos, dia do contador de histórias, dia da compreensão mundial (!?!?), e por aí vai. E mais divertido (ou deprimente, conforme o seu estado de espírito ou seu nível de conscientização) é ver quase todo mundo aderindo, fazendo propaganda. Sendo assim, resolvi propor a criação de algumas datas comemorativas bizarras (direitos iguais: se outros podem fazê-lo, por que não eu?). Vamos à elas:</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">1) O dia mundial do peteleco no pé da orelha – imaginem pessoas ao longo do dia trocando petelecos no pé da orelha, como se fossem presentes, e agradecendo-se mutuamente. Ao chegar em casa, o marido poderia dizer à esposa: “querida, tive um ótimo dia: dei 127 petelecos nas orelhas dos outros, e levei mais uns 116” (o dia é do peteleco, não esqueçam. Vale tanto dá-los como recebê-los). A esposa então pensaria: “eu só levei um peteleco, do carteiro. Mas não foi no pé da orelha”. Olha eu escrevendo o mesmo tipo de piadinhas “zorratotalianas” que eu tanto critico!</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">2) O dia mundial do pum – esse seria sensacional. Todos os restaurantes, bares, churrascarias e afins serviriam feijoada, batata doce, repolho e ovos cozidos. O espetáculo seria imperdível. Poderíamos também realizar competições entre os peidões, tanto os profissionais quanto os amadores. Essas competições seriam divididas em categorias: o pum mais alto, o pum mais fedido (essa um primo meu ganharia fácil), o pum mais longo, exibição de puns polifônicos, puns sincronizados (para aumentar o espírito de equipe das pessoas). </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">3) O dia do Churrasquinho de Gato, do Angu do Gomes e do Picolé do China – quem vive ou conhece o Rio de Janeiro, certamente já teve contato com esses ícones de nossa gastronomia, essas pérolas do paladar. Quase onipresentes em nossas praças, esquinas e praias, esses incompreendidos pelos nossos órgãos governamentais de vigilância sanitária, por conta das condições de higiene em que são produzidos, bem como pela procedência obscura de suas matérias primas, merecem ser homenageados. Quando nossas autoridades perceberão que são exatamente os germes e bactérias presentes no processo que garantem o sabor inigualável dessas lendas de nossa cozinha? Tentem fazer igual em casa, e vocês perceberão que é impossível. Como diz o grande (em ambos os sentidos) Jô Soares: “o gosto do X-tudo da rua vem do germe da mão do cara que o faz”. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">4) O dia internacional dos baixinhos, dos carecas, dos gordos e outros “pontos de referência” – esses desfavorecidos pela mãe natureza, sofredores condenados a atuarem como pontos de referência merecem. “Onde está seu irmão?”, um pergunta, “ali, ao lado do careca”, respondem. Ou então : “se ele alcançou aquela prateleira, então é fácil”. Ou ainda “quando você transa com sua mulher, ela goza duas vezes: uma no ato, e a outra quando você sai de cima”. Essas vítimas da sociedade mereciam até uma medalha, mas eu me contento com um dia dedicado à eles (na verdade a nós, porque eu me encaixo em um dos grupos). Nesse dia, não pagaríamos passagens de ônibus, nem entradas para o cinema, as mulheres seriam obrigadas a dar um beijo em pelo menos um representante dessas categorias, enfim, seria uma homenagem simples.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">5) o dia internacional do Funk, do Pagode, do Axé e do Sertanejo Universitário DE QUALIDADE – esse já teria até data definida: seria todo dia 31 de fevereiro, mas apenas naqueles em que a temperatura média em Bangu – RJ fique abaixo dos 10 graus. Eu até propus que fizéssemos competições para saber quem seria capaz de encontrar o maior número de funks, pagodes, axés e sertanejos universitários de qualidade, mas todas as pessoas que entrevistei me disseram que seria muito mais fácil encontrar OVNIs, políticos honestos, enterros de anão e ex-gays.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">6) o dia do heterossexual brasileiro – afinal, nós cinco merecemos uma data só nossa, vocês não concordam?</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Uma das muitas frustrações que trago na vida vem do fato de que, apesar de venerar o humor, e de tentar a todo tempo usá-lo como arma de críticas, jamais recebi uma única ameaça sequer de processo judicial. Xingamentos, difamações e outras maledicências já até encheram o saco, mas processos judiciais, que é bom, nem unzinho até agora! Sacanagem: todos os humoristas que admiro já foram processados por suas “vítimas”, e eu nunca fui. Que discriminação! Só porque eles são famosos? Na verdade, eu já até cheguei a sofrer uma ameaça de processo judicial por parte de um conhecido político da cidade onde eu morava, mas não foi por fazer humor. Foi apenas por dizer algumas verdades sobre ele. Algumas eram até engraçadas, mas a intenção não era fazer humor, eu juro pelo Paulo Maluf mortinho! Todavia, nesses tempos em que qualquer coisa que fuja um milímetro que seja de nosso “Catecismo do Politicamente Correto” pode terminar em confusão, me sinto na obrigação de lembrar que tudo o que eu disse nesse texto é apenas humor, apenas uma forma descontraída de criticar o fato de haver datas em homenagem a tudo, e das pessoas só pensarem e falarem disso nessas datas, como se fossem cãezinhos atendendo à voz de comando do adestrador. Inclusive, como já dito, eu mesmo faço parte de um dos tipos sobre os quais fiz humor (apelidos como “salva-vidas de aquário”, “c* de cobra”, “grande pequeno homem”, “gigante”, entre outros que acumulei ao longo da vida, sugerem que tipo seria esse).</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Enfim, espero apenas que me perdoem o meu senso de humor (menos os funkeiros).</div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-53036320774797156862011-04-07T15:29:00.007-03:002011-04-29T15:27:23.007-03:00PURO DESABAFO!!!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-YZkzFJnRwqo/TZ4CBLmkcCI/AAAAAAAAAE4/KJqvrb0puHI/s1600/CriancaMorta1944.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://4.bp.blogspot.com/-YZkzFJnRwqo/TZ4CBLmkcCI/AAAAAAAAAE4/KJqvrb0puHI/s1600/CriancaMorta1944.jpg" /></a></div><div class="MsoNormal"><b><i>Voa, coração<br />
Que ele não deve demorar<br />
E tanta coisa a mais quero lhe oferecer<br />
O brilho da paixão, pede a uma estrela pra emprestar<br />
E traga junto a fé num novo amanhecer<br />
Convida as luas cheia, minguante e crescente<br />
E de onde se planta a paz,<br />
Da paz quero a raiz</i></b></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b><i>(da canção “Ao Que Vai Chegar”, de Toquinho e Mutinho)</i></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Mais uma vez eu tinha um texto filosófico pronto para postar no blog, e mais uma vez me senti na obrigação de adiar sua publicação para comentar um acontecimento lamentável ocorrido em nossa sociedade.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Um ex-aluno de uma escola municipal do Rio de Janeiro passa com toda tranquilidade pelos portões de sua antiga escola, armado de dois revólveres e de farta munição. Uns afirmam que ele alegou ter ido lá buscar alguns documentos de seus tempos de aluno, outros que ele seria um palestrante. Nesse momento já notamos informações desencontradas, e breve as lendas se misturarão aos fatos verdadeiros, a estória irá povoar os jornais por algum tempo, talvez se torne filme, livro ou documentário no futuro, mas ao fim cairá no esquecimento, substituído pelos carnavais, Big-Brothers, novelas e Copas do Mundo da vida.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Mas o fato é que esse ex-aluno entrou em uma sala de aula e começou a atirar contra os alunos, todos crianças, matando treze e ferindo outros vinte e tantos, alguns internados em estado grave, no momento em que escrevo essas linhas. Quase todos os tiros atingiram a cabeça ou o tórax das vítimas, dando a forte impressão de que o facínora sabia como manejar uma arma de fogo. Por diversas vezes, ele recarregou as armas. Por fim, com um tiro em sua própria cabeça, ele se matou.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Uma carta foi escrita por ele, supostamente justificando o gesto insano. Segundo um oficial do Corpo de Bombeiros, o conteúdo da carta é extremamente confuso. Mais uma vez as lendas surgem por atacado: ele seria esquizofrênico, teria envolvimento com grupos fundamentalistas islâmicos, seria portador de HIV... e assim surge uma nova lenda urbana, e o que resta de fato é tão somente que diversas crianças tiveram suas vidas grotescamente ceifadas, e outras carregarão para o resto da vida um trauma que elas jamais irão esquecer.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Não quero de modo algum fazer poesia sobre essa brutalidade, embora eu reconheça que as crianças vitimadas por essa insanidade mereçam ser homenageadas com poemas e canções de uma beleza que eu jamais poderia compor. E também não quero tentar nenhuma reflexão filosófica sobre o ocorrido, meu estômago revolvido de indignação e preplexidade não me permite. Quero apenas dizer que essas atrocidades são fruto de uma sociedade doente, uma sociedade que perdeu totalmente seus valores, se é que algum dia ela teve algum. Vou deixar você, meu amado leitor, com a revolta que deixei exposta através dos posts que fiz em um site de rede social, comentando um post de uma amiga:</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Uma sociedade que diz o quanto você vale pela quantidade de dinheiro que você tem, mesmo que seja dinheiro sujo, uma sociedade que diz que temos que competir sempre, sermos sempre os melhores, senão não somos nada na vida, ainda que para isso tenhamos que passar por cima dos outros..., uma sociedade que chama desonestidade de "esperteza", que chama compaixão de "fraqueza", uma sociedade que te diz que você é tão mais feliz quanto mais estiver imerso em bens de consumo..., uma sociedade que chama traficantes, políticos corruptos, bicheiros, entre outros, de "doutores", apenas por eles terem poder político e/ou econômico, enquanto dizem dos educadores: "você tem certeza de que quer ser apenas professor?" Como assim ser “apenas” professor? A mais bela de todas as profissões hoje é tratada assim? Uma sociedade em que as empresas se acham melhores porque lucram mais, e não porque seus produtos são bons, que se ufanam de acumular fortunas vendendo porcarias, essa sociedade não pode produzir nada melhor do que isso. Como diz uma canção de Gilberto Gil: "das feridas que a pobreza cria, sou o pus". Nossa sociedade está ferida, infeccionada. De vez em quando suas chagas se rompem, e o resultado é esse aí. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Nós olhamos para quem comete essas atrocidades e pensamos: "esse cara é um monstro, é um doente", e muitas vezes não nos damos conta de que ele é a ponta de lança de toda uma sociedade que está doente. E não percebemos que nós também estamos um pouco doentes, porque nós fazemos parte dessa sociedade. É fácil demonizar um desvairado cuja atitude extrema vitimiza um monte de pessoas inocentes, mas cuja atitude é tão somente o clímax, o ponto alto, o espasmo, delírio ou vômito de uma sociedade que não suporta mais ser como é. Mas esse gesto insano só nos faz vermos isso com mais clareza, só faz deflagrar a situação de miséria, de falta de humanidade, em que vivemos. E infelizmente, quase sempre precisamos da existência de mártires para começarmos a refletir sobre isso. Nada trará as crianças vitimadas de volta. A perda é irreversível.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Perdoem-me se por um momento estou abandonando minha linha de “filósofo da compaixão”, mas prefiro tentar evitar que minha revolta me faça sair por aí em desespero, à procura de culpados. Essas palavras não vieram de uma mente filosófica, do coração de um poeta, ou mesmo da alma de um crente em Deus. Elas vieram das entranhas de um ser humano que já não suporta mais ver tanta coisa acontecer diante dos olhos estupefatos do mundo. Peço a Deus para que qualquer acontecimento desse tipo continue provocando em mim mal-estares cada vez piores. Peço a Deus para que eu jamais me acostume com uma situação dessas. Se essas coisas pararem de me causar indignação, elas terão conseguido ceifar de mim a minha humanidade. Terão me transformado num monstro. Um monstro tão vil quanto este que, infelizmente, ganhou todas as manchetes dos jornais.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-83790023370265422202011-03-29T14:59:00.000-03:002011-03-29T14:59:24.910-03:00AURORA NAVEGANTE<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-mKHtxiTlsBc/TZIdu2_8EGI/AAAAAAAAAEw/l5F6nTKJY60/s1600/NAVEGANTE.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="http://2.bp.blogspot.com/-mKHtxiTlsBc/TZIdu2_8EGI/AAAAAAAAAEw/l5F6nTKJY60/s320/NAVEGANTE.jpg" width="240" /></a></div><!--[if gte mso 9]><xml> <w:WordDocument> <w:View>Normal</w:View> <w:Zoom>0</w:Zoom> <w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone> <w:PunctuationKerning/> <w:ValidateAgainstSchemas/> <w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:Compatibility> <w:BreakWrappedTables/> <w:SnapToGridInCell/> <w:WrapTextWithPunct/> <w:UseAsianBreakRules/> <w:DontGrowAutofit/> </w:Compatibility> <w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel> </w:WordDocument> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml> <w:LatentStyles DefLockedState="false" LatentStyleCount="156"> </w:LatentStyles> </xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]> <style>
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</div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="color: black;">O rio que aflui para beijar o mar </span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="color: black;">Aponta a rota ao solitário navegante</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="color: black;">Traz o infinito que se vive num instante</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="color: black;">Até que o tudo e o nada sejam só amar</span></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="color: black;">Dias se passam, a lembrança faz-se viva</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="color: black;">E aproxima o coração de quem cativa</span></span></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="color: black;">Em cada brisa que a vela acaricia</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="color: black;">E indo avante a nau se perde no poente</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="color: black;">Sinal do dia que se finda de repente</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="color: black;">Saem as estrelas, continua a poesia</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="color: black;">Imaginando o que será do novo dia</span></span></div><div class="MsoNormal"><span style="font-size: large;"><span style="color: black;">Até que o mar se torne rio novamente</span></span></div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-82612410175475022272011-03-18T12:20:00.003-03:002011-04-14T15:20:00.729-03:00A FORÇA DO AMOR DIANTE DA FRAGILIDADE DA VIDA: UMA REFLEXÃO.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh6.googleusercontent.com/-sEyl9M5SsXs/TYN0W3ezqvI/AAAAAAAAAEs/SAzK1ooAT4A/s1600/dente_de_leao.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://lh6.googleusercontent.com/-sEyl9M5SsXs/TYN0W3ezqvI/AAAAAAAAAEs/SAzK1ooAT4A/s320/dente_de_leao.jpg" width="254" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"><a href="https://lh6.googleusercontent.com/-sEyl9M5SsXs/TYN0W3ezqvI/AAAAAAAAAEs/SAzK1ooAT4A/s1600/dente_de_leao.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><br />
</a></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></div><b><i>Com que rosto ela virá?<br />
Será que ela vai deixar eu acabar o que eu tenho que fazer?<br />
Ou será que ela vai me pegar no meio do copo de uísque?<br />
Na música que eu deixei para compor amanhã?<br />
Será que ela vai esperar eu apagar o cigarro no cinzeiro?<br />
Virá antes de eu encontrar a mulher, a mulher que me foi destinada,<br />
E que está em algum lugar me esperando<br />
Embora eu ainda não a conheça?</i></b><br />
<b><i>Vou te encontrar vestida de cetim,<br />
Pois em qualquer lugar esperas só por mim<br />
E no teu beijo provar o gosto estranho<br />
Que eu quero e não desejo,mas tenho que encontrar<br />
Vem, mas demore a chegar.<br />
Eu te detesto e amo morte, morte, morte<br />
Que talvez seja o segredo desta vida</i></b><br />
<b><i>Oh morte, tu que és tão forte,<br />
Que matas o gato, o rato e o homem.<br />
Vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar</i></b><br />
<b><i><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt;">(da canção “Canto Para Minha Morte”, de Rail Seixas e Paulo Coelho)</span></i></b><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Um terremoto no fundo do Oceano Pacífico provoca uma tsunami... poucos segundos de uma revolta tectônica ceifam milhares de vidas em apenas mais uns poucos segundos... e tudo isso ocorreu no Japão, a mais bem sucedida das simbioses entre passado e futuro compartilhando o mesmo tempo presente, a melhor das alianças socio-históricas efetuadas entre uma cultura milenar fortemente arraigada e calorosamente cultuada, e uma racionalidade científica friamente organizada e metodicamente colocada em prática. Em nossas terras, onde a carência de uma visão de futuro, e a nossa já crônica irresponsabilidade histórica dão as ordens que regem nossa caminhada, sempre aos trancos e barrancos, rumo a um futuro inalcançável, estrategicamente camufladas em fantasias de carnaval, micaretas, discussões sobre futebol e “reality shows” de TV, a tragédia com certeza adquiriria proporções ainda mais grotescas.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> O planeta Terra como um todo foi abalado, nossa Mãe Gaia jamais será a mesma. O impacto do terremoto desviou o eixo da Terra em dez centímetros. Parece pouco. Os olhos humanos, nus ou vestidos de lentes telescópicas, sequer serão capazes de notar, mas até mesmo o céu, depois desses poucos segundos de horror, também já não é mais o mesmo, os astros celestes mudaram de lugar. Mas quais serão as possíveis consequências dessa alteração para a saúde de Gaia, num futuro próximo ou mesmo distante? Todas as possíveis respostas estão ainda ostentando títulos de meras especulações, e a verdade não passa de pontencialidade, de puro poder-vir-a-ser, subsistindo apenas na mente do Criador.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Pequeno, é como me sinto. Extremamente pequeno e frágil. Um insignificante grão de poeira vagando nesse imenso deserto chamado Universo. Apesar de ser uma máquina extremamente complexa, cujo modo de funcionamento ainda não foi totalmente desvendado, mesmo milênios após o nascimento da ciência filha de Hipócrates, meu corpo não teria a menor chance de sobreviver, não fossem uma enorme gama de fatores favoráveis, reunidos em torno de Gaia, que a tornam um lar aconchegante, quase um berço, adornado pelas mais macias colchas, e balançando suavemente no espaço, embalado pela doce voz de um Deus-Pai que também é Deus-Mãe. Um acalanto: é como ouço cada som da natureza.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Abandonem-me em qualquer outro ponto do Cosmos, e em pouquíssimos instantes a vida fugiria apavorada de meu corpo, sendo este imadiatamente destroçado pelas forças mais hostis do universo, tal qual a presa sendo dilacerada por um bando de mandíbulas e dentes de uma alcateia faminta. A não ser que meu corpo estivesse hermeticamente protegido por trajes espaciais e especiais. E estes nada mais são do que subterfúgios da ciência, criados com o propósito de nos permitir carregarmos conosco, por onde quer que passemos, as mesmas condições carinhosas de nossa mãe Gaia. Só assim podemos escrutinar a Criação para além dos limites de nosso Berço Cósmico.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> A Terra é o único lugar conhecido onde seres como nós podem sobreviver. Nossa mãe, nosso lar, nosso berço ou ninho. E o que fazer quando nosso próprio berço, ao invés de acalentar um sono tranquilo, nos sacode violentamente, como se quisesse simplesmente nos arremessar para fora? Como proceder quando nossa própria mãe deixa de ser nossa protetora, para se tornar, ainda que por um breve momento, a mais cruel das madrastas de contos de fada? Talvez essa seja a razão de nossa perplexidade diante de uma tragédia de tal magnitude. A quem iremos imputar culpa, nesse caso? O homem, pelos estragos que vêm causando em nosso planeta desde quando adquiriu capacidade de raciocínio abstrato? A natureza, por agir de forma cega, num mero encadeamento de causas e efeitos? Um iminente fim do mundo, apregoado desde a mais obscura antiguidade do homem, mas que não cansa de nos pregar peças, nunca comparecendo nas datas em que ele é esperado? Demônios, forças do mal tão em voga nos discursos de nossos mais variados fundamentalismos religiosos? Ou devemos mesmo culpar a Deus, como muitos acabam fazendo, para logo depois assumir o funesto ateísmo prático ou um agnosticismo despretensioso? Na verdade, fora dos limites do campo da fé, essa é uma indagação para a qual simplesmente não existe resposta.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> E desse modo nos damos conta de como a vida é frágil. Cada uma das pessoas vitimadas pelo furor tectônico, apenas alguns minutos antes, levavam suas vidas normais, seus afazeres, sonhos e dores comuns, cotidianos. O mesmo pode ser dito dos sobreviventes. Em uma fração de tempo, milhares de existências são modificadas de forma definitiva. Alguns por terem a trajetória bruscamente interrompida, outros por se verem de repente obrigados a remodelar toda a sua percepção do mundo, sem seus bens materiais, e pior, sem seus entes queridos. Bens podem ser repostos, pessoas não. São perdas absolutamente irreparáveis nesta existência. Não há alternativa, é aceitar isso ou aceitar isso. Pode parecer cruel, mas antes de tudo é real. Cada um de nós pode, sem o saber, estar vivenciando os últimos momentos da vida. Que postura, então, devemos adotar diante de tão terrível constatação? O livro de Eclesiastes, do Velho Testamento da Bíblia, um dos textos mais sábios já escritos por mãos humanas, em seus dois últimos capítulos, nos dá uma esplendorosa lição sobre como devemos encarar a fragilidade da vida, e a virtual total falta de controle que temos sobre os processos naturais:</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="odd" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><b><i>Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás. Reparte com sete, e ainda até com oito, porque não sabes que mal haverá sobre a terra. Estando as nuvens cheias, derramam a chuva sobre a terra, e caindo a árvore para o sul, ou para o norte, no lugar em que a árvore cair ali ficará. Quem observa o vento, nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará. Assim como tu não sabes qual o caminho do vento, nem como se formam os ossos no ventre da mulher grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas. Pela manhã semeia a tua semente, e à tarde não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará, se esta, se aquela, ou se ambas serão igualmente boas. Certamente suave é a luz, e agradável é aos olhos ver o sol. Porém, se o homem viver muitos anos, e em todos eles se alegrar, também se deve lembrar dos dias das trevas, porque hão de ser muitos. Tudo quanto sucede é vaidade. Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos teus olhos; sabe, porém, que por todas estas coisas te trará Deus a juízo. Afasta, pois, a ira do teu coração, e remove da tua carne o mal, porque a adolescência e a juventude são vaidade. Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento; Antes que se escureçam o sol, e a luz, e a lua, e as estrelas, e tornem a vir as nuvens depois da chuva; No dia em que tremerem os guardas da casa, e se encurvarem os homens fortes, e cessarem os moedores, por já serem poucos, e se escurecerem os que olham pelas janelas; E as portas da rua se fecharem por causa do baixo ruído da moedura, e se levantar à voz das aves, e todas as filhas da música se abaterem. Como também quando temerem o que é alto, e houver espantos no caminho, e florescer a amendoeira, e o gafanhoto for um peso, e perecer o apetite; porque o homem se vai à sua casa eterna, e os pranteadores andarão rodeando pela praça; Antes que se rompa o cordão de prata, e se quebre o copo de ouro, e se despedace o cântaro junto à fonte, e se quebre a roda junto ao poço, E o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu. Vaidade de vaidades, diz o pregador, tudo é vaidade. </i></b></div><div class="odd" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><br />
</div><div class="odd" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Vaidade, aqui, surge de uma palavra hebraica cujo significado real é “sem utilidade prática”. Como se tudo no mundo, ao final das contas, não tivesse valor algum frente ao inevitável encontro com a morte. O sábio pregador nos brinda com algumas importantes admoestações. Os ciclos naturais de vida e de morte são inexoráveis, e seguem seu fluxo, a despeito de nossas ações ou nossos desejos. Não devemos, contudo, nos furtar de tomar atitudes frente ao aparente absurdo do existir, temos um papel a exercer na sinfonia cósmica. Possuímos o direito, e de certa forma o dever, de usufruir dos ciclos naturais, de seguir o curso dado pelo coração, timoneiro da nau que somos, ainda que à deriva no mar da vida. E novamente, nossas atitudes não importam: os ciclos naturais podem ser perenes, mas seus elementos componentes têm, todos eles, um fim inescapável, e isso nos inclui. Todos os resultados de nossas ações ao longo da vida permanecerão aqui, talvez como testemunhos, retratos do ser que realmente fomos, mas nós mesmos seremos devolvidos ao pó de onde viemos. A vida, nesse sentido, é apenas um empréstimo.</div><div class="odd" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Mas o pregador nos adverte acerca de questões mais importantes. Por detrás dessa lógica quase estóica, sorri para nós, com o mais belo sorriso de pai-mãe, o Criador de todas as coisas. Deus nos revela, através de uma Criação bela, perfeita, ainda que por vezes hostil, o único valor que realmente não é “vaidade”, que tem não apenas utilidade, mas que permanece antes, durante e depois de todos os ciclos naturais do Cosmo: o Amor. Vivamos a vida que nos couber viver, cada um de nós tem uma cruz e uma rosa a carregar ao longo da existência. E o Amor é a principal força motriz a nos fazer suportar as mazelas existenciais. O autor da primeira espístola de João afirma claramente: <b><i>“aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor”</i></b>. Deus não apenas nos ama, simplesmente, Ele na verdade é “todo-amar”. A própria Criação é um ato de amor, nossa existência é um ato de amor. Deus nos criou para manisfestar seu Amor para com algo além de Si mesmo. Para Paulo, as três grandes virtudes dadas por Cristo seriam a fé, a esperança e o amor. Mas para ele, o amor era a mais importante das três virtudes, porque para ele, fé e esperança apontam para uma confiança nas promessas de Deus de instauração de seu Reino, mas uma confiança projetada no futuro, e não mais serão necessárias quando o adentrarmos. Mas o Amor, esse continuará sendo exercido entre os seres humanos e a divindade. O Amor existe desde sempre, uma vez que Deus é Amor. O Amor se exerce ontem, hoje e para sempre.</div><div class="odd" style="margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">A tragédia no Japão nos mostrou como somos frágeis e pequeninos diante do universo. Vivamos, então, conscientes da fragilidade da vida. Passemos nosso existir usufruindo de um universo dado por Deus, sem contudo nos apegarmos a ele, posto ser nossa vida não apenas frágil, como também breve. Mas acima de tudo vivamos pela única coisa eterna que existe no mundo. Vivamos por amor. Porque por mais insignificantes que possamos ser, Aquele que é puro Amor nos ama. </div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-69425368373688747292011-03-09T15:46:00.010-03:002011-03-21T14:06:13.451-03:00Filhas do Pai, Mães do Filho, e Esposas do Espírito Santo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh5.googleusercontent.com/-gHuHsvnFrck/TXfKtKYV2xI/AAAAAAAAAEo/_ac5AMkkEdc/s1600/dia-internacional-da-mulher.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="220" src="https://lh5.googleusercontent.com/-gHuHsvnFrck/TXfKtKYV2xI/AAAAAAAAAEo/_ac5AMkkEdc/s320/dia-internacional-da-mulher.gif" width="320" /></a></div><style type="text/css">
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<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><b>A Mulher tem na face dois brilhantes</b></i></div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><b>Condutores fiéis do seu destino</b></i></div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><b>Quem não ama o sorriso feminino</b></i></div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><b>Desconhece a poesia de Cervantes</b></i></div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><b>A bravura dos grandes navegantes</b></i></div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><b>Enfrentando a procela em seu furor</b></i></div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><b>Se não fosse a Mulher, mimosa flor</b></i></div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><b>A História seria mentirosa</b></i></div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><i><b>(da canção “Mulher Nova, Bonita e Carinhosa, Faz o Homem Gemer Sem Sentir Dor”, de Zé Ramalho)</b></i></div><div align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> No último dia 08 de Março, o mundo celebrou o Dia Internacional da Mulher, um pouco ofuscado no Brasil pelo fato desse dia ter sido também a terça-feira de Carnaval. Como sabemos, o Carnaval tornou-se o maior agente de alienação do país, fazendo com que todos esqueçam completamente todas as questões importantes, todos os seus problemas e mazelas, para só pensar na folia. Alguns chegam a afirmar que no nosso país o ano só começa realmente após o Carnaval.</div><div align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> O Dia Internacional da Mulher tem suas origens na Rússia do início do século XX, quando mulheres trabalhadoras realizaram uma série de manifestações por melhores condições de trabalho, e contra a entrada da Rússia na Primeira Guerra Mundial. Essas manifestações tiveram forte influência na Revolução Russa de 1917, servindo inclusive de propaganda para os governos socialistas do que seria a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas). E apenas em 1975, a Organização das Nações Unidas (a ONU) reconheceu oficialmente a data como o Dia Internacional da Mulher.</div><div align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> Mas qual a razão de ser de termos um dia dedicado a homenagear as mulheres, especialmente se não temos uma ocasião análoga para homenagear os homens? Simples, a razão é a mesma de termos um Dia do Orgulho Gay, um Dia do Trabalhador, um Dia Mundial de Luta Contra a AIDS, um Dia da Consciência Negra, e por aí vai. São todos grupos historicamente oprimidos e marginalizados pelos grupos majoritários (não necessariamente majoritários em termos de quantidade, mas sim por serem os grupos que detêm o poder). Termos datas comemorativas para todos esses grupos historicamente marginalizados e oprimidos é tanto um resgate histórico de suas dignidades e de suas especificidades existenciais, quanto uma forma dos grupos majoritários “pedirem perdão” pelas atrocidades cometidas ao longo da História, além de ser uma forma de reconhecer a importância dos menos favorecidos. No caso das mulheres, já se tornou lugar comum falarmos dos desafios enfrentados por elas em nossa sociedade contemporânea, como menores salários para as mesmas funções no mercado de trabalho, dupla jornada de trabalho, em casa e no emprego, assédios sexuais, empregadores exigindo cirurgias de esterilização para dar emprego às mulheres, entre outras atrocidades. E esse quadro funesto não foi pintado hoje, nem ontem. Ele tem suas raízes profundamente enterradas em nossa História.</div><div align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> Ao longo das eras, a mulher sempre sofreu na carne as maiores humilhações já imaginadas pelo ser humano. Exemplos históricos não nos faltam: na Grécia antiga, uma mulher poderia ser condenada à morte, caso desse à luz apenas a meninas. O crime seria “não dar soldados para o estado” (não se sabia na época, mas o sexo dos bebês é determinado pelo cromossoma sexual do homem). Na antiga China, as mulheres de classe alta eram obrigadas a usar sapatos minúsculos, a fim de terem seus pés deformados ao ponto de dificultar o mero ato de caminhar. A justificativa: demonstrar que as mulheres viviam em famílias abastadas, nas quais elas não precisariam realizar nenhum tipo de trabalho. Mesmo porque os antigos chineses não consideravam a mulher como tendo qualquer utilidade além de procriar. Em algumas culturas islâmicas mais fundamentalistas, é comum vermos mulheres sendo submetidas a cirurgias de remoção do clitóris, para que elas não sintam nenhum prazer na relação sexual. E até hoje em dia, em tempos em que nos consideramos extremamente avançados e esclarecidos, ainda mantemos alguns resquícios desse passado de opressão. Vejamos o caso dos nomes: enquanto é solteira, uma mulher é chamada de “Senhorita X” (X sendo o sobrenome do pai). Após o casamento, ela se torna a “Senhora Y” (Y sendo o sobrenome do marido). Por trás desse aparentemente inocente costume, esconde-se uma triste e arcaica mentalidade. A mulher não pode ser dona de si mesma, não pode ter liberdade, sendo sempre propriedade de algum homem, seja ele seu pai ou seu marido. Quem é mais jovem pode não ter a menor ideia disso, e pode inclusive ficar chocado, mas no Brasil, há menos de 50 anos atrás, uma mulher casada não poderia sequer viajar sozinha sem uma autorização por escrito de seu marido. </div><div align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> Até mesmo o Cristianismo foi um grande opressor histórico das mulheres, a despeito do fato de Jesus sempre nutrir o maior respeito por elas. Baseados no relato da criação do mundo do livro bíblico de Gênesis, os homens cristãos argumentaram que a mulher era a culpada pela expulsão do ser humano do paraíso. Sua posição subalterna seria então um justo castigo de Deus por ter desobedecido às ordens divinas, e por ter levado o “inocente” homem a fazer o mesmo. Alguns teólogos chegaram a afirmar que as mulheres não possuíam alma; depois admitiram a existência de uma alma feminina, porém inferior à alma do homem, e muito se discutiu sobre se essa alma feminina poderia ou não entrar no Reino dos Céus. E assim teve início todo o histórico de sofrimentos e humilhações infringidas pelo homem sobre as mulheres na cristandade. Séculos e séculos transcorreram até a igreja reconhecer a igualdade entre homens e mulheres enquanto imagem e semelhança de Deus. Mulheres chegaram a ser mortas, sob acusações de bruxaria, apenas por conhecerem ervas medicinais, por realizarem trabalhos considerados exclusividade masculina, ou por insistir em praticar a religião de seus antepassados. E mesmo no cristianismo atual, onde muito se avançou no sentido de um resgate histórico da dignidade da mulher, ainda a vemos ser relegada a posições secundárias nas comunidades cristãs. Muito se explora a força de trabalho das mulheres em nossas igrejas, mas sempre em posições inferiores. Os cargos “de comando”, nas igrejas da atualidade, continuam tão prerrogativas masculinas, quanto o eram na Idade Média. Pouquíssimas denominações cristãs de hoje, como a Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil e a Igreja Anglicana do Brasil, exemplos raros em nosso país, ordenam mulheres ao sacerdócio.</div><div align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> Mas e Jesus? Qual era a postura do Mestre perante as mulheres? Jesus se comportou diante das mulheres da mesma forma como ele sempre se comportou diante de todos os párias sociais, de todos os grupos oprimidos e marginalizados de seu tempo. Ele demonstrou compaixão, respeito, admiração, e tentou a todo momento resgatar a dignidade da mulher, num contexto de um judaísmo que já havia há muito adotado uma postura opressora contra elas. Confrontando um Judaísmo cujos Rabinos (os líderes religiosos, os “padres” e “pastores” da época) orientavam os homens a incluir em suas orações a seguinte sentença: “bendito sejas Tu, Senhor, porque Tu não me fizeste mulher”, Jesus frequentemente colocava as mulheres em posições de destaque, tanto em seu ministério quanto em suas pregações e suas curas. Exemplos disso estão por todo lado no texto neotestamentário.</div><div align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> Apenas para começar, Jesus incluía mulheres entre seus discípulos, provocando a ira das autoridades judaicas. Algumas mulheres, inclusive, por serem provenientes de famílias ricas, patrocinavam financeiramente o ministério do Mestre. Também em relação às leis sociais dos judeus, Jesus desafiou o <i>status quo, </i>sempre em favor das mulheres. Nos tempos de Jesus, era corriqueiro os homens fazerem uso do direito ao divórcio (direito exclusivamente masculino), para abandonarem suas esposas, muitas vezes pelos motivos mais fúteis. Essas mulheres, chamadas de “repudiadas” pela sociedade, até poderiam se casar novamente, mas como eram socialmente execradas, raramente conseguiam novo marido, ficando sem amparo para sobreviver (não havia nada parecido com aposentadorias ou pensões alimentícias naquele tempo). A única saída para não morrer de fome, não raras vezes, era a prostituição. Jesus quebra esse paradigma, dando o direito ao divórcio tanto para homens quanto para mulheres, com a diferença de que o Mestre reitera que o plano ideal de Deus não inclui divórcio, e que ele só deve acontecer em casos extremos, os de adultério.</div><div align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> Falando em adultério, existia uma lei judaica que ordenava que a mulher flagrada em adultério deveria ser apedrejada até a morte. Cinicamente, nenhuma punição era prevista para os homens. Diante de uma mulher acusada exatamente de adultério, Jesus manda que qualquer um que não tivesse pecado algum atirasse a primeira pedra, que Ele mesmo tinha nas mãos estendidas para os presentes. Esse desafio fez cada um deles consultar suas próprias consciências, e assim ninguém se atreveu a atirar a pedra. Todos se afastaram silenciosamente. Essa passagem traz uma lição importante: o Mestre em momento algum nega o pecado da mulher, e sim chama a atenção para o perdão. Como nenhum de nós é isento de pecados, todos devemos ter compaixão por quem quer que peque, e a compaixão sempre exige o perdão. E após perdoar, Jesus apenas pede para que a mulher não repita seu ato. Mesmo porque da próxima vez Ele poderia não estar mais por perto para defendê-la.</div><div align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> No episódio da crucificação, enquanto os doze principais discípulos batiam em retirada amedrontados, Pedro chegando mesmo a negar até que conhecia a Jesus, quando interpelado por autoridades romanas, as mulheres permaneciam fiéis aos pés da cruz, acompanhando todo o sofrimento do Mestre. Mais um exemplo da compaixão tão ensinada por Jesus. Do céu, certamente o Pai aplaudiu aquelas heroínas. Após a ressurreição, foi para as mulheres que Jesus apareceu pela primeira vez. E ao relatar o fato aos discípulos, elas ainda foram obrigadas a ouvir, sem reclamar, um Pedro (o mesmo que negou conhecer Jesus) chamá-las de fofoqueiras, tagarelas, e de duvidar da sanidade mental delas. Graças à compaixão que elas, melhor do que ninguém, aprenderam do Mestre, elas não reagiram a esse insulto.</div><div align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> Mas o maior exemplo de valorização das mulheres está em Maria, mãe biológica de Jesus. Que me perdoem os meus irmãos católicos, mas para mim, Maria não possuía em si mesma nada de especial. Mas por intermédio dela, Deus prestou a mais belas das homenagens à mulher. Segundo o famoso autor protestante Phillip Yancey, Maria foi o primeiro ser humano a receber a Jesus como seu Salvador. Ao receber do Anjo Gabriel a notícia de que seria mãe do tão aguardado e tão incompreendido Messias, e que seria fecundada pelo poder do Espírito Santo, Maria diz simplesmente: <b>“Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo tua palavra” (Lc 1:38)</b>, e imediatamente ela entoa um dos textos mais belos de toda a Bíblia, conhecido como o “Magnificat”, ou “O Cântico de Maria”. Maria acompanhou Jesus por toda sua vida, ainda que por vezes não fosse capaz de crer, como todos os outros membros da família do Mestre, e era uma das mulheres velando Jesus aos pés da cruz. No evangelho de João, Jesus pede ao suposto autor do evangelho que cuide de sua mãe. Nesse gesto simbólico, é como se Jesus pedisse a todos nós, homens, para que cuidemos e tratemos com carinho de toda mulher, como se cada uma delas fosse nossa própria mãe.</div><div align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> Outra coisa me impressiona no caso de Maria. Como Jesus é o Verbo de Deus feito carne, como compartilha da substância da divindade, Ele poderia se tornar homem da forma como bem entendesse. Jesus poderia ter nascido de uma folha de alface, e ainda assim seria Deus feito homem, não mudaria nada (até ajudaria, porque seria um nascimento para lá de sobrenatural). Jesus, porém, preferiu nascer carne humana vindo da carne humana. Mas reparem bem: Ele abriu mão de nascer de um pai, mas não de uma mãe! Não quero discutir aqui os aspectos científicos da (im)possibilidade de Jesus ter nascido de uma virgem, nem o fato de que a encarnação de um deus a partir de uma virgem tem paralelos em outros contextos religiosos, como no caso do Mitraísmo. Quero aqui enfatizar que o Deus-homem nasceu de uma mulher para resgatar a dignidade perdida quando do evento do Gênesis. Se o homem culpa a mulher pela perda do paraíso, Deus a dignifica fazendo dela nascer o Salvador que nos dará o Céu. Deus havia feito essa promessa no próprio Gênesis, mas perece que até hoje nós ainda não entendemos bem isso.</div><div align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> Em Maria, todo o propósito de Deus para as mulheres foi cumprido. Maria é a prova histórica e teológica de que só a mulher pode ser ao mesmo tempo <b>“Filha do Pai, Mãe do Filho e Esposa do Espírito Santo”</b>. Talvez os séculos de opressão, discriminação e humilhação que a mulher vem sofrendo nos contextos cristãos tenham como causa uma inveja que nós, homens, temos desse privilégio feminino.</div><div align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"> Parabéns a todas as mulheres. Não pela sua data festiva, mas por cada dia em que vocês se mostram verdadeiras heroínas da fé, mesmo em momentos em que não parece haver nada em que se acreditar. Todas vocês são filhas do Pai, mães do Filho e esposas do Espírito Santo. Vocês são a personificação do perdão e da compaixão que constituíram os dois grandes mandamentos de Cristo. Vocês são o coração de Deus irradiando Amor no mundo.</div><div align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"></div><div align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" style="font-style: normal; font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;"></div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-74641374751617896972011-03-05T18:55:00.000-03:002011-03-05T18:55:56.977-03:00Você é evangélico? Faça o Teste.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://lh6.googleusercontent.com/-Qy8DqpP3LWw/TXKvpRvq4nI/AAAAAAAAAEk/p9XVoD0bWsk/s1600/sem+t%25C3%25ADtulo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://lh6.googleusercontent.com/-Qy8DqpP3LWw/TXKvpRvq4nI/AAAAAAAAAEk/p9XVoD0bWsk/s320/sem+t%25C3%25ADtulo.jpg" width="298" /></a></div><br />
<style type="text/css">
p { margin-bottom: 0.21cm; }
</style> <br />
<i><b>Tá vendo aquela igreja moço?<br />
Onde o padre diz amém<br />
Pus o sino e o badalo<br />
Enchi minha mão de calo<br />
Lá eu trabalhei também<br />
Lá sim valeu a pena<br />
Tem quermesse, tem novena<br />
E o padre me deixa entrar<br />
Foi lá que cristo me disse<br />
Rapaz deixe de tolice<br />
Não se deixe amedrontar</b></i><br />
<i><b>Fui eu quem criou a terra<br />
Enchi o rio fiz a serra<br />
Não deixei nada faltar<br />
Hoje o homem criou asas<br />
E na maioria das casas<br />
Eu também não posso entrar</b></i><br />
<i><b>Fui eu quem criou a terra<br />
Enchi o rio fiz a serra<br />
Não deixei nada faltar</b></i><br />
<i><b>Hoje o homem criou asas<br />
E na maioria das casas<br />
Eu também não posso entrar</b></i><br />
<div style="margin-bottom: 0cm;"><i><b>(da canção “Cidadão”, de Lúcio Barbosa)</b></i></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><i><b> </b></i>Pela segunda vez desde que fundei o blog, vou postar um texto que não é de minha autoria. Trata-se de um texto escrito por Bento Souto, e postado na comunidade "Crer Também é Pensar", do Orkut. Belíssimo texto, e o publico aqui com autorização do autor, conforme ele mesmo postou. Só peço aos meus leitores para, todas as vezes em que ele utilizar a expressão "evangélico", leiam como se estivesse escrito "cristão". Mas eis o Texto:</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><br />
<h3 class="smller">VOCÊ É EVANGÉLICO? FAÇA O TESTE!</h3><div class="para"> Muitos se ofendem com críticas feitas ao Evangélicos, pois se consideram como tais. Porém, pergunto, para que alguém seja considerado Evangélico, basta que essa pessoa diga: "eu sou"? Não há nenhum teste que a própria pessoa possa fazer para saber se ela é Evangélica ou não?<br />
<br />
Foi com o intuito de responder essa questão que eu criei esse teste de uma só pergunta. Sim, uma só pergunta. Aqui está ela:<br />
<br />
Você diria a alguém que quisesse saber onde poderia aprender mais sobre Jesus para que esse alguém procurasse a Igreja Evangélica mais próxima?<br />
<br />
Se a sua resposta for SIM, você pode se considerar Evangélico.<br />
<br />
Se a sua for NÃO, você não pode se considerar Evangélico.<br />
<br />
Simples, não?<br />
<br />
Não concorda com a conclusão do teste?<br />
<br />
Você acha que pode se considerar Evangélico e não recomendar a Igreja Evangélica mais próxima?<br />
<br />
Então, saiba, você não é mais Evangélico e nem sabe ainda.<br />
<br />
Sabe por que eu digo isso?<br />
<br />
Porque eu já fui Evangélico. Eu fui Evangélico no tempo em que a gente pregava nas ruas, praças, feiras, rádios, etc., e dizia para aqueles que quisessem aprender mais sobre Jesus para que procurassem a Igreja Evangélica mais próxima de suas casas.<br />
<br />
Hoje, eu não faço mais isso de jeito nenhum.<br />
<br />
Eu mudei?<br />
<br />
Não, eu continuo crendo em quase tudo que cria naquela época.<br />
<br />
E o que mudou para que eu diga que não sou mais Evangélico?<br />
<br />
Mudaram os Evangélicos. E, mudaram para uma direção que eu não tenho a menor vontade de seguir.<br />
<br />
Antes, ser Evangélico era crer que Jesus veio para servir e não para ser servido -- e que, portanto, nós devíamos seguir o exemplo dEle. Hoje, ser Evangélico é crer que Jesus faz com que os Ímpios (os não-evangélicos) nos sirvam, pois, segundo os Evangélicos atuais, nós nascemos para ser cabeça e não cauda.<br />
<br />
Antes, ser Evangélico era crer no Deus dos homens. Hoje, é crer nos "homens de Deus". </div><div class="para"> </div><div class="para">Antes, ser Evangélico era crer que a vida do homem não consiste na abundância dos bens que possui. Hoje, quem não possui bens está em pecado ou tem maldição sobre a vida.<br />
<br />
Antes, ser Evangélico era estar coberto pelo sangue de Jesus. Hoje, é estar coberto pela pretensa autoridade espiritual de outro homem.<br />
<br />
Antes, ser Evangélico era crer que nós éramos o templo que Deus habitava. Hoje, é crer que Deus vai habitar os templos suntuosos, de ferro e concreto, que estão sendo construídos supostamente para a "glória de Deus".<br />
<br />
A lista de diferenças entre o que era e o que é ser Evangélico é imensa. No entanto, se você quiser saber que tipo de Evangélico eu era e qual era o meio em que vivia, leia o texto que escrevi sobre EDILSON BRAGA em <a href="http://www.orkut.com.br/Interstitial?u=http://blogdobento.blogspot.com/2011/03/edilson-braga-o-louco-de-deus.html&t=AMe-h-7hDe0YW_ONcV_pkYH1Tr2Ky-SlJBVF6BHPOhTLLepkcou6qJpV89btnA5JBcIcq4CgFTjFWubyjMexdr4Egu0z4qwcLwAAAAAAAAAA" target="_blank">http://blogdobento.blogspot.com/2011/03/<wbr></wbr>edilson-braga-o-louco-de-deus.html</a><br />
<br />
Mesmo depois de tudo que você leu até aqui, ainda assim você acha que o meu critério de seleção para quem é e quem não é Evangélico não retrata a realidade? Então, a prova é simples. Faça o mesmo teste com um Católico Romano. Pergunte se ele indica a igreja mais próxima da casa dele para quem quiser saber mais sobre Jesus.<br />
<br />
<br />
Abcs Bento Souto<br />
<br />
P.S. Não precisa nem pedir autorização. Quem quiser pode reproduzir esse texto onde achar que deve. </div><br />
<div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-80061873359862617942011-02-25T19:01:00.008-03:002011-03-21T14:29:57.955-03:00JUSTIÇA FEITA. O QUE SEMPRE FOI LEGITIMO AGORA TAMBEM E LEGAL.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-ZqcWuoRw3hk/TWglKPDzjoI/AAAAAAAAAEg/GCMB7rk-LgY/s1600/flamengo1987ke6.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="244" src="http://2.bp.blogspot.com/-ZqcWuoRw3hk/TWglKPDzjoI/AAAAAAAAAEg/GCMB7rk-LgY/s320/flamengo1987ke6.jpg" width="320" /></a></div><br />
<i><b>"Uma vez Flamengo, sempre Flamengo"</b></i><br />
<i><b>"E o meu maior prazer vê-lo brilhar"</b></i><br />
<i><b>"Uma vez Flamengo, Flamengo até morrer"</b></i><br />
<i><b>"Eu teria um desgosto profundo, se faltasse o Flamengo no mundo!"</b></i><br />
<i><b>(Trechos do Hino Oficial do Flamengo)</b></i><br />
<br />
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p { margin-bottom: 0.21cm; }
</style> <br />
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Na última semana, teve um provável fim a maior polêmica da história do futebol brasileiro. Depois de 24 anos, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol, órgão máximo do futebol em nosso país) finalmente reconheceu o Clube de Regatas do Flamengo como Campeão Brasileiro de 1987. Não quero ainda entrar no mérito dos aspectos históricos dessa polêmica, nem no fato da motivação da CBF para esse gesto ter sido meramente política (ninguém em sã consciência vai achar que a CBF “viu a luz”, se converteu e resolveu fazer justiça). Quero me ater por enquanto apenas ao fato de que essa discussão, apesar de aparentemente só envolver o futebol e todo o circo criado em torno dele, na verdade nos remete a um reflexão filosófica muito maior, que é aquela da diferença entre a LEGALIDADE e a LEGITIMIDADE. Essas palavras parecem significar a mesma coisa, mas os aspetos sutis de cada uma delas revelam uma diferença semântica abismal. Quando as pessoas ou a imprensa discutiam se o Flamengo era hexa ou penta-campeão brasileiro, sem saber, estavam argumentando de maneira a questionar não a legalidade do título, mas sim sua legitimidade. Para quase todos os que negavam a legitimidade do hexa rubro-negro, o argumento era simples: só vale o que é legal. Quem estabelece a legalidade no futebol brasileiro é a CBF. E se a CBF não reconhecia a legalidade do título de 1987, então o Flamengo não seria o campeão. Os defensores do hexa, por seu turno, questionavam a lisura do processo que levou ao não reconhecimento do título rubro-negro, uma vez que o cruzamento entre os clubes dos dois módulos não estava previsto no regulamento da competição, sendo proposto já com ela em andamento. O Flamengo então, estaria sendo “punido” por ter cumprido a lei, e por ter se negado a ser conivente com um golpe. Assim, por mais que a situação do Flamengo fosse “legal”, no sentido da lei não o reconhecer como campeão, a lei em si não possuiria legitimidade, por se calcar sobre uma manobra ilegítima. E assim o Flamengo seria o legítimo campeão.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Inicialmente, pensemos no aspecto comum entre os dois conceitos. Ambos estão embasados em um mesmo alicerce filosófico: a autoridade. Mas já aqui surge uma grande diferença entre a legalidade e a legitimidade. Elas não têm necessariamente o mesmo referencial de autoridade. A legalidade, por exemplo, faz referência àquilo que é “legal”, ou seja, àquilo que está em conformidade com a lei. Mas como alguma coisa é elevada ao status de lei? Quem, afinal de contas, decide o que será e o que não será lei? Segundo Foucault, nossa sociedade opera a partir de mecanismos de poder, vigilância, controle e punição. Esses são os fatores reguladores do comportamento humano em nossas sociedades “civilizadas”. A justificativa é clara, e aparentemente justa: sem esses mecanismos, viveríamos uma espécie de barbárie, e retornaríamos a um modus vivendi semelhante ao do mundo selvagem, regido pela Lei da Seleção Natural, descrita por Darwin, na qual a competição entre os indivíduos garantiria a sobrevivência apenas dos mais aptos. Obviamente isso feriria nosso conceito já atávico de dignidade individual da pessoa humana (Nietzsche em nível teórico, e o capitalismo e os políticos em nível prático, rompem com essa lógica, mas isso é assunto para um estudo à parte). Nossa diferença em relação aos seres selvagens seria exatamente o fato de postularmos regras de comportamento, que nos protegem a cada um, individual e coletivamente, e às quais todos devemos nos submeter. Essas regras estabelecem direitos e deveres para cada indivíduo, e se todos cumprirem à risca as regras, a sociedade como um todo funcionará a contento. Aqui entram os mecanismos foucaultianos. Os de vigilância e controle para todos os indivíduos, e os de punição apenas para aqueles que não cumprem as regras legais socialmente estabelecidas.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Mas como a legalidade é determinada? Ela é elaborada e mantida por aqueles que exercem o poder, e aqui começa o problema: nem sempre os indivíduos que exercem o poder o fazem com a aprovação de todos, visando os interesses e o bem comuns. O poder pode ser exercido de duas maneiras. Uma delas seria a partir de um consenso da maioria (todos reconhecem a autoridade de quem está no poder, como no caso de nossas eleições). Mas muitas vezes quem exerce o poder o faz por meio da simples força; a história do mundo está repleta de ditaduras e outros sistemas opressores, sendo muitas vezes odiados por uma maioria obrigada a se manter silenciosa, sob pena de sofrerem severas punições. Mas mesmo assim esses indivíduos exercem o poder. Seus decretos são tecnicamente “legais”, ou seja, possuem o status de lei, por mais injustos, vis e cruéis que possam vir a ser. A execução de judeus e outros grupos étnicos na Alemanha dos tempos da Segunda Guerra Mundial, levada a cabo por Hitler, era “legal”, ou seja, estava na lei. Mas podemos considerar essas atrocidades como legítimas?</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Em uma sociedade ideal, tudo o que é legal é legítimo, e vice-versa. Mas o mundo real é bastante diferente. A legitimidade se baseia em outro princípio de autoridade, que é o também atávico conceito de justiça. Segundo Kant, o ser humano possui uma espécie de conhecimento inato do certo e do errado, e para ele esse é o único argumento filosófico válido para demonstrar a existência de Deus. Para Kant, o homem não seria capaz, por si só, de elaborar esses conceitos. E mesmo o mais injusto dos homens tem consciência deles. Por mais perverso que possa ser, ele percebe estar agindo de forma “errada”, quando assim o faz. A ideia de Kant não era de que a justiça fosse algo inerente ao homem, mas sim o conhecimento do que é justo. No contexto cristão, essa lógica se revela na teologia do Pecado Original, que teria feito com que o homem deixasse de ter condições de agir com justiça, mesmo sem perder o conhecimento do que era e do que não era justo, e só a salvação de Cristo poderia libertar o homem dessa situação. Mas mesmo se não formos cristãos, ou se o formos, mas não aceitarmos a ideia do pecado original (como é o meu caso), não podemos negar: mesmo o mais torpe dos homens conhece os conceitos de amor, bondade, justiça etc. Essa então seria a base do conceito de legitimidade. Uma coisa é tão mais legítima quanto mais ela se aproximar desses valores, independente de estar ou não em conformidade com a lei vigente.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Em 1987, o Flamengo, juntamente com o Internacional de Porto Alegre, clube vice-campeão da Copa União (que seria o legal e legítimo campeonato brasileiro do ano, uma vez que a CBF se declarou sem condições de organizar o campeonato brasileiro naquela época, repassando essa tarefa aos clubes) se recusou a ser conivente com um golpe, que transformaria a Copa União em apenas um módulo do campeonato brasileiro, sendo o outro módulo formado pelo campeonato organizado pela própria CBF. A CBF só começou a organizar sua própria competição porque percebeu que o contrato firmado pelos clubes que disputavam a Copa União com a emissora de TV que comprou os direitos de transmissão dos jogos era altamente rentável, e assim ela propôs um cruzamento entre o campeão e o vice de cada módulo (e não apenas o campeão, como querem nos fazer acreditar alguns hipócritas que apelavam para a legalidade a fim de negar o título do Flamengo, e agora rejeitam essa mesma legalidade para continuar negando). Essa proposta não tinha a menor legitimidade pela seguinte razão: ela foi apresentada já com a Copa União em andamento, ou seja, TENTARAM MUDAR AS REGRAS DO JOGO DEPOIS DELE JA TER COMEÇADO. O Clube do 13, formado pelos clubes que organizaram a Copa União, se recusou a acatar essa barbaridade, e decidiu que esse cruzamento de equipes não aconteceria. Para o Clube dos 13, o campeão da Copa União seria o legítimo Campeão Brasileiro de 1987. O Flamengo, como membro do clube, HONROU SEU COMPROMISSO, e pagou com isso o preço de não ter seu título reconhecido por mais de duas décadas. A CBF, cheia de legalidade e totalmente vazia de legitimidade, manteve o “golpe de estado” que ela mesma propôs, e decretou o campeão de seu campeonato como o campeão brasileiro, mesmo tendo antes dito que seria o campeão da Copa União. A CBF, que por essas e outras “peripécias” foi ganhando, ao longo dos anos, o status de uma das instituições mais desacreditadas desse país, agora tenta recuperar prestígio, e com isso ganhar força política.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Tardiamente, mas antes tarde do que nunca, a justiça finalmente foi feita. Não importa com que motivação, a CBF reconheceu o Flamengo como Campeão Brasileiro de 1987, para o amargor daqueles que sabem tudo de legalidade e nada de legitimidade, e mesmo assim só apelam para a legalidade quando lhes convêm. O Flamengo sempre foi o campeão de FATO (legitimidade). E agora ele o é de DIREITO (legalidade).</div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-45311000003974334182011-02-17T19:21:00.010-02:002011-02-24T14:38:58.572-03:00O CEU DE ICARO NAO TEM MAIS POESIA QUE O DE GALILEU<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/-b1L39OS7WoE/TV2PuMidXEI/AAAAAAAAAEE/e4VwEvu5jm4/s1600/3253690667_2a5926f1a1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/-b1L39OS7WoE/TV2PuMidXEI/AAAAAAAAAEE/e4VwEvu5jm4/s320/3253690667_2a5926f1a1.jpg" width="320" /></a></div><br />
<i><b>Tendo a Lua aquela gravidade aonde o homem flutua</b></i><br />
<i><b>Merecia a visita, não de militares</b></i><br />
<i><b>Mas de bailarinos</b></i><br />
<i><b>E de você e eu</b></i><br />
<i><b>(da canção "Tendo a Lua", gravada pelos Paralamas do Sucesso)</b></i><br />
<br />
<i><b>Vem sentir o poder, vem conhecer o segredo</b></i><br />
<i><b>De quem te projetou com amor</b></i><br />
<i><b>Corpo, alma e espírito</b></i><br />
<i><b>Elo de vida com o Criador</b></i><br />
<i><b>Você é fruto do sonho de Deus</b></i><br />
<i><b>(da canção "Gênesis", gravada pelo grupo Katsbarnea) </b></i> <br />
<style type="text/css">
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</style> <br />
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Há poucos dias atrás, comecei a pôr em prática um antigo projeto de infância. Como não tenho mais as “despesas operacionais” de um antigo empreendimento fadado ao fracasso, resolvi investir num novo hobby: a Astronomia Amadora. Depois de muito pesquisar na internet e em livros, e de me ver totalmente confuso com a miríade de modelos, marcas e preços dos telescópios disponíveis no mercado, bem como as diferentes opiniões dos astrônomos amadores sobre os mesmos, decidi começar seguindo o único conselho unânime entre os praticantes de astronomia amadora: comprei um bom binóculo.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> É incrível o quanto se pode ter de experiência em astronomia amadora com um simples e bom binóculo. Munido dele, de um tripé para evitar as inevitáveis tremulações das mãos, dado o peso, e do Stellarium, tido como o melhor programa de mapas astronômicos que existe, bonito e fácil de usar, com inúmeros recursos, além de ser gratuito, e de ter versões para Microsoft Windows, Linux e Mac Os X, lá fui eu esquadrinhar o céu, imbuído de absolutamente nenhum espírito científico. Minha intenção era tão somente descobrir o quanto o céu é belo. Em pouco mais de uma semana, e após adquirir prática com o manuseio do equipamento, consegui vislumbrar diversos aspectos da topografia da Lua, a Grande Nebulosa de Órion, bem como Júpiter e suas quatro maiores luas (Io, Ganímedes, Calixto e Europa, também conhecidas como “luas galileanas”, por terem sido descobertas por Galileu Galilei). Além disso, o binóculo revelou uma quantidade de estrelas muito maior do que aquelas visíveis a olho nu.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-rGtL2QtpJZI/TV2QqBXvqeI/AAAAAAAAAEI/nEPkgD5XQEs/s1600/lua_pedreira240704.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://3.bp.blogspot.com/-rGtL2QtpJZI/TV2QqBXvqeI/AAAAAAAAAEI/nEPkgD5XQEs/s320/lua_pedreira240704.jpg" width="320" /></a></div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Da Lua pude vislumbrar crateras, crateras raiadas (saem delas formações parecidas com ranhuras), alguns dos maiores montes, e alguns mares. Os mares lunares são, na verdade, planícies de coloração mais escura do que o restante do solo, e ganharam esse nome porque os antigos acreditavam serem eles mares de verdade, com água em estado líquido. Hoje se sabe que existe apenas gelo nos pólos da Lua. </div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-eTEG02eZguk/TV2Q4VLvwwI/AAAAAAAAAEM/l2wOSMUZBBg/s1600/NebulosaOrion.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="220" src="http://4.bp.blogspot.com/-eTEG02eZguk/TV2Q4VLvwwI/AAAAAAAAAEM/l2wOSMUZBBg/s320/NebulosaOrion.jpg" width="320" /></a></div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">Nebulosas são grandes nuvens de poeira, hidrogênio e plasma, de cores e formas variadas, absolutamente espetaculares. Todavia, suas cores só são visíveis através de telescópios mais potentes. Pelo binóculo pude vislumbrar apenas algo como uma nuvem ou uma fumaça esbranquiçada, aparentemente mais distante do que as estrelas. A Grande Nebulosa de Órion está situada “acima” das famosas “Três Marias”, as três estrelas praticamente alinhadas, no centro da constelação de Órion.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;"><br />
</div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/-FED7nEsMRak/TV2RDo66W4I/AAAAAAAAAEQ/19KAy58fYNo/s1600/J%25C3%25BApiter%2521.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="313" src="http://1.bp.blogspot.com/-FED7nEsMRak/TV2RDo66W4I/AAAAAAAAAEQ/19KAy58fYNo/s320/J%25C3%25BApiter%2521.jpg" width="320" /></a></div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">Já Júpiter distingue-se de uma estrela pelo fato destas terem sempre o aspecto de estrela, seja a olho nu, seja pelo binóculo (algumas estrelas, pelo binóculo, se mostram da verdade um par delas, constituindo sistemas solares binários, e existem até sistemas ternários, mas esses eu ainda não pude ver). Júpiter, por seu turno, aparece nas lentes do binóculo como uma bolinha alaranjada, de contornos definidos, com quatro pequenas luzes à sua volta, exatamente as quatro luas galileanas. Sempre me intrigou o fato de Galileu Galilei ter conseguido identificar quatro luas em Júpiter utilizando apenas uma luneta rudimentar. E qual não foi minha surpresa ao me ver fazendo o mesmo, e até com certa facilidade. No início, eu interpretei os quatro pontinhos luminosos como algum fenômeno ótico afetando o bom funcionamento das lentes. Mas logo depois percebi que eles mudavam de posição a cada observação (costumo fazer uma por noite, sempre que as condições metereológicas assim o permitem). Consultando a internet, confirmei serem os pontinhos as quatro luas galileanas de Júpiter. E como a cada dia elas estão em posições diferentes, e tendo em vista o tamanho do planeta, concluí que a velocidade das luas deveria ser vertiginosa. Pesquisando novamente na internet, descobri que Io, por exemplo, viaja a 17,33 km/s. Como um dia na Terra possui 86400 segundos, isso significa um percurso de 1.497.312 quilômetros a cada dia. Não espanta o fato das luas de Júpiter parecerem dançar.<br />
<br />
<div style="text-align: center;"><a href="http://4.bp.blogspot.com/-hVfPdzcibX0/TV2S6mPrhvI/AAAAAAAAAEU/zU8TBlrzFPc/s1600/alquimia.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://4.bp.blogspot.com/-hVfPdzcibX0/TV2S6mPrhvI/AAAAAAAAAEU/zU8TBlrzFPc/s320/alquimia.JPG" width="320" /></a></div><br />
Apesar da aparente cientificidade de minhas palavras, meu olhar de astrônomo amador não tem quase nada de científico. Tampouco estou muito interessado no céu dos poetas, apesar de ser inclinado à poesia, e de volta e meia declinar minha vida em versos não tão belos quanto a motivação para escrevê-los. Meu olhar para o céu é de uma reverência quase religiosa. Na beleza desses corpos celestes, bem como em outros detalhes do Universo, transcreve-se a Sabedoria e o Amor de Deus. A Criação proclama aos quatro ventos a existência do Criador.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">Vivemos em um planeta Terra absolutamente aconchegante e acolhedor. Nossa mãe Gaia reuniu, ao longo de alguns poucos bilhões de anos, todas as condições necessárias para o desenvolvimento da vida, desde o mais simples organismo unicelular, até seres capazes de amar e odiar, de orar a Deus e fazer guerra, de fazer ciência, cantar canções, e de se indagar acerca do sentido e do destino de sua própria existência. Mas isso só foi possível graças a um conjunto enorme de fatores reunidos. Bastaria que faltasse qualquer um desses fatores, um único deles, para que a vida na Terra se tornasse inviável.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">Praticar astronomia amadora me coloca frente a frente, e de uma maneira única, com alguns desses fatores que possibilitaram o desenvolvimento da vida na Terra. Vejamos a Lua: uma imensa rocha fria e sem vida, com um terço do tamanho de nosso planeta, fruto da colisão da jovem Terra com outro planeta, no início da história do Sistema Solar. Linda, apesar da desolação de sua paisagem, ela reflete em tons prata a luz recebida do Sol, iluminando nossas noites, e inspirando os poetas e casais de namorados. À Lua são dedicados os mais melodiosos uivos dos cães e lobos, e os mais brilhantes delírios dos loucos. Mas o que realmente a Lua representa para nós? Cientificamente, sabemos que ela, através de sua ação gravitacional sobre a Terra, atua como uma espécie de prumo, garantindo a estabilidade dos movimentos de rotação (ao redor de si mesma) e de translação (ao redor do Sol) da própria Terra. Sem a Lua, nosso planeta bailaria desgovernado pelo espaço, podendo colidir-se com outro corpo celeste, ou mesmo perder-se para fora das fronteiras de nosso sistema solar, impossibilitando o surgimento de toda e qualquer forma de vida. Isso também aconteceria hoje, se a Lua fosse destruída de uma hora para outra. Seria um espetáculo único, mas aniquilaria toda a vida na Terra. Não sobraria nenhuma testemunha para lembrar o fato.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">Júpiter, aquela pequena bolinha amarela com quatro minúsculos pontinhos luminosos dançando ao seu redor, é na verdade um gigante gasoso, o maior planeta de nosso sistema solar. Composto principalmente de hidrogênio e hélio em forma gasosa (sequer sabemos se ele possui um núcleo sólido) a massa de Júpiter é cerca de 2,5 vezes maior do que a soma da massa de todos os outros planetas do Sistema Solar. Com isso, sua força gravitacional é imensa, fazendo com que ele atraia para si todos os corpos celestes menores que passam próximo de seu campo gravitacional. Acredita-se que a maioria das dezenas de luas de Júpiter sejam asteróides capturados pela força de seu campo gravitacional. Os meteoros que compõem seus anéis (sim, foi descoberto recentemente que Júpiter também possui anéis, porém não tão vistosos quanto os de Saturno) são, com certeza, capturados de fora. Assim, sem a proteção de Júpiter, a Terra seria até hoje bombardeada por meteoros, tal como o foi nos primeiros momentos de sua vida. Isso fatalmente também faria impossível o surgimento da vida.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">As nebulosas não nos protegem contra nenhum perigo, mas elas são distantes restos da Grande Explosão (o famoso Big Bang) lançados no espaço, como a poeira da implosão de um prédio. Segundo a ciência, a grande explosão transformou a massa de densidade infinita, que inicialmente compunha o cosmo, no universo tal como o conhecemos hoje. Essa explosão que criou o universo precisou de uma causa exterior ao próprio universo para poder acontecer, do contrário o equilíbrio do sistema não seria abalado, e nada ocorreria. Eu chamo essa causa exterior de Deus, e Albert Einstein certamente concordaria comigo. “Deus não joga dados com o universo”, dizia sempre ele. As nebulosas, então, seriam o eco do FIAT divino. Seriam os escombros da explosão provocada pela voz de Deus, que “no princípio criou os céus e a terra” (Gn 1:1).</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">Simplesmente extasiado. É como me sinto podendo admirar, através de um simples binóculo, algo dessas maravilhas criadas por Deus, seja para me proteger e tornar minha existência possível, seja para me servir de testemunha de que um dia Deus sonhou comigo, e planejou não apenas meu nascimento, mas também a minha casa, provendo com seu Amor e com seu Poder tudo o que fosse necessário para que eu viesse à luz. Todos os ingredientes necessários para a vida foram cuidadosamente colocados lá, no lugar certo, na hora certa, para que um dia pudéssemos existir e dizer: “obrigado, Senhor”. Cada vez que contemplo a Lua, vejo não apenas uma beleza apaixonante, mas um carinho e uma proteção de mãe, sempre mantendo seu filho num caminho reto, livre de perigos, nunca deixando ele se perder de seu campo visual. Minha vontade ao olhar a Lua é sempre dizer: “agradeço a Deus pela sua existência. Sem você eu não estaria aqui”. Júpiter é um guarda-costas, ou um irmão mais velho, sempre alerta para nos defender de assaltantes e agressores, mantendo-os longe, seguros pelos seus braços fortes, e as nebulosas nos lembram de um Deus que um dia nos planejou, e projetou de forma minuciosa a nossa morada. É um louvor a Deus contemplar a perfeição de sua Criação, como sugere o apóstolo Paulo em Rm 1:20.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">Os corpos celestes são objetos de interesse científico, e ao mesmo tempo inspiram a mais bela das poesias. E a ciência com poesia tem o poder de nos aproximar de Deus. Basta olhar com os olhos certos.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;"><br />
</div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-69124430110442816712011-02-12T12:30:00.004-02:002011-02-14T09:12:42.514-02:00ESCOLAS DE SAMBA, DE VIDA E MORTE SEVERINAS.<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/-fdiAIVB9OaU/TVaY2tVtTrI/AAAAAAAAAEA/5rRpDecsROA/s1600/quadrosamba.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="232" src="http://3.bp.blogspot.com/-fdiAIVB9OaU/TVaY2tVtTrI/AAAAAAAAAEA/5rRpDecsROA/s320/quadrosamba.jpg" width="320" /></a></div><br />
<style type="text/css">
p { margin-bottom: 0.21cm; }
</style> <br />
<div style="margin-bottom: 0cm;"><i><b>Não deixe o samba morrer<br />
Não deixe o samba acabar<br />
O morro foi feito de samba<br />
De Samba, prá gente sambar</b></i></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><i><b>(da canção “Não Deixe o Samba Morrer”, de Edson Conceição e Aloísio)</b></i></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Infelizmente, o morro há muito tempo já não é mais feito de samba, e o samba não é mais para a gente sambar. Após um intenso processo de “pasteurização cultural”, o samba deixou de ser a manifestação por excelência da cultura afro-brasileira, para se transformar em mero mecanismo de entretenimento para consumo rápido, feito quase sempre para (e muitas vezes por) brancos de classe alta e média alta. </div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">No início da semana, assistimos, pelos noticiários, a um incêndio na Cidade do Samba, na Zona Portuária do Rio de Janeiro, onde ficam os barracões das Escolas de Samba. Nos barracões são confeccionados e armazenados os carros alegóricos e as fantasias que serão usados nos desfiles. Quatro barracões foram atingidos, a menos de um mês do Carnaval, prejudicando irremediavelmente o desfile dessas escolas. Mesmo se houvesse dinheiro suficiente, já não há mais tempo hábil para recuperar os estragos. A LIESA (Liga Independente das Escolas de Samba, também conhecida como QGJB – Quartel General do Jogo do Bicho) decidiu que não haverá descenso para o segundo grupo.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Quando de seu nascimento, as Escolas de Samba eram exatamente o que o nome delas sugeria: um local destinado ao aprendizado do samba. Nelas, as pessoas aprendiam a tocar, e principalmente a dançar. Posteriormente, as escolas começaram a organizar desfiles, visando mostrar ao mundo o talento de seus “alunos”. Não demorou muito para surgirem as competições para decidir qual a melhor escola. Inicialmente, cada pessoa que desfilava era responsável por confeccionar sua própria fantasia, mas estas, juntamente com as alegorias, passaram a ser padronizadas, a fim de se adequarem aos enredos. Os enredos seriam temas apresentados pelas Escolas de Samba durante o desfile, e tanto as fantasias e alegorias, quanto a letra do samba, deveriam estar relacionados com ele. Com o tempo, os temas dos enredos foram ficando cada vez mais herméticos, obscuros e ininteligíveis, absolutamente incompreensíveis para o morador dos morros onde se situam as escolas, e até mesmo para o grande público. Esse foi o início da elitização do desfile das Escolas de Samba, hoje totalmente pensado para o turista estrangeiro. Depois disso, muito dinheiro foi entrando, notadamente da contravenção penal, tornando hoje o desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro um grande circo (entendam circo, aqui, em seu pior sentido), chamado por muitos de “o maior espetáculo da Terra”. Bom, quem disse isso certamente nunca viu uma Aurora Austral. Mas mesmo assim, o evento é transmitido para os quatro cantos do mundo, sendo o principal chamariz do turismo no Rio de Janeiro.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O universo das Escolas de Samba é palco de uma das maiores contradições humanas, deflagrando extremos opostos ocupando o mesmo espaço físico e social. De um lado temos o morador do morro (quase todas as Escolas de Samba do Rio de Janeiro estão localizadas em um morro). Morador de favela, de condição humilde, explorado pelo sistema, trabalha muito por baixíssimos salários, quando não luta contra o desemprego, além de ter de conviver diuturnamente com a violência endêmica do Rio de Janeiro. E ao longo do ano, esse sonhador doa seu sangue e sua alma para a Escola de Samba de sua comunidade, trabalhando arduamente na confecção, armazenamento e transporte das alegorias e fantasias. Tudo isso em nome de seus “quinze minutos de fama” (Andy Warhol dizia que todo ser humano deveria ter direito aos seus, mas no caso do morador do morro isso é quase literal). Por um período que varia entre dez e quinze minutos, o anônimo da favela tem seu momento de rei, quando ele atravessa o “palco iluminado” da Avenida Marquês de Sapucaí, exibindo uma pomposa e colorida fantasia, sendo visto e aplaudido por pessoas de todas as partes do mundo. Não são apenas os presentes no evento que aplaudem, afinal, o desfile é transmitido para o mundo inteiro. Nosso protagonista deixa então, pelo menos por um momento, de ser um Zé-ninguém sem nome e sem rosto, sem quase nenhum passado e absolutamente sem nenhum futuro, para se tornar uma celebridade. Ele se sente como um jogador de futebol, um ator ou cantor famoso, e talvez esse seja o único momento de sua vida em que ele se sinta amado, admirado, valorizado. Sua fantasia geralmente encarna algum personagem ou fato histórico importante, e não faz a menor diferença o fato de muitas vezes ele não fazer idéia de quem ou o que ele está representando. Todas as suas misérias, suas angústias e seus problemas são imediatamente esquecidos, substituídos por uma felicidade analgésica, e sua vida humilde dá lugar a um orgulho para lá de ufanista. Alienação de tudo em nome de alguns minutos de euforia e anestesia. Não parece coisa de usuários de droga? Mas as Escolas de Samba ocupam hoje o terceiro lugar no pódio dos mais eficazes mecanismos de alienação. As micaretas e o Big Brother seguem firmes, ocupando respectivamente o primeiro e o segundo lugar.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Na qualidade de “Filósofo da Compaixão”, como me venho auto-intitulando, preciso ser compreensivo com essas pessoas. Vítimas de um sistema absolutamente cruel e opressor, sem vez nem voz na sociedade, párias destinados a uma vida de sofrimento, a maioria desses indivíduos sequer tem noção de sua condição de miséria, e muito menos tem noção do quanto esse mecanismo perverso em que as Escolas de Samba se tornaram contribui para a manutenção dessa situação de exploração. Esses curtos quinze minutos de fama são, para muitos deles, o único alento para suas existências. Muitas vezes é a única coisa que dá sentido às suas vidas.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> E do outro lado das contradições, vemos o circo das Escolas de Samba transformado num dos mais sujos e corruptos negócios. O desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (e São Paulo vai pelo mesmíssimo caminho) se presta hoje a três funções básicas. A primeira é servir de “auxiliar operacional” para a chamada “contravenção penal”, notadamente o jogo do bicho e a máfia dos caça-níqueis. Com isso, o concurso das Escolas de Samba perde totalmente a transparência, a honestidade e a lisura, e passa a operar com a mesma lógica da contravenção penal, ou seja: “ganha quem tem mais dinheiro e poder”. Em outras palavras, vence o desfile a Escola de Samba cujo bicheiro “mantenedor” está no momento mandando na LIESA. E isso sem citar o fato de que apoiar as Escolas de Samba não deixa de ser, em última análise, apoiar a contravenção penal com a qual elas mantêm íntima relação.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> A segunda distorção das Escolas de Samba é o fato de servirem de trampolim para semi-famosos, famosos, e quase-ex-famosos entrarem, permanecerem ou voltarem para a mídia. Dois caminhos são possíveis para isso, e muitos tentam os dois. Um deles é desfilar em alguma Escola de Samba (ou em muitas delas), sempre em posição de destaque. Aliás, o “momento celebridade” de nosso anônimo morador do morro é sempre em posições subalternas. Os lugares de destaque estão sempre reservados para as celebridades “de verdade”, gente geralmente rica, famosa, geralmente branca, que exibe padrões europeus de beleza. E quase sempre são pessoas sem a menor ligação com o samba. O outro caminho dos famosos é freqüentar os camarotes mais badalados da Marquês de Sapucaí, e conceder muitas entrevistas para os canais de TV, de preferência vestindo roupas que deixam à mostra partes estratégicas de seus corpos. E nosso amigo anônimo não pode chegar nem perto desses camarotes caríssimos. </div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> A terceira distorção das Escolas de Samba é a mais cruel e triste de todas. Sob o pretexto de exaltar a beleza da mulher brasileira, o desfile das Escola de Samba se tornou uma espécie de “zoológico de gente” (qualquer semelhança com o Big Brother não é mera coincidência). Trata-se, na verdade, de uma enorme exposição de peitos e bundas para os gringos de todo o mundo se deliciarem, e assim serem atraídos para o Brasil, motivados pela fama de paraíso do turismo sexual de que nosso país goza diante do resto do mundo. Basta ligar a TV durante a transmissão de um baile de Carnaval para podermos confirmar esse dado. E olha que estou falando de uma transmissão de TV, que é editada, censurada, recortada. Imaginem o que não deve ocorrer longe das lentes das câmeras. Num terceiro milênio no qual a mulher vem conquistando cada vez mais respeito e dignidade em quase todo o planeta, esse uso da mulher como objeto de contemplação sexual, e que não ocorre só no Carnaval, já deveria ser considerado inadmissível há muito tempo. </div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Tenho pena do morador do morro, que viu seu sonho de um ano inteiro ser destruído pelo fogo em poucos minutos, por razões ainda desconhecidas, e que podem ser criminosas, uma vez que os contraventores se fingem de amigos no âmbito da LIESA, mas vivem se matando por debaixo dos panos, e obviamente os interesses (leia-se dinheiro) são outros. Não contemplam nem de longe a situação do morador da comunidade da Escola de Samba. Por esta vítima do sistema, quero manifestar toda a minha solidariedade. Mas me recuso a dar um suspiro sequer pela máfia que vive do crime, pelos pseudo-artistas que só querem auto-promoção, e principalmente pelos agentes e consumidores do turismo sexual. Aliás, o mundo estaria muito melhor sem eles.</div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-8547813723680410232011-02-03T12:11:00.014-02:002011-02-14T09:27:23.214-02:00O ROCK ERROU? MÚSICA E ALIENAÇÃO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_hC5Wi216fjM/TUqypwdKaiI/AAAAAAAAADc/sNAz88bxz5Q/s1600/globo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="229" src="http://1.bp.blogspot.com/_hC5Wi216fjM/TUqypwdKaiI/AAAAAAAAADc/sNAz88bxz5Q/s320/globo.jpg" width="320" /></a></div><div class="MsoNormal"><br />
</div><b><i>Quando nascemos fomos programados<br />
A receber o que vocês<br />
Nos empurraram com os enlatados<br />
Dos U.S.A., de nove as seis.</i></b><br />
<b><i>Desde pequenos nós comemos lixo<br />
Comercial e industrial<br />
Mas agora chegou nossa vez<br />
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês</i></b><br />
<b><i>Somos os filhos da revolução<br />
Somos burgueses sem religião<br />
Somos o futuro da nação<br />
Geração Coca-Cola</i></b><br />
<b><i>Depois de 20 anos na escola<br />
Não é difícil aprender<br />
Todas as manhas do seu jogo sujo<br />
Não é assim que tem que ser</i></b><br />
<b><i>Vamos fazer nosso dever de casa<br />
E aí então vocês vão ver<br />
Suas crianças derrubando reis<br />
Fazer comédia no cinema com as suas leis</i></b><br />
<b><i>(da canção “Geração Coca-cola”, de Renato Russo e Fê Lemos)</i></b><br />
<div style="text-align: justify;"><b><i> </i></b> </div><div style="text-align: justify;"> Toda manifestação de cultura popular nasce como uma espécie de porta-voz do povo que lhe dá a luz, reproduzindo a realidade existencial na qual esse povo está imerso. Falando em termos de música (campo da arte do qual tenho mais conhecimento), vemos os mais diversos estilos musicais retratando o dia-a-dia das comunidades onde nascem e vivem os artistas. No Brasil, temos inúmeros exemplos. O baião e o sertanejo nascem cantando a vida no campo, a seca, a fome, a devoção religiosa (notadamente o Catolicismo Popular de matriz ibérica), e a saudade de quem precisou tentar uma vida melhor na cidade grande, às vezes tendo que deixar para trás a família, a mulher e os filhos. O samba retrata a realidade do homem marginalizado nas grandes cidades, o cotidiano das comunidades carentes, a identidade cultural do brasileiro afro-descendente, bem como a discriminação histórica por ele sofrida (assim como originalmente fazia o Blues nos Estados Unidos). Os estilos sulistas celebram as tradições gaúchas, por terem nascido de um povo que teve de deixar seus países de origem para tentar uma vida nova no Brasil, e trazem até hoje consigo o zelo por suas antigas tradições. E mesmo o rock, importado de terras estrangeiras, onde dá voz às importantes transformações sociais, culturais, políticas e até científicas do mundo a partir da segunda metade do século XX, exerce papel semelhante na cultura brasileira. Enfim, como qualquer forma de arte, a música é expressão do imaginário das pessoas dos lugares onde ela é produzida.</div><div style="text-align: justify;"> Não há nada pior para uma manifestação artística, em termos da perda de seu valor cultural, do que essa manifestação deixar de ser cultura popular, para se tornar cultura de massa. Pode até ser maravilhoso em termos financeiros para alguns artistas, e principalmente para seus empresários, quando a arte por eles produzida suplanta os limites culturais onde ela é gestada, para atingir o grande público. Teoricamente essa massificação seria benéfica: expandir o <i>modus vivendi </i>de um povo para além de suas fronteiras seria fazer outros indivíduos, que foram formados em culturas diferentes, tomarem conhecimento da realidade sócio-cultural desse povo, e assim outras pessoas passariam a conhecer sua preciosidade cultural, bem como suas mazelas existenciais. Mas na prática não é assim. Sempre que uma determinada manifestação cultural é transformada em cultura de massa, para ser vendida ao grande público, ela passa por uma espécie de “pasteurização cultural”, processo no qual ela perde suas raízes, e se torna uma espécie de “expressão artística genérica universal”. Ela deixa de ter uma identidade cultural própria, e passa a repetir um tema comum já massificado, a fim de poder ser consumida por um público que está habituado a utilizar a arte apenas como mecanismo de entretenimento, e não como forma de conhecer outras expressões culturais.</div><div style="text-align: justify;"> Qual seria essa temática genérica escolhida por nossos mecanismos de controle social para substituir as diversas expressões culturais locais? Simplesmente escolheram o amor, e nos convenceram de que o amor é um tema universal e eterno, enquanto as diferentes culturas são locais e temporárias. Assim, o baião e o sertanejo deixam de cantar o homem do campo, o samba deixa de cantar a realidade do negro carente e marginalizado nas grandes cidades, e o rock deixa de cantar as grandes transformações do mundo. Todos passam a falar apenas de amor (só a música sulista segue fiel às suas raízes, mas ela na verdade jamais chegou a ser cultura de massa: a gente só ouve música sulista se viajar até o sul). Mas na verdade, é um amor do tipo “Rede Globo”, também “pasteurizado”. Essa concepção não leva em consideração o fato de que mesmo o amor tem suas diferentes expressões. O amor enquanto sentimento pode até ser universal, mas as formas de se expressar e vivenciar esse sentimento variam no tempo e no espaço (isso por si só é tema para um estudo à parte).</div><div style="text-align: justify;"> Existem outras razões para nossos mecanismos de poder quererem eliminar as especificidades das manifestações culturais transformadas em cultura de massa, em nome de um tema único. Uma manifestação artística que atinja o grande público sem perder suas raízes culturais faria com que muitas pessoas tomassem conhecimento de outras culturas. Isso também implicaria em muitas pessoas conhecendo os problemas de quem vive outras realidades culturais, sociais e econômicas, e talvez a conclusão lógica desse intercâmbio cultural fosse: “todo mundo tem problemas dessa natureza, não ocorre apenas comigo”. O resultado seria fatalmente uma cobrança maior por parte do povo, para que as autoridades tomem uma atitude. O povo, quanto mais unido, mais difícil é de ser vencido. Além disso, o próprio indivíduo formado na sociedade onde a manifestação cultural tornada cultura de massa foi gestada, de tanto ouvir a versão “pasteurizada” da arte de seu povo, acaba perdendo sua própria identidade cultural, para assumir a cultura de massa, notadamente alienada, que só sabe falar do “amor de Rede Globo”. Em ambos os casos, nossos mecanismos de poder conseguem ter controle mais efetivo sobre as massas.</div><div style="text-align: justify;"> Vamos a alguns exemplos práticos. Começando pelo sertanejo, cito uma canção intitulada “Queimadas”, gravada pela dupla caipira formada pelos irmãos Pena Branca e Xavantinho, ambos já falecidos:</div><br />
<b><i>Este chão abençoado<br />
Tão disposto a céu aberto<br />
Esquecido pelo homem<br />
Agora vira um deserto<br />
São pedaços de riqueza <br />
Devorada como a peste<br />
Veio a seca e tomou conta <br />
Do sertão do meu Nordeste</i></b><br />
<b><i>Seu dotô o quê que eu faço <br />
Pra acabar com tanta mágoa<br />
Entre nuvens de poeira <br />
Tudo é seca e não tem água<br />
Na cacimba só tem lama <br />
E o açude virou pó<br />
Nos olhos daquela gente <br />
Corre pranto que faz dó</i></b><br />
<b><i>Minhas vaquinhas morreram<br />
Meu jumento já se foi<br />
Só resta lá na catinga <br />
A carcaça do meu boi<br />
É assim que a gente sente <br />
Lastimando a sorte ingrata<br />
Tenha dó da nossa gente <br />
E ajude um cabeça chata</i></b><br />
<br />
<div style="text-align: justify;"> Não há como ouvir essa canção sem refletir sobre o problema histórico da seca no nordeste, e é exatamente isso que nossos mecanismos de poder não querem que aconteça. Qual a solução? É simples, basta transformar a música sertaneja em algo parecido com isso:</div><br />
<b><i>Te dei o sol, te dei o mar<br />
Pra ganhar seu coração.<br />
Você é raio de saudade,<br />
Meteoro da paixão,<br />
Explosão de sentimentos<br />
Que eu não pude acreditar.<br />
Ah! Como é bom poder te amar!</i></b><br />
<b><i>Depois que eu te conheci fui mais feliz.<br />
Você é exatamente o que eu sempre quis.<br />
Ela se encaixa perfeitamente em mim.<br />
O nosso quebra-cabeça teve fim.</i></b><br />
<b><i>Se for sonho não me acorde;<br />
Eu preciso flutuar,<br />
Pois só quem sonha<br />
Consegue alcançar.</i></b><br />
<b><i>Tão veloz quanto a luz<br />
Pelo universo eu viajei.<br />
Vem! Me guia, me conduz,<br />
Que pra sempre te amarei</i></b><br />
<br />
<div style="text-align: justify;"> Coloca-se então um cantor jovem e bonitinho, que fará com que as meninas queiram alguém como ele, e com que os meninos queiram ser como ele, para conseguir as meninas. E assim todo mundo só pensa em namorar. Seca no Nordeste? Ninguém nem mais lembra que existe. Luan Santana não tem a menor noção disso, mas ele presta um desserviço à cultura brasileira.</div><div style="text-align: justify;"> Agora vamos ao samba. Citarei o samba-enredo da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, do ano de 1988, intitulado “Cem Anos de Liberdade, Realidade e Ilusão”, alusivo ao centenário da assinatura da Lei Áurea:</div><br />
<b><i>O negro samba <br />
Negro joga capoeira <br />
Ele é o rei na verde e rosa da Mangueira</i></b><br />
<b><i>Será...<br />
Que já raiou a liberdade<br />
Ou se foi tudo ilusão<br />
Será...<br />
Que a lei áurea tão sonhada<br />
Há tanto tempo assinada<br />
Não foi o fim da escravidão<br />
Hoje dentro da realidade<br />
Onde está a liberdade<br />
Onde está que ninguém viu<br />
Moço<br />
Não se esqueça que o negro também construiu<br />
As riquezas do nosso brasil</i></b><br />
<b><i>Pergunte ao criador<br />
Quem pintou esta aquarela<br />
Livre do açoite da senzala<br />
Preso na miséria da favela</i></b><br />
<b><i>Sonhei...<br />
Que zumbi dos palmares voltou<br />
A tristeza do negro acabou<br />
Foi uma nova redenção</i></b><br />
<b><i>Senhor.. <br />
Eis a luta do bem contra o mal <br />
Que tanto sangue derramou <br />
Contra o preconceito racial</i></b><br />
<br />
<div style="text-align: justify;"> Quanta consciência histórica teríamos, e que força ganhariam os movimentos sociais que lutam contra as mais diferentes formas de discriminação, se mais sambas assim fossem compostos? Mas as pessoas ficam mais facilmente manipuláveis se forem marteladas em seus ouvidos coisas como:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><b><i>Abandonado, assim que eu me sinto longe de você,<br />
Despreparado, meu coração dá pulo perto de você,<br />
E quanto mais o tempo passa, mais aumenta essa vontade,<br />
O que posso fazer?<br />
Se quando beijo outra boca lembro sua voz tão rouca me pedindo pra fazer<br />
Carinho gostoso, amor venenoso</i></b><br />
<b><i>To preocupado, será que não consigo mais te esquecer?<br />
Desesperado, procuro uma forma de não te querer<br />
Mas quando a gente se encontra, o amor sempre apronta<br />
Não consigo conter<br />
Por mais que eu diga que não quero<br />
Toda noite te espero com vontade de fazer<br />
Carinho gostoso, amor venenoso</i></b><br />
<b><i>Faz amor comigo, sem ter hora pra acabar<br />
Mesmo que for só por essa noite<br />
Eu não quero nem saber, quero amar você<br />
Faz amor comigo até o dia clarear<br />
To ligado, sei que vou sofrer<br />
Mas eu não quero nem saber, quero amar você</i></b><br />
<br />
<div style="text-align: justify;"> E olha que o Exaltasamba faz questão de cometer a heresia de se auto-intitular “Samba de Raiz”. Que Cartola, Noel Rosa, João Nogueira, entre outros que já nos deixaram, não ouçam isso!</div><div style="text-align: justify;"> Mas o pior fica por conta do rock. Sempre subversivo por natureza, rebelde por definição, até o rock no Brasil foi transformado em um meloso desfile brega-romântico sem o menor senso estético, sem força nem poesia. Quero citar três trechos de canções do rock dos anos 80, para dar uma idéia de seu poder como agente de transformação. E serão apenas citações de canções pop-rock, de artistas que participaram e participam de programas de fim de ano da Rede Globo. Se eu citasse movimentos mais engajados, como o movimento Punk, a situação seria mais grave. Mas vamos às canções, começando com Cazuza:</div><br />
<b><i>Brasil!<br />
Mostra tua cara<br />
Quero ver quem paga<br />
Pra gente ficar assim<br />
Brasil!<br />
Qual é o teu negócio?<br />
O nome do teu sócio?<br />
Confia em mim...</i></b><br />
<b><i>(trecho de “Brasil”)</i></b><br />
<br />
Agora passamos a Lobão:<br />
<br />
<b><i>A favela é a nova senzala, correntes da velha tribo <br />
E a sala é a nova cela, prisioneiros nas grades do vídeo <br />
E se o sol ainda nasce quadrado, a gente ainda paga por isso</i></b><br />
<b><i>Eu não quero mais nenhuma chance</i></b><br />
<b><i>Eu não quero mais revanche!</i></b><br />
<b><i>(trecho de “Revanche”)</i></b><br />
<br />
<div style="text-align: justify;"> E por fim, Ultraje a Rigor. Essa canção foi tema de abertura de novela da Rede Globo. Muita gente a considerou pornográfica, sem perceber que na ironia das figuras de linguagem estava escondida uma seríssima crítica social:</div><br />
<b><i>Indecente<br />
É você ter que ficar<br />
Despido de cultura<br />
Daí não tem jeito<br />
Quando a coisa fica dura<br />
Sem roupa, sem saúde<br />
Sem casa, tudo é tão imoral<br />
A barriga pelada<br />
É que é a vergonha nacional</i></b><br />
<b><i>(trecho de “Pelado”)</i></b><br />
<br />
Apenas a título de informação: “barriga pelada” quer dizer FOME. Mas o que fizeram com o “bom e velho rock’n’roll”? Dói na alma constatar, mas fizeram isso:<br />
<br />
<b><i>E eu sei que assim talvez seja melhor<br />
Mas não espero ver você voltar<br />
E dizer que podemos recomeçar</i></b><br />
<b><i>E as noites que em claro eu passei<br />
Só pra entender ou enxergar onde eu errei<br />
E de nada valeram depois do fim</i></b><br />
<b><i>E hoje sei (eu sei)<br />
E hoje sei, sei, sei<br />
Não importa mais<br />
Porque não vai, vai, vai<br />
Voltar atrás<br />
O que restou em mim</i></b><br />
<b><i>E não vou mudar e nem tentar entender<br />
O que aconteceu ou vai acontecer<br />
Nossa história teve um fim</i></b><br />
<b><i>E eu sei que assim talvez seja melhor<br />
Mas não espero ver você voltar<br />
E dizer que podemos recomeçar</i></b><br />
<b><i>E hoje estava pensando em você<br />
Em tudo que eu queria te dizer<br />
Mas não tive coragem de falar</i></b><br />
<b><i>E não vou mudar e nem tentar entender<br />
O que aconteceu ou vai acontecer<br />
Nossa história teve um fim</i></b><br />
<br />
<div style="text-align: justify;"> E a banda Restart ainda imagina que as roupinhas coloridas são um ato de rebeldia? Além de apenas fazer com que eles fiquem parecendo calopsitas gigantes, artistas como David Bowie, Alice Cooper, e no Brasil os Secos e Molhados, já ostentavam aparências bizarras há décadas atrás, mas com uma diferença: a música tinha qualidade, e abordava diversos temas.</div><div style="text-align: justify;"> Longe de mim ser contra canções de amor; eu mesmo já compus algumas. Sou contra um artista passar toda uma carreira discorrendo sobre o mesmo tema (não é, Zezé de Camargo?). Eles não sabem falar de outra coisa, não pensam em outra coisa. Será possível que existam pessoas tão limitadas assim? E essa pergunta vale tanto para os produtores quanto para os consumidores desse tipo de música. Até o Axé, ritmo alienado por definição, produto descartável para consumo rápido no Carnaval e nas micaretas, pode ir além. Moraes Moreira gravou uma canção intitulada “Cidadão”, que só não é considerada um Axé porque foi gravada antes da criação desse rótulo. Eis a letra:</div><div style="text-align: justify;"><br />
</div><b><i>Na mão do poeta<br />
O sol se levanta<br />
E a lua se deita<br />
Na côncava praça<br />
Aponta o poente<br />
O apronte o levante<br />
Crescente da massa</i></b><br />
<b><i>Aos pés do poeta<br />
A raça descansa<br />
De olho na festa<br />
E o céu abençoa<br />
Essa fé tão profana<br />
Oh! Minha gente baiana<br />
Goza mesmo que doa</i></b><br />
<b><i>Abolição<br />
No coração do poeta<br />
Cabe a multidão <br />
Quem sabe essa praça repleta</i></b><br />
<div style="margin-bottom: 12pt;"><b><i>Navio negreiro já era<br />
Agora quem manda é a galera<br />
Nessa cidade nação<br />
Cidadão</i></b></div><div style="text-align: justify;"> Meu leitor pode estranhar o fato de eu não citar o funk carioca. Podem me processar, usando a lei que nos obriga a nos referirmos ao funk como cultura (grotesco, isso), mas o funk nunca representou a cultura dos meios onde ele é produzido. Ele já nasceu pasteurizado. O funk do Silva e o do “Eu só quero é ser feliz” são exemplos isolados, nunca foram a regra do movimento.</div><div style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Concluindo, falemos de amor, mas falemos com poesia. E falemos também de outros assuntos. Afinal, o universo é mais complexo do que a namoradinha de fim de semana, e se não pensarmos em nossos problemas, eles certamente aumentarão de tamanho. Se não percebermos o quanto tentam nos alienar e manipular, seremos cada vez mais manipuláveis e alienados. Tentemos usar a nossa própria mente para fazer a diferença! Resgatemos a riqueza de nossas diferentes manifestações artísticas e culturais: o povo sofrido e esquecido agradece!</div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-67115708976531907542011-01-29T12:16:00.003-02:002011-02-14T09:36:12.345-02:00CRÔNICAS DO COTIDIANO: UM DIA NO SHOPPING ou A CULTURA FAST-FOOD ou A ERA DO CONTROLE REMOTO<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_hC5Wi216fjM/TUQdhWw3AMI/AAAAAAAAADU/sbERMI-DJA8/s1600/consumer_way_martin_laksman.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="256" src="http://3.bp.blogspot.com/_hC5Wi216fjM/TUQdhWw3AMI/AAAAAAAAADU/sbERMI-DJA8/s320/consumer_way_martin_laksman.jpg" width="320" /></a></div><style type="text/css">
p { margin-bottom: 0.21cm; }
</style> <br />
<div style="margin-bottom: 0cm;"> <i><b>Não me diga que me ama<br />
Não me queira não me afague<br />
Sentimento pegue e pague<br />
Emoção compre em tablete<br />
Mastigue como chiclete<br />
Jogue fora na sarjeta (quem vai querer comprar banana?)<br />
Compre um lote do futuro<br />
Cheque para trinta dias<br />
Nosso plano de seguro</b></i></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><i><b>Cobre a sua carência<br />
Eu perdi o paraíso<br />
Mas ganhei inteligência<br />
Demência, felicidade,<br />
Propriedade privada</b></i></div><div style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div style="margin-bottom: 0cm;"><i><b>(da canção “Piercing”, de Zeca Baleiro)</b></i></div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;"><style type="text/css">
p { margin-bottom: 0.21cm; }
</style> </div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">Uma coisa sou obrigado a admitir: mesmo indivíduos excêntricos inclinados à filosofia ou chatos de galocha críticos de tudo (e eu me enquadro em ambas as descrições) precisam, vez por outra, agir como “pessoas normais”, ou seja, fazer o que todo mundo faz. Movido por esse impulso, dias atrás visitei pela primeira vez o novo shopping center de minha cidade, inaugurado no início de dezembro passado. Esperei apenas passar toda aquela balbúrdia das festas de fim de ano, para não encarar a visão do inferno de um shopping center superlotado, e lá fui eu me fingir de terráqueo comum.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O projeto do novo shopping center é interessante: da entrada principal até o prédio propriamente dito temos uma caminhada de mais de uma centena de metros, através de um corredor decorado como se fosse uma praça, ladeado por pôsteres enormes com fotos gigantes de pontos turísticos da cidade, cuja existência até então provavelmente era desconhecida para 99% da população do município, além das chopperias. Ótima a idéia de colocar as chopperias fora do prédio do shopping center, por duas razões: primeiro por permitir seu funcionamento mesmo após o fechamento das outras lojas, e segundo, como as chopperias ficam ao ar livre, sem ar condicionado, o calor se torna um convite para beber um pouco mais (e os donos agradecem por isso). No meio desse corredor de entrada, algumas pequenas cascatas artificiais abastecem um estreito e comprido lago artificial. Aproximei-me dele, a fim de descobrir se haviam peixes. Mas só encontrei lixo. Típico de lugares freqüentados por “pessoas normais”.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Por dentro, o shopping center é apenas um shopping center, com todas as lojas encontradas em todos os shopping centers. Incrível como eles conseguem ser virtualmente idênticos. Depois de circular por todos os andares em busca de algo diferente, interessante (levei menos de 10 minutos fazendo isso), ficou a triste constatação: o novo shopping center celebrou de forma emblemática a morte da cultura em minha cidade. Não há uma livraria sequer. Se eu quiser comprar algum produto com a logomarca de meu time de futebol, tenho pelo menos umas quatro opções; querendo um livro, tenho que apelar para as lojas virtuais da internet, ou ir a outro shopping center. O melhor mesmo seria, infelizmente, me deslocar até outra cidade.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> A princípio, a idéia de um centro de compras (para os leitores menos atentos, é isso o que “shopping center” significa) parece maravilhosa. Muitas lojas, vendendo os mais variados produtos, além de cinemas, restaurantes e salões de jogos, tudo reunido em um único lugar. Prático, não? Mas já pararam para pensar no preço dessa praticidade toda? Nós simplesmente perdemos o hábito de andar pelas ruas, de passar pelas pessoas e dizer “bom dia”, “boa tarde”, de observar o lugar onde vivemos. Apenas algumas localidades do interior ainda mantêm esse costume, mas mesmo o interior está perdendo esse ar de humanidade, e está sendo contaminado por essa lógica individualista que assola as grandes cidades. Tudo bem, existe o aspecto da segurança: os shopping centers são bem mais seguros do que as ruas, não posso negar, e existe ainda a questão da já citada praticidade, por termos a quase certeza de encontrar tudo o que queremos. Mas será que vale o preço?</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Nossa pós-modernidade gerou uma espécie de “cultura fast-food”, onde tudo tem que ser rápido, e ao mesmo tempo exigir o menor esforço possível. Podemos também chamar nosso tempo de “era do controle remoto”. A lei do menor esforço, estudada cientificamente pelas correntes tayloristas da administração no início do século XX, transpõe as fronteiras da produção industrial, para invadir todos os aspectos de nossa vida. Tudo isso a despeito do fato das teorias da administração posteriores tecerem severas críticas ao Taylorismo, por se tratar de uma forma extremamente robotizante e robotizada de se conceber o ser humano. Taylor abordou o trabalho pensando apenas em seu aspecto prático, sem levar em conta outras dimensões da natureza humana. Uma das mais brilhantes críticas a esse modelo é o filme “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin. Recomendo a todos. Filmado há mais de 70 anos, o filme consegue se manter irresistivelmente atual, e além de ser uma crítica muito inteligente, é também uma hilariante comédia.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">Antigamente, nossas avós faziam bolos para o lanche. Compravam cada um dos ingredientes (quando não pegavam alguns deles no quintal, das hortas, pomares ou galinheiros), misturavam tudo segundo as mais variadas receitas, e depois colocavam para assar. Isso gerava nas crianças uma expectativa muito boa de se sentir, ainda mais quando elas tinham permissão para participar do processo. Hoje em dia, compra-se uma massa pronta, que após alguns minutos em um forno de microondas já pode ser servida. O que perdemos em relação ao tempo dos avós? Simplesmente o prazer de preparar um bolo. Ficamos tão focados em nossas metas, em nossos pontos de chegada, que sequer percebemos como o caminho até eles pode ser belo, ou pelo menos divertido. Até mesmo a atividade física entrou na dança, e hoje em dia, diversos canais de televisão especializados em televendas anunciam, como a técnica mais revolucionária para o emagrecimento e aquisição de condicionamento físico, um aparelho onde você se exercita sem precisar se mover. Como assim fazer exercícios sem sequer se mover? Até entendo a motivação dos gordinhos, mas por que razão um sujeito que não quer se movimentar vai querer condicionamento físico? E depois dizem que eu é que sou estranho...</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Caminhar pelas ruas, contemplando as árvores, os pássaros, passear pelas praças, cumprimentar as pessoas, brincar com as crianças, e eventualmente entrar em uma loja, tudo isso hoje é considerado pura perda de tempo. O negócio é correr para um shopping center, comprar o que se precisa, e voltar para casa o mais rápido possível, para usufruir o bem de consumo adquirido. Novamente o consumo orientando nossas ações (e me perdoem se estou me tornando repetitivo). Outra vez a máquina capitalista nos levando para o inferno do individualismo extremo. E infelizmente, o argumento da segurança acaba sendo convincente, realmente a violência é um problema real, não podemos fingir que ela não existe. E no fim, a triste constatação: o capitalismo não precisa de significado, e muito menos de beleza. Ele só precisa ser prático. </div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">Imaginemos um ET hippie que por acidente venha parar em nossa mãe Gaia. Mas por infelicidade ele caiu justamente no trecho mais urbano de uma grande cidade. Observando a Terra, protegido por seu “aparelho de invisibilidade” (suponho que extraterrestres avançadíssimos possuam geringonças desse tipo), nosso mochileiro das galáxias não tardará em constatar algumas coisas: os humanos vivem dentro de grandes caixas, de diferentes tamanhos, cada uma delas abrigando diferentes quantidades de indivíduos (depois ele vai aprender que as tais caixas se chamam casas e edifícios). Para sair dali, os primitivos terráqueos se enfiam em outra caixa, essa bem menorzinha. Mas ao contrário das primeiras, essas pequenas caixas se movem, sempre rapidamente, de um lugar para outro (quem deduzir que eu estou falando de automóveis, parabéns: é isso mesmo). Nosso ET imediatamente liga os foguetes propulsores de sua mochila espacial (claro que eles têm isso; eles têm até aparelhos que os tornam invisíveis!), e parte no encalço dos humanos que se deslocam dentro da caixinha ambulante, querendo descobrir o que farão. E o que fazem os humanos quando a caixinha que os transporta pára? Entram imediatamente em outra caixa grande imóvel, que pode ser o local de trabalho, uma academia de ginástica, a escola, uma universidade, teatro, ou até mesmo um shopping center. Talvez o ET conclua que os seres humanos são totalmente sensíveis à luz solar, e morreriam tostados, caso saíssem de suas caixas. De volta ao seu planeta, o ET diria que sequer conseguiu ver direito como era a aparência dos terráqueos. Eles não se expunham à luz solar, sempre se deslocando de caixa em caixa. Andando pelas ruas, nosso amigo intergalático viu apenas cães, mendigos, drogados, prostitutas e outros párias sociais. Mas o nível de degradação deles era tão grande, que nosso amigo de outro mundo não conseguiu diferenciá-los. Os humanos “de verdade” só se deslocam de caixa em caixa, concluiu.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">Essa cultura do “tudo muito rápido e sem esforço” fez de vítima até mesmo a língua portuguesa. A Última Flor do Lácio Inculta e Bela, tão bem cantada pelo poeta Olavo Bilac, vem sofrendo inúmeras violências, e está se transformando gradativamente em outro idioma. O famoso “miguxês”, por exemplo, como foi batizada a nova forma de expressão escrita popularizada entre os jovens pela internet por conta dos sites de relacionamento e dos programas de mensagem instantânea, é sim, admito, uma nova forma de linguagem, com suas especificidades e sua legitimidade em termos de manifestação cultural. Mas reparem como o tal do miguxês é todo baseado em reduzir o tamanho das palavras, normalmente suprimindo vogais (“você” vira “vc”, “também” vira “tb”, e assim por diante), substituindo letras por outras com mesmo som (sempre que uma palavra tem “ch”, digita-se um “x”, por exemplo), ou usando outros caracteres para substituir as letras (a palavra “demais” vira “d+”, e assim sucessivamente). Resumindo, é uma linguagem que tem como regra básica digitar menos caracteres, falar mais com menos esforço. Perde-se totalmente o sentido estético do idioma, toda a sua beleza gramatical, em nome do mero pragmatismo de comunicar. Eficiente, mas muito feio. Poesia então, já nem se sabe mais o que é isso, e aí estão todas as bandas coloridas, funkeiros e cantores sertanejos universitários, que não me deixam mentir. O miguxês seria então a versão “fast-food” da língua portuguesa, específica para uso online, bem ao gosto do inglês norteamericano (os mestres da filosofia fast-food). Apenas a título de informação, os norteamericanos caminham a passos largos para transformar o idioma de Shakespeare num mero agrupamento de monossílabos.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">Nossa cultura faz com que até os nomes próprios sejam reduzidos, simplificados, normalmente à sua primeira sílaba. Assim, Fernanda vira “Fê”, Eduardo vira “Edu”, Maria Lúcia vira “Malu”, José Carlos vira “Zeca”, Patrícia vira “Paty”, e por aí vai. <i>“Que cara chato! Isso é apenas uma forma carinhosa de tratar as pessoas!”</i>, meu leitor pode pensar nesse momento. Mas é o carinho “fast-food”: sob a roupagem de um tratamento carinhoso, você não precisa mais se preocupar em lembrar se sua amiga se chama Rosa, Rosângela, Rosana, Rosane, Rosiane, Roberta, Ronalda, Ronilda, Rosilda, Rosaura, Rosália, Roxana, Rossana etc. Basta chamá-la de “Rô”. Não é menos informação para dar conta?</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">Não sei se vocês notaram que o tempo todo eu usei a expressão “shopping center”. Alguém estranhou? Pois minha intenção foi justamente demonstrar esse aspecto simplificador da cultura pós-moderna. Afinal, todo mundo hoje diz apenas “shopping”. Mais prático? Pode ser. Melhor? Tenho minhas dúvidas. Quando reduzimos algo ao seu aspecto prático, pragmático, quando simplificamos nossa realidade em nome da velocidade e do menor esforço, corremos o risco de não percebermos toda a diversidade, complexidade e beleza desse algo, e acabamos ficando com uma experiência e uma percepção muito limitadas de nossa realidade. E porque nesse caso suprimimos o “center”, e não o “shopping”? Elementar, meu caro leitor: <i><b>CENTER</b></i> significa “centro”, e <i><b>SHOPPING</b></i> significa “compras”, ou o “ato de comprar”. Qual desses dois significados o nosso modo de produção capitalista e a nossa lógica consumista preferem que seja mantido?</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm; text-indent: 1.25cm;">Decididamente, essas não são reflexões comuns de se encontrar em um shopping center, embora não deixem de ser pertinentes. Por fim, acabei ligando para dois amigos, e terminamos a noite sentados à mesa de uma das chopperias do shopping (sem o “center”, afinal, também sou filho de Deus, posso querer economizar caracteres, especialmente em nome de não agravar ainda mais as minhas tendinites). Lá, bebemos chopp, e discutimos a morte da cultura de nossa cidade, e sobre como poderíamos proceder para ajudar a ressuscitá-la. Estávamos no melhor lugar para discutir esses assuntos? Talvez sim. O grande símbolo de uma sociedade que prima pela velocidade, pela facilidade e pela praticidade, em detrimento do conteúdo, dos significados mais profundos, belos e amplos, o ícone de um mundo que olha uma viagem e só vê a chegada ao destino, perdendo toda a beleza do caminho, pode ser o melhor lugar para se falar em conteúdo, e em beleza. Pelo menos os objetos de nossas críticas estão lá, ao vivo e a cores. E lembremos sempre o conselho que provavelmente seria dado por nosso amigo ET: vamos ao shopping, isso em si mesmo não tem absolutamente nada demais. Mas jamais nos esqueçamos: ainda existe um mundo lá fora.</div><div style="margin-bottom: 0cm;"></div><div style="margin-bottom: 0cm;"></div><div style="margin-bottom: 0cm;"></div><div style="margin-bottom: 0cm;"></div><div style="margin-bottom: 0cm;"></div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-81779172623093889272011-01-21T13:27:00.002-02:002011-01-21T15:24:12.084-02:00ANJOS EM FORMA DE GENTE!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_hC5Wi216fjM/TTmjggN8w0I/AAAAAAAAADQ/_BSYGIum17g/s1600/anjo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://1.bp.blogspot.com/_hC5Wi216fjM/TTmjggN8w0I/AAAAAAAAADQ/_BSYGIum17g/s320/anjo.jpg" width="320" /></a></div><style type="text/css">
p { margin-bottom: 0.21cm; }
</style> <br />
<i><b>Mas é preciso ter força<br />
É preciso ter raça<br />
É preciso ter gana sempre<br />
Quem traz no corpo a marca<br />
Maria, Maria<br />
Mistura a dor e a alegria</b></i><br />
<br />
<i><b>Mas é preciso ter manha<br />
É preciso ter graça<br />
É preciso ter sonho sempre<br />
Quem traz na pele essa marca<br />
Possui a estranha mania<br />
De ter fé na vida....</b></i><br />
<i><b>(da canção “Maria, Maria”, de Milton Nascimento e Fernando Brandt)</b></i><br />
<style type="text/css">
p { margin-bottom: 0.21cm;
</style> <br />
<div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"><br />
</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Eu já havia afirmado em textos anteriores: o ser humano é capaz de chegar, desde aos mais sublimes atos de bondade, até às mais vis das atrocidades, tudo ao mesmo tempo. E ao longo desses dias de tragédia na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, temos visto tanto gestos de solidariedade e compaixão quanto as piores demonstrações de perversidade por parte das pessoas. Anjos e demônios convivendo lado a lado, dentro desse universo complexo chamado ser humano.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Não quero falar muito acerca do lado da maldade, registrando apenas a existência de algumas pessoas sem coração, que resolvem se aproveitar até mesmo de tragédias dessa magnitude, para tentar ganhar algum dinheiro fácil. Monstros em forma de gente, como comerciantes se aproveitando dos acontecimentos para super-faturar alguns de seus produtos. Antes de começarem a chegar os donativos, houve quem vendesse uma garrafa de água mineral de um litro por VINTE REAIS, e um botijão de gás de cozinha chegou a custar NOVENTA REAIS. Além disso, a polícia prendeu outros monstros humanos, que tentavam desviar caminhões lotados de donativos, para vender em outras localidades. Nessas horas, muita gente defende a pena de morte para casos específicos dessa natureza, e eu, que sou radicalmente contra a Pena Capital, acabo ficando sem ter o que dizer.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Mas graças a Deus, nosso mundo não é habitado apenas por demônios, e eu também posso usar essas linhas para falar sobre pessoas, cujo exemplo de superação os tornaram verdadeiros anjos, luzes que devem deixar marcas profundas em nossos corações. Eu, pelo menos, jamais serei o mesmo, depois de ter conhecido essas lições de vida. Vou citar três exemplos, apenas três, mas que valem por mil maus exemplos que nos possam ser dados.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Vamos começar por Laerte Calil de Freitas, prefeito do pequeno município de Areal, situado a 40km de Petrópolis. Ao perceber um aumento anormal no nível das águas dos rios que cortam a cidade, ele imediatamente entrou em contato com um município vizinho, situado rio acima. Confirmando as inundações, que fatalmente também atingiriam Areal, Laerte acionou um carro de som de uma rádio comunitária local, para avisar os moradores ribeirinhos, pedindo para eles saírem de suas casas o mais rapidamente possível. Resultado: a enchente atingiu o município, diversas casas foram destruídas, levadas pela correnteza, inclusive a casa do motorista do carro de som, mas ninguém morreu; as perdas foram apenas materiais.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> O segundo anjo se chama Leandro Machado. Pedreiro de profissão, e conhecedor como poucos do interior do município de Nova Friburgo, onde mora, seus conhecimentos foram decisivos para indicar as melhores formas de acesso a diversas áreas isoladas. Todavia, enquanto trabalhava como voluntário, chegou-lhe a notícia trágica: sua própria casa havia sido atingida, e sua esposa e seu filho, de apenas dois anos de idade, estavam mortos. Atordoado com a notícia, Leandro tomou uma decisão que surpreendeu até mesmo os bombeiros, acostumados a lidar com tragédias: como não tinha mais como ajudar a própria família, Leandro resolveu continuar ajudando os outros, e seguiu em frente com seu serviço voluntário. Desrespeito para com seus familiares mortos? Com toda certeza, sua esposa e seu filho discordariam, e aposto que de lá do céu ambos estão aplaudindo, orgulhosos de seu herói.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Por fim, preciso falar de um anjo de nome Wellington da Silva Guimarães. Depois de deixar seu filho Nicolas, de apenas sete meses de idade, para passar o dia com a avó materna, Wellington vai à casa de sua sogra, juntamente com sua esposa, para buscar a criança e voltar para casa. Contudo, por conta da chuva já pesada, o casal decide dormir na casa da sogra de Wellington. Durante a madrugada, um deslizamento de barreira atingiu a casa. A esposa e a sogra de Wellington sucumbem ao incidente. Wellington, preso pela lama em um espaço de aproximadamente um metro quadrado, vê seu filho com vida. Heroicamente, ele consegue tirar as roupinhas molhadas de Nicolas, e faz uso de uma fronha, e de seu próprio corpo, para manter o bebê aquecido. Por instinto ou por iluminação divina, Wellington usa sua própria língua para tentar alimentar seu filho com sua saliva. O gesto também acaba servindo para fazer Nicolas dormir quase o tempo todo, como se a língua de seu pai fosse o seio de sua mãe. Após um período de treze a quinze horas nessa situação, segundo as pessoas que fizeram o resgate, pai e filho são finalmente retirados da lama com vida. Enquanto resgatavam a criança, as pessoas em volta ouviam Wellington falar a seu filho: “tenha coragem, porque você ainda tem um mundo para enfrentar lá fora”. Talvez o “mundo lá fora” seja realmente mais cruel do que o mar de lama no qual eles estavam presos. Dias depois, em entrevista a uma rádio, Wellington se diz confortado com a perda de sua mulher e sua sogra, e está certo de que Deus tem um propósito para tudo o que acontece. Diz ainda que Deus o abençoou de tal forma, a ponto dele perder a noção do tempo enquanto estava naquele inferno. Wellington só soube quanto tempo ficou lá por intermédio de seus resgatantes. Jesus diria dele a mesma coisa que disse do centurião romano que pediu a cura de seu servo: <i><b>“Ouvindo isto, admirou-se Jesus e disse aos que o seguiam: Em verdade vos afirmo que nem mesmo em Israel achei fé como esta” (Mt 8:10)</b></i>.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Lamento pelos monstros que surgiram ao longo desses acontecimentos, tentando tirar proveito da desgraça alheia. Só posso rogar a Deus que lhes toque os corações, e os façam ver as atrocidades que eles vinham cometendo. Mas por outro lado, os anjos citados acima me enchem o peito de esperança, e me trazem algum conforto em meio a essa tragédia toda, além de me fazer refletir sobre a pequenez de meus próprios problemas, que muitas vezes eu acabo super-valorizando. Perto disso tudo eles não são nada. Diante do que assolou aquela gente, minhas dores são apenas cócegas. E talvez as suas também o sejam, amado leitor.</div><div align="JUSTIFY" style="margin-bottom: 0cm;"> Parabéns, Laerte. Parabéns Leandro. Parabéns Wellington. Vocês são meus heróis. Vocês me fazem não perder as esperanças. Graças a vocês, e a exemplos como os seus, eu ainda consigo acreditar em um mundo melhor! Que Deus continue a dar a vocês essa Força, essa Fé e essa Paz. E que Deus levante da terra cada vez mais heróis como vocês. O mundo precisa disso, e agradece.</div> <i><b><br />
</b></i>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-14038276087991187852011-01-13T20:14:00.004-02:002011-01-17T12:06:07.092-02:00MAIS UMA DESGRAÇA ANUNCIADA! ATE QUANDO, MEU DEUS?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_hC5Wi216fjM/TS942yslkhI/AAAAAAAAADE/FvM2KcRgOAI/s1600/chuvas-enchentes-rio-de-janeiro-20100409.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="http://2.bp.blogspot.com/_hC5Wi216fjM/TS942yslkhI/AAAAAAAAADE/FvM2KcRgOAI/s320/chuvas-enchentes-rio-de-janeiro-20100409.jpg" width="320" /></a></div><style>
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</style> <br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> <i><b>Não é nossa culpa, nascemos já com a bênção</b></i><br />
<i><b> Mas isso não é desculpa pela má distribuição</b></i><br />
<i><b> Com tanta riqueza por aí onde é que está</b></i><br />
<i><b> Cadê sua fração?</b></i><br />
<i><b> Até quando esperar a plebe se ajoelhar</b></i><br />
<i><b> Esperando a ajuda de Deus?</b></i><br />
<i><b> (da canção "Até Quando Esperar?", gravada pelo grupo Plebe Rude)</b></i><br />
<br />
Eu já tinha um texto pronto para publicar essa semana no blog, mas as últimas tragédias ocorridas na Região Serrana do Rio de Janeiro, onde as chuvas provocaram enchentes e deslizamentos de terra, causando a morte de centenas de pessoas, me obrigaram a adiar a publicação desse texto. Não há como não falar desses últimos acontecimentos. E infelizmente, no momento em que escrevo essas linhas, outras tragédias ainda podem acontecer, há previsão de mais chuvas, e o número de mortos deve aumentar, à medida em que os corpos sejam localizados. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">Centenas de pessoas tiveram suas vidas tragicamente interrompidas, e os sobreviventes precisarão reconstruir suas existências, com quase nenhuma ferramenta para isso. Além de terem de recuperar todos os bens perdidos, essas pessoas terão que aprender a viver sem seus entes queridos, tirados deles da forma mais abrupta possível. E ao contrário dos bens materiais, as pessoas não podem ser substituídas, só a lembrança vai sobreviver, nos corações daqueles que ficaram. Uma mulher concedeu uma entrevista para um canal de televisão: ela tinha perdido nada menos do que QUINZE pessoas de sua família. Nem eu, nem você, meu leitor, nem ninguém tem como descrever essa dor: só quem sente isso na pele pode ter uma noção de como é.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">Tenho uma afeição especial por um dos municípios atingidos. Além de ter parentes nascidos lá, Nova Friburgo é para mim um dos melhores lugares para se viver, e um dos melhores destinos para quem deseja viajar. A natureza mostra lá toda sua grandiosidade: cachoeiras, trilhas, picos, fauna e flora exuberantes, e um clima extremamente agradável, o típico friozinho de serra. Fundada por colonos suíços, mas com a presença de diversas outras etnias (alemães, espanhóis, húngaros, japoneses, entre outros), Nova Friburgo celebra suas tradições múltiplas, com festivais culturais e gastronômicos que se estendem ao longo de quase todo o ano. Amo a cidade como se fosse uma segunda casa minha. Inclusive um de meus sonhos é, após me aposentar, terminar meus dias morando lá. E me dói ver as fotos da tragédia. Como disse um amigo meu, cuja família ainda reside no município: “é como se a cidade que tanto amamos simplesmente tivesse deixado de existir!” Os outros municípios atingidos têm também seus encantos próprios.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">No meio da consternação pelas perdas, especialmente as perdas humanas, em meio ao sentimento de compaixão e solidariedade pelos sobreviventes, cujos vazios deixados por seus entes queridos mortos jamais será preenchido, não pode deixar de surgir uma revolta. Não contra as chuvas, a natureza, ou contra o divino, mas contra os verdadeiros responsáveis por acontecimentos desse tipo. Nossos governantes, ocupados com seus interesses pessoais, cuja natureza nem me atrevo a supor, assistiram de braços cruzados, ao longo dos anos, a ocupação e o crescimento desordenado das suas cidades. Sem perspectivas de emprego no interior, muitas pessoas buscam moradia perto dos centros das cidades, e não raras vezes, não têm outra opção senão ocupar áreas de risco. Esse é um processo que vem se arrastando ao longo da história, e de modo algum começou ontem. Quase sempre as pessoas sabem dos riscos, mas não há alternativa: muitas vezes é isso ou passar fome. Não podemos culpá-las.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">Em 2010, duas tragédias semelhantes aconteceram no Estado do Rio de Janeiro, uma delas no município de Angra dos Reis, e outra que atingiu a Capital e a Região Metropolitana do estado. Pelos mesmos motivos. E já naquela época, muito se falou na possibilidade de uma tragédia parecida na Região Serrana, cujas características geográficas, somadas à ocupação e crescimento desordenados, ocorridos com a total conivência histórica de seus governantes, a tornam particularmente vulnerável. Desgraça anunciada, desgraça concretizada. O número oficial de mortos na Região Serrana já supera a soma dos dois acontecimentos de 2010, e esse número, por razões já citadas acima, infelizmente ainda deve aumentar.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">O espetáculo circense que vemos na imprensa é ao mesmo tempo deprimente e revoltante. Autoridades políticas das esferas estadual e federal culpam as autoridades municipais pelas tragédias mais do que anunciadas, por serem elas as que estão mais próximas, e com isso terem mais condições de fiscalizar as ocupações. As autoridades municipais, por seu turno, acusam as autoridades de esferas superiores de descaso total, de jamais darem o devido apoio e atenção a um problema que o poder público municipal não tem como resolver sozinho. Eles sequer percebem que muitos dos que estão em uma das esferas hoje, estavam em outras tempos atrás, e só estão preocupados em fazer da desgraça do povo, já tão sofrido por si só, uma passarela onde podem desfilar suas politicagens. Construir ou fortalecer seus nomes à custa de mortes, de dores, de perdas materiais, de gente que não tinha nada e mesmo assim perdeu todo o pouco que tinha, é tudo o que os facínoras que nos governam querem. Vampiros, embriagando-se do sangue de inocentes.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">Do outro lado da moeda, e felizmente sempre temos outro lado da moeda, vemos a população, o cidadão de bem, solidarizar-se com os sobreviventes. E mais uma vez uma enxurrada de donativos vai ser encaminhada aos necessitados, vencendo os obstáculos de pessoas inescrupulosas que desviam para si as melhores doações, e das autoridades que tentam se promover, como se as doações tivessem partido deles próprios. Nojento, mas real.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">A compaixão é um dos valores que mais defendo em meus textos. Quando ocorreram as tragédias na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, vi amigos meus serem vitimados, e a todo momento eu pensava que poderia ter sido comigo. Foram apenas contingências do destino que me fizeram morar em uma área onde não existe esse risco. Da mesma forma me sinto com relação aos moradores da Região Serrana. Por isso peço: todos aqueles que puderem ajudar, façam, e façam segundo suas próprias possibilidades. Afinal, como dizia o grande e saudosíssimo Herbert de Souza, o Betinho, “quem tem fome tem pressa”. Mas essa não é a única razão para sermos solidários. Não podemos esquecer de que não se trata somente de satisfazer necessidades materiais. Os donativos vindos de pessoas comuns faz as vítimas perceberem que alguém se importa com eles. E isso é com certeza uma das poucas coisas que podem lhes trazer algum tipo de consolo. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;">Ajudemos com todas as nossas forças. Façamos tudo o que estiver ao nosso alcance. Isso é compaixão. Isso é cristão. Isso vem de Deus. Mas não fiquemos nisso! Vamos cobrar de nossas autoridades por políticas públicas que tragam a solução definitiva para esse e para outros problemas que nos afligem. Lembremos: amanhã as vítimas podem ser nós mesmos, ou as pessoas que amamos. Isso também é compaixão, além de ser justiça. Isso também é cristão. Isso também vem de Deus.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 36pt;"><br />
</div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-59590826170653812882011-01-06T19:19:00.006-02:002011-02-14T09:58:46.907-02:00POR QUE OS BONS SOFREM?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_hC5Wi216fjM/TSYv3PpwXDI/AAAAAAAAADA/PcCgrBDA6o8/s1600/J%25C3%25B3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="252" src="http://2.bp.blogspot.com/_hC5Wi216fjM/TSYv3PpwXDI/AAAAAAAAADA/PcCgrBDA6o8/s320/J%25C3%25B3.jpg" width="320" /></a></div><style>
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</style> <br />
<div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><i><b>A vida é uma escola onde o viver é o livro e o tempo o professor<br />
Onde alguns são sábios porém até hoje ninguém se formou<br />
A única certeza é que o dia do acerto já está pra vir<br />
Prepare a sua alma pois na hora certa você vai ouvir</b></i></div><div class="MsoNormal"><i><b>(da canção "O Profeta", de Lúcio Barbosa, gravada por Zé Geraldo)</b></i><br />
<i><b> </b></i> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Jó é um dos mais fascinantes livros de todo o Velho Testamento. O texto se inicia com Deus recebendo seus “filhos” (os anjos) em sua presença, numa espécie de “audiência pública celestial”. Entre os filhos de Deus, surge a famosa figura de Satanás. Já no início da leitura nos deparamos com uma questão intrigante: se Satanás era realmente a personificação do mal, o grande inimigo de Deus, como postulam o judaísmo tardio e quase todo o cristianismo histórico, por que razão ele não foi expulso dali? Muito contrariamente a isso, Satanás é simplesmente tratado como mais um dos filhos de Deus! </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Na verdade, Satanás só começou a se tornar a figura que conhecemos hoje quando Israel esteve sob dominação persa. O Zoroastrismo, religião predominante na Pérsia àquela época, concebia o universo como o palco de uma luta cósmica entre dois deuses igualmente poderosos, um bom e outro mal. A influência do Zoroastrismo no Judaísmo fez com que Satanás fosse “promovido” a esse posto de “divindade do mal”.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Em Jó, Satanás é apenas o agente da dúvida. Após ser indagado acerca dos lugares por onde ele tinha passado, Satanás responde a Deus que retornava de uma peregrinação pela Terra, onde teve a oportunidade de observar os seres humanos. Deus imediatamente lhe pergunta se ele havia visto Jó, um homem bom e religioso, reto e justo aos olhos divinos. Satanás introduz um questionamento: não seria Jó temente a Deus apenas por ser rico e abençoado? Caso fosse tirado de Jó tudo o que ele possuísse, ele não amaldiçoaria a Deus? Aposta feita, Deus permite a Satanás voltar à Terra e destruir tudo o que Jó possuísse. Única condição: o próprio Jó nada deveria sofrer.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Se realmente fosse o grande inimigo de Deus, Satanás provavelmente desobedeceria sua ordem. Mas curiosamente, ele age exatamente como Deus ordena, tirando de Jó seus bens, seu gado, seus servos, matando seus filhos, e deixando viva apenas sua mulher. E esta só faz aconselhá-lo a amaldiçoar seu Deus e morrer em seguida. Mas Jó permanece fiel, dizendo que tudo o que ele possuía fora dado por Deus, e pelo mesmo Deus poderia ser tomado de volta, a qualquer momento. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Retornando à “assembléia celestial”, Satanás retruca a Deus que Jó não O amaldiçoou porque seu corpo não fora tocado. Novamente o anjo da dúvida recebe permissão para afligir a Jó, imputando-lhe toda sorte de doenças. E novamente uma condição é imposta: Jó deveria permanecer vivo. E mais uma vez as ordens de Deus são cumpridas à risca.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> A partir daí, o livro passa a ser escrito em versos, um longo poema, onde Jó recebe a visita de três amigos. Os quatro, então, iniciam uma reflexão filosófica profunda, onde os três amigos sugeriam que Jó teria cometido algum tipo de pecado, pelo qual ele estava sendo barbaramente castigado. Não haveria outra explicação para tanta desgraça. Jó, por sua vez, alegava não ter feito absolutamente nada de errado, e limitava-se a lamentar sua triste situação. O fim do livro volta ao texto em prosa, fazendo Deus em pessoa surgir diante dos quatro debatedores. Deus então afirma sua soberania sobre todas as criaturas. Não havia a menor importância se Jó havia cometido algum pecado ou não: o que estava acontecendo servia apenas para mostrar que a vontade divina sempre prevaleceria, a despeito de qualquer outra coisa. E isso não deveria ser questionado. Após essa lição, Deus restitui a Jó todos os bens perdidos, em quantidades ainda maiores das anteriores.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Evidentemente, temos aqui não um registro histórico, mas sim um mito. Quase toda boa teologia admite que Jó provavelmente nunca existiu. Mas o mito não é exatamente uma mentira. Ele é uma narrativa, muitas vezes fantástica, que encerra um ou mais ensinamentos, esses sim reais. Mas o livro de Jó não trata de Deus permitindo que um servo seu seja castigado injustamente, apenas para atender a meros caprichos de um ser malvado que é pura dúvida. Jó é um profundo tratado filosófico, cujo tema central é: por que os justos frequentemente sofrem, enquanto muitas vezes os perversos prosperam? </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Nós vivemos em um mundo físico, cujas leis são implacáveis. A natureza parece agir de forma cega: se duas pessoas se atirarem do alto de um prédio, as duas provavelmente morrerão espatifadas no chão. Não importa se uma delas é uma pessoa boa, e a outra um criminoso: a natureza vai agir da mesma forma com ambos. “Dura Lex, sed Lex”, assim funciona o universo. As leis da Física não mudam por causa do caráter dos seres humanos. Mas a despeito disso nós, seres humanos, temos a inclinação para explicar os fatos dando-lhes sempre um sentido no tempo e no espaço, um significado e uma finalidade. Não vemos a existência como um mero encadeamento de causa e efeito; procuramos sim, sentido, significado, explicações metafísicas para tudo o que acontece. Jung dá a essa tendência o nome de “Princípio Teleológico”, em contraposição ao Princípio Causal das ciências naturais.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Com esse raciocínio, passamos a entender a vida de forma meritocrática. Se algo de bom nos acontece, isso de deve ao fato de termos agido bem. Por outro lado, se nos ocorre o mal, só pode ser porque agimos mal. A ideia de um Deus justo parece exigir uma conclusão desse tipo. A maior parte das religiões “evolucionistas” (budismo, hinduísmo, kardecismo etc) propõe esse ensinamento de forma clara, e atribuem tudo o que acontece a um indivíduo aos atos por ele praticados em algum momento passado, seja nesta vida, seja em alguma vida anterior. E assim como ocorre com as leis da Física, essa lei espiritual, conhecida como “Lei do Karma”, age de forma cega, com uma importante diferença: enquanto a Física age da mesma forma para cada situação, o Karma age da mesma forma para cada intenção. Em suma, segundo essa forma de pensar, o Karma afirma que todo bem será recompensado com outro bem, e todo mal com outro mal. Mas essa é uma forma equivocada de se entender o sentido original de Karma. A Lei do Karma nada mais é do que uma forma espiritual, religiosa e não científica da lei de causa e efeito da Física. Essa lei simplesmente diz que “a cada ação corresponde uma reação de mesma intensidade, mesma direção e sentido contrário”. Ou seja, todo ato praticado produz uma consequência, mas o valor dessa consequência independe da intenção do ato. A lógica da meritocracia surge aqui para dar conta de alegrias e sofrimentos aparentemente sem razão, diante da ideia de um Deus (ou muitos deuses) justos. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Nem o cristianismo escapou dessa lógica, e com que frequência ouvimos as pessoas citarem palavras de Jesus ou de Paulo, nas quais eles afirmam que Deus recompensará ou punirá o homem segundo seus atos! Quantas vezes não dizemos, diante de uma situação adversa, algo como “mas o que é que eu fiz para merecer isso?”. O cristão acaba agindo como os três amigos de Jó: se lhe acontece algo bom, ele se ufana de ter agido bem, e estar sendo premiado por Deus; se lhe ocorre a desgraça, ele vasculha seus próprios atos em busca de pecados, já que só é capaz de entender as tribulações como punição por erros cometidos. Mas Jesus pensava assim? No evangelho de João, temos uma passagem emblemática dessa questão: <b><i><span style="font-family: "Times New Roman Bold Italic";">“E passando Jesus, viu um homem cego de nascença. Perguntaram-lhe os seus discípulos: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi para que nele se manifestem as obras de Deus” (Jo 9:1-3)</span></i></b>. Jesus foi claro: o cego nasceu assim para um dia ser curado, e com isso manifestar o amor de Deus. Toda cura promovida por Jesus é um anúncio de um Reino de Deus onde não haverá mais doença. Para o Mestre, o sofrimento não é punição, seu valor é pedagógico. Deus permite o sofrimento, mesmo aquele sem explicação e aparentemente injusto, para que aprendamos com ele. Quando Jesus diz que haverá uma compensação para todos os atos humanos, ele não está se referindo a punições ou prêmios “pagos” nessa vida, mas sim em um restabelecimento da justiça divina no cosmo, quando a criação será restaurada. <b><i><span style="font-family: "Times New Roman Bold Italic";">“Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e, então, retribuirá a cada um conforme as suas obras” (Mt 16:27)</span></i></b>. Em outras palavras, a justa retribuição de Deus não é para essa vida. E mesmo essa retribuição não inclui punições, uma vez que em Cristo Deus se reconciliou e levou o perdão a toda a humanidade.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Essa é a intenção de Jó: mostrar que nem sempre a justiça divina é clara, que os bons podem sofrer, e os maus podem ser abençoados. Durante dois capítulos do livro (38 e 39), Deus afirma sua soberania e sua infinitude, contrapondo-os à finitude humana. Jó reconhece isso, sabe que Deus pode fazer o que quiser. Mas e Jesus? O Mestre afirma que Deus <b><i><span style="font-family: "Times New Roman Bold Italic";">“faz nascer o seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (Mt 5:45)</span></i></b>. As leis da natureza, criadas por Deus, são as mesmas para todos. </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Como já dito em linhas anteriores, Jesus busca sempre o caráter pedagógico do sofrimento <b><i><span style="font-family: "Times New Roman Bold Italic";">“Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16:33)</span></i></b>. Deus não nos pune por nossos pecados, afinal, todo pecado humano recebe seu perdão em Jesus Cristo. Como agir então diante do sofrimento? Tentemos parar de procurar em nosso passado pecados que possam justificar a dor, e olhemos nosso sofrimento como um professor, um agente de transformação divinamente constituído, cuja intenção é nos fazer tomar uma nova atitude, assumir uma outra postura diante da vida. Procuremos enxergar o que Deus quer nos ensinar através do sofrimento. Como fazer isso? Somente através da Fé. Fé com “F” maiúsculo, não uma mera adesão a um sistema de crenças. Fé como entrega, descrita na Epístola aos Romanos como <b><i><span style="font-family: "Times New Roman Bold Italic";">a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem (Rm 11:1)</span></i></b>, e definida por Kierkegaard como o mecanismo através do qual somos capazes de superar os limites de nossa racionalidade. Quando perguntado sobre que dom gostaria de receber, o Rei Salomão pede a Deus sabedoria. Jesus, por sua vez, nos sugeriria pedir Fé. A sabedoria no máximo nos faz aceitarmos com serenidade os limites de nossa racionalidade, enquanto a Fé nos permite superá-los. E Fé só existe na sabedoria. Sem sabedoria, Fé é fanatismo. Mas sem Fé, sabedoria é apenas inteligência. E a pura inteligência, no fim das contas, é maldição. E se pensarmos bem, a Fé de verdade sempre produz a sabedoria, mas o oposto nem sempre acontece.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Só seremos verdadeiramente sábios quando, por intermédio da Fé, pudermos ver, em cada sofrimento, a presença de Deus, sempre nos ensinando sobre seu Amor e seu Perdão, e nos dando a chance de realizarmos uma ação realmente transformadora em nossas vidas. Nada de punição: a justiça cega é apenas vingança, e o Pai não é vingativo. Deus nos ama, mesmo quando nos faz sofrer.</div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-43232643509003427812010-12-29T16:15:00.003-02:002011-01-04T09:19:37.328-02:00ANO NOVO, VELHOS RITUAIS<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://2.bp.blogspot.com/_hC5Wi216fjM/TRt6iZfK7fI/AAAAAAAAAC8/jXhRarzZPH8/s1600/simpatia-de-ano-novo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="http://2.bp.blogspot.com/_hC5Wi216fjM/TRt6iZfK7fI/AAAAAAAAAC8/jXhRarzZPH8/s1600/simpatia-de-ano-novo.jpg" /></a></div><style>
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</style> <br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Mais um ano chega ao fim, e se não houver nenhuma hecatombe inesperada, logo no dia seguinte um novo ano se iniciará. Assim como no Natal, as pessoas irão se reunir, trocar votos de felicidade, e desejar um futuro melhor do que foi a vida até aqui. Mas ao contrário do Natal, onde as festas têm características mais familiares, e as pessoas ficam mais compenetradas, alguns chegando inclusive às lágrimas (muitos ficam tristes no Natal), o Ano-novo ganha sempre contornos mais carnavalescos. Aliás, o brasileiro tem a estranha mania de transformar tudo em Carnaval, e o Natal é uma das poucas festas que escapa.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> O Réveillon também é o momento das esperanças no futuro, e para garantir um futuro melhor vale tudo, até mesmo as mais bizarras superstições. Roupas brancas clamam por paz, roupas íntimas ganham a cor que simboliza a principal necessidade de quem a usa (dourado para um ano melhor financeiramente, vermelho para quem busca um novo amor, e assim por diante). Mas o que seria dito de pessoas na beira de uma praia, todos vestidos de branco (menos as cuecas, calcinhas e sutiãs, que inclusive ficam visíveis debaixo das roupas brancas, tornadas quase transparentes pela água, pelo suor e pelas bebidas, pois há quem inclusive tome banho de champanhe ou cerveja), comendo uvas verdes, enquanto dão pequenos saltos sobre as ondas, apoiados em um pé só, coincidentemente, sempre o direito? Em qualquer outra época do ano, a conclusão seria de que se trata de lunáticos, ou de adeptos de alguma religião exótica (o que para muitos é a mesma coisa). Mas no Ano-novo pode. Até os artistas fazem!</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Impressionante a necessidade do ser humano de repetir sempre os mesmos rituais. Parece coisa de homens primitivos, de mentalidades animistas, pré-científicas. Mas mesmo nossa “avançada” mentalidade cartesiana é dada a fazer as coisas sempre do mesmo jeito como foi feito da primeira vez que deu certo. Agimos inconscientemente como se fazer diferente fosse provocar a ira dos deuses, e com isso trazer castigo, desgraça. Quando um rito é praticado por uma única pessoa, ele é considerado patológico, é batizado com o simpático nome de “TOC” (Transtorno Obsessivo-compulsivo, último grito da moda, especialmente depois que Roberto Carlos admitiu sofrer dele), e um tratamento médico e psicológico é sugerido. Mas quando um determinado rito é praticado por todos, ou pela maioria, ele passa a ostentar o status de “tradição”, “cultura”, e não apenas sua prática é incentivada, como não praticá-lo é que passa a ser condenável. “Todo mundo faz isso, por que só você não o faz? Por que você sempre quer ser diferente?” A velha questão da aceitação no grupo social, cujo preço muitas vezes é agir como todo mundo, mesmo que às custas de contrariarmos nossas convicções pessoais.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Nossos ritos sociais, em geral, não se restringem ao aspecto espacial, mas também possuem uma dimensão temporal. Como já anteriormente citado, comer uvas vestido de branco enquanto se pula sobre um pé só sobre as ondas da praia só é considerado normal na noite de Ano-novo. Em qualquer outra data seria um ato insano, dá até internação. As tradições (rituais socialmente consagrados) têm não apenas lugares e formas, mas também tempos “corretos” para serem praticadas. Além de rituais, o ser humano também é inclinado a criar ciclos, como se a vida fosse uma dança, com seus ritmos peculiares. Nos inclinamos a fazer sempre as mesmas coisas nos mesmos tempos. Tudo bem, meu leitor pode retrucar que toda a natureza opera por ciclos, e todos os seres vivos moldam seus comportamentos conforme esses ciclos. Mas no caso de animais e plantas isso não é uma escolha; eles são geneticamente programados para responder a esses ciclos naturais. O ser humano, por sua vez, mesmo podendo escolher, prefere se manter preso aos seus rituais e ciclos. E mais grave: os rituais e ciclos humanos, em larga medida, já não são mais orientados por aspectos naturais, ou mesmo pelo arcabouço cultural acumulado ao longo da história. Hoje muito de nossos ritos e ciclos têm como mola-mestra o mover da máquina capitalista, e orientam, na verdade, o ritmo de nosso consumo.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Reparem como ao longo do ano, não há um momento sequer em que a mídia não esteja propagandeando nenhuma data festiva, datas essas que foram transformadas de tradições a meros ensejos para o consumismo. Tudo convenientemente preparado para nos fazer adquirir bens, gastar dinheiro. Começamos o ano sendo estimulados a gastar com o Carnaval, e imediatamente após ele, a mídia já começa a divulgar a Páscoa. Logo depois vêm o Dia das Mães, o Dia dos Namorados, as Festas Juninas, o Dia dos Pais, o Dia das Crianças, o Dia de Finados (até o dia dos mortos vira objeto de consumo, e os floristas agradecem), e por fim, o Natal. E cada uma destas datas tem seu significado original meticulosamente distorcido, para nos fazer gastar dinheiro.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Desejo que 2011 seja o ano em que começaremos a fazer diferente. Que o encerramento de mais esse ciclo, que inclusive não marca só um novo ano, uma vez que 2011 também inicia uma nova década, nos leve a uma reflexão que nos faça ressignificar nossos velhos rituais e ciclos. Que possamos parar para simplesmente contemplar a beleza de nossas tradições, tradições essas que muitas vezes já não conseguimos mais enxergar, ocupados como estamos, ora consumindo, ora trabalhando para termos mais dinheiro para consumir ainda mais. Que possamos olhar os velhos ritos com novos olhos, e assim iniciarmos uma ação verdadeiramente transformadora em nossas vidas. Mas principalmente que possamos olhar nos olhos uns dos outros e dizer de coração: FELIZ ANO-NOVO!</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"></div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-5899877339854920332010-12-15T18:52:00.006-02:002010-12-17T17:58:43.053-02:00Jesus x Noel ou O Verdadeiro Sentido do Natal<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://3.bp.blogspot.com/_hC5Wi216fjM/TQkoyE01GHI/AAAAAAAAACw/DIdCwWGfe8w/s1600/4764_linda-foto-de-nosso-pre.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="282" src="http://3.bp.blogspot.com/_hC5Wi216fjM/TQkoyE01GHI/AAAAAAAAACw/DIdCwWGfe8w/s320/4764_linda-foto-de-nosso-pre.jpg" width="320" /></a></div><style>
@font-face {
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</style> <br />
<div class="MsoNormal"><br />
</div><div class="MsoNormal"><b><i><span style="font-family: "Times New Roman Bold Italic";">E então é natal (e a guerra terminou...)</span></i></b></div><div class="MsoNormal"><b><i><span style="font-family: "Times New Roman Bold Italic";">Para o fraco e para o forte (...se você quiser)</span></i></b></div><div class="MsoNormal"><b><i><span style="font-family: "Times New Roman Bold Italic";">Para o rico e para o pobre</span></i></b></div><div class="MsoNormal"><b><i><span style="font-family: "Times New Roman Bold Italic";">O mundo é tão errado</span></i></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: "Times New Roman Bold Italic";">(Tradução de trecho da canção “Happy Xmas, War is Over” – Feliz Natal, a Guerra Acabou, de John Lennon)</span></i></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><br />
</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><style>
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal { margin: 0cm 0cm 0.0001pt; font-size: 12pt; font-family: "Times New Roman"; }div.Section1 { page: Section1; }
</style> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"> Papai Noel tem uma origem curiosa. Um jovem chamado Nicolau (São Nicolau, para os católicos e ortodoxos orientais), nasceu no século 3, em uma cidade grega chamada Patras. Quando seus pais morreram, ele doou toda sua fortuna para os pobres, e ingressou na vida religiosa. Diz a lenda que, na cidade de Nicolau, viviam três irmãs que não podiam se casar, em virtude de serem muito pobres, e não terem como pagar o dote à família do noivo. O pai delas decidiu então vendê-las como escravas, conforme elas fossem atingindo a idade adulta. Quando a primeira filha estava para ser vendida, Nicolau, ainda jovem, soube do fato, e jogou um saco cheio de moedas de ouro pela chaminé da casa, que caiu dentro de uma meia colocada ali para secar. O mesmo ocorreu com a segunda e a terceira filha, e assim todas puderam se casar. Apenas após a terceira filha ter recebido o “presente”, o pai soube quem era o misterioso benfeitor, e passou a pregar sobre sua bondade. Como Nicolau se transformou depois na figura psicodélica de um velho de longas barbas brancas, vestindo um pijama e um gorro vermelhos, morando no Pólo Norte, e guiando um trenó voador puxado por renas, não faço idéia.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Todo Natal é a mesma coisa. A cada esquina um trabalhador desempregado faz bico vestido de Papai Noel, símbolo-mor do consumismo exacerbado tão em voga em nossa sociedade, lembrando-nos de nosso compromisso de comprar, de adquirir bens de consumo sempre e cada vez mais. A mídia nos assola com intensa propaganda, sempre com as palavras de ordem do consumismo. Uma grande loja de departamentos, inclusive, há vários anos vem poluindo nossos ouvidos com a mesma musiquinha irritante. Os Shopping Centers ficam abarrotados de pessoas, surgem placas e cartazes anunciando promoções por todos os lados, e gente, mas muita gente mesmo, comprando e comprando e comprando e comprando. Os produtos da moda disputados à tapa, filas intermináveis para ir ao caixa, e dívidas ainda mais intermináveis por conta das prestações assumidas por se comprar tantas coisas.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"> Papai Noel e o Natal se tornaram talvez os maiores ícones do capitalismo. Tanto é que muitos pensam que a cor da roupa do Papai Noel foi escolhida por ser a mesma da logomarca de uma grande multinacional produtora de refrigerantes. Irônico: um jovem que, ao ficar órfão, doou todo seu dinheiro aos pobres, ingressou na vida monástica, e ficou famoso por doar moedas de ouro para moças pobres poderem se casar, se torna o grande símbolo do consumismo desenfreado, do capitalismo selvagem. </div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman"; font-size: 12pt;"> Todo Natal é a mesma coisa. Pessoas se reencontram, trocam presentes e perdões, fazem votos para um Ano-novo que, invariavelmente, imaginam e desejam será melhor do que o ano em curso. E fazem isso com a família, no trabalho, na escola, no clube, enfim, em todos os lugares que freqüentam. Alguns choram, ficam tristes, depressivos, e quase nunca são capazes de dizer o motivo. Comemos aquelas frutas secas importadas do hemisfério norte, altamente gordurosas, a despeito de estarmos em pleno calor de um verão tropical. À meia-noite, abraços e votos de felicidade são distribuídos, ao som de uma imensa orquestra de fogos de artifício. O Natal parece ter poderes mágicos, uma estranha aura, capaz de transformar nossos individualismos, e convertê-los aos mais sublimes altruísmos. Parece ter o poder de nos fazer parar de olhar apenas para nossos próprios umbigos, para voltarmos nossas atenções para nossos semelhantes menos favorecidos. As pessoas fazem e participam de campanhas, fazem doações e mutirões. Alimentos, roupas e presentes são distribuídos em orfanatos, asilos, hospitais, e até nas ruas, para os párias excluídos de nossa máquina social. Por que só no Natal?</span> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: "Times New Roman Bold Italic";"><br />
</span></i></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_hC5Wi216fjM/TQkqK5iHTEI/AAAAAAAAAC0/3CnNNxyYAkQ/s1600/a+verdade+do+natal.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="221" src="http://1.bp.blogspot.com/_hC5Wi216fjM/TQkqK5iHTEI/AAAAAAAAAC0/3CnNNxyYAkQ/s320/a+verdade+do+natal.jpg" width="320" /></a></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;"></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><b><i><span style="font-family: "Times New Roman Bold Italic";"><br />
</span></i></b><br />
<b><i><span style="font-family: "Times New Roman Bold Italic";"><br />
</span></i></b></div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><style>
p.MsoNormal, li.MsoNormal, div.MsoNormal { margin: 0cm 0cm 0.0001pt; font-size: 12pt; font-family: "Times New Roman"; }div.Section1 { page: Section1; }
</style> </div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Mas alguém ainda se lembra do que realmente é o Natal? Historicamente, a Igreja Cristã determinou o dia 25 de dezembro como sendo a data de nascimento de Jesus Cristo. Não pretendo aqui entrar no mérito de que muito provavelmente Jesus não nasceu nesse dia; trata-se na verdade da data de nascimento do deus Mitra, divindade muito popular nos tempos de Jesus, cuja vida apresenta uma série de paralelos com a vida de Jesus, e cujo culto apresenta muitas similaridades com o Cristianismo que surgiria logo depois. Para todos os efeitos, consideremos o dia 25 de dezembro como a data simbólica do nascimento de Cristo.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Quase ninguém mais se lembra disso. Para muita gente, o Natal só continua associado ao nascimento de Jesus na hora de montar o presépio, e nem todos montam presépios, especialmente os protestantes, avessos a toda e qualquer forma de arte sacra, à exceção da musica. Magnífica invenção de São Francisco de Assis, o presépio é o resto, a sobra atávica do verdadeiro sentido do Natal. Jesus Cristo, expressão máxima do Amor de Deus para com a humanidade, acaba de nascer. O menino Jesus é o grande símbolo da esperança, do renascimento. Naquele recém-nascido, deitado em uma manjedoura, na companhia de seus pais, dos magos, de alguns animais, pastores e anjos, o milagre é atualizado: Deus está se fazendo homem, para anunciar à humanidade que Ele mesmo, Deus, está propondo sua reconciliação com a raça humana, está anunciando o fim de todo sofrimento, isso que a Igreja chama hoje de “salvação”.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"> O sentimento de perdão que fica na moda nos tempos natalinos é fruto do perdão de Deus, anunciado no nascimento de Cristo. Mas Jesus não estabelece tempos, datas ou prazos para o perdão. Segundo o Mestre, não deve haver sequer limites quantitativos para o perdão: ele deve ocorrer sempre que houver a ofensa. <b><i>Naquele tempo, Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes?” Jesus Respondeu: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (MT 18: 21-22)</i></b>. Isso não significa que devemos perdoar apenas 490 vezes. Jesus apenas parte do uso do número sete feito por Pedro (sete era o número da perfeição, de um ciclo completo, na concepção judaica), para dar um número grande o suficiente para que se perca a conta no meio do caminho. O perdão deve ser infinito. Até porque talvez a ofensa também o seja.</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Infelizmente, nem mesmo a figura de Jesus de Nazaré escapou do processo de “papainoelização”, que também vitimou nosso querido São Nicolau. Os movimentos cristãos pentecostais e carismáticos iniciados no século XX, cujas origens remontam às teologias do Destino Manifesto e da Prosperidade, que abençoaram e sacralizaram a fortuna, o acúmulo de capital, alteraram radicalmente a imagem de Cristo. Jesus deixa de ser a expressão máxima do amor de Deus, que se fez homem para proclamar o perdão, para se transformar em uma espécie de “Papai Noel”, ou então numa modalidade qualquer de “gênio da lâmpada”, sempre alerta para satisfazer nossos caprichos mais mesquinhos, sempre disposto a nos suprir de toda sorte de bens materiais, a nos trazer riquezas, especialmente as mais supérfluas. Talvez aí esteja a explicação para esse ar de magia que toma conta de todos no Natal: tomados pelo remorso de sempre buscarmos nossas fortunas pessoais sem nos preocuparmos com o sofrimento de nosso próximo, uma vez por ano, pelo menos, nós conseguimos nos despir de nossos egoísmos, em nome do bem-estar de nosso semelhante. E o que provoca essa transformação tão radical? Para mim, esse é o grande milagre do Natal: a simples contemplação do Menino Jesus, o mero olhar para a doçura daqueles olhinhos infantis nos faz sentir o perdão de Deus, e nos enche de esperança. Assim, passamos a ver o mundo com outros olhos, os mesmos olhos com os quais Deus nos vê. Já afirmei em outra ocasião que o mundo ocidental seria outro se, ao invés das cruzes, os altares de nossas igrejas tivessem manjedouras. Mesmo a morte de Jesus, tão usada pelas igrejas para tentar nos converter à fé pela culpa por Ele ter sofrido em nosso lugar, não seria nada além de um simples martírio, não teria sentido algum, se depois não houvesse a ressurreição. E a ressurreição de Cristo, que prenuncia a ressurreição de todos nós para uma nova vida, é um novo nascimento. A ressurreição é um novo Natal!</div><div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Precisamos parar para refletir sobre essa questão tão importante. Jesus jamais esperou datas especiais, muito menos as ocasiões festivas, para fazer o bem, para anunciar o Reino de Deus. Jesus curava, consolava e ensinava sempre que se via diante de alguém que carecia de cura, de consolo ou de ensino, não importando qual fosse o momento. Inclusive durante as famosas “Bodas de Caná”, narradas no Evangelho de João (quando Jesus transforma água em vinho), o Mestre não hesita em atender ao pedido de um necessitado, mesmo sabendo que “ainda não havia chegado a sua hora”. E Jesus nos manda o tempo todo amarmos uns aos outros como Ele nos amou. Essa disposição de ânimo altruísta que toma conta de nós na época do Natal deve nos acompanhar durante todos os dias de nossas vidas. O tempo de fazer o bem é o tempo presente. A hora de socorrermos nosso próximo é agora. E o nosso próximo é qualquer pessoa que esteja ao alcance de nossas mãos amigas. No Natal, nós devemos celebrar a esperança, o amor e o perdão que deveríamos exercer ao longo de todo o ano. A única diferença é que no Natal ninguém vai estranhar se fizermos isso fantasiados de Papai Noel.</div><div style="text-align: justify;"> <b><i><span style="font-family: "Times New Roman Bold Italic";"><br />
</span></i></b></div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5772302051441397278.post-96676320960035882010-12-10T09:42:00.002-02:002010-12-10T09:52:49.038-02:00OLHAR PARA ALÉM DO ESPELHO<div style="text-align: center;"><a href="http://1.bp.blogspot.com/_hC5Wi216fjM/TQIR9i3B6zI/AAAAAAAAACs/XE0TpN3kRZY/s1600/gato_espelho.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"> <img border="0" height="320" src="http://1.bp.blogspot.com/_hC5Wi216fjM/TQIR9i3B6zI/AAAAAAAAACs/XE0TpN3kRZY/s320/gato_espelho.jpg" width="224" /></a> </div><br />
<i><b>Quando eu olho o meu olho além do espelho<br />
Tem alguém que me olha e não sou eu</b></i><br />
<i><b>(da canção "Além do Espelho", de João Nogueira e Paulo César Pinheiro)</b></i> <br />
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-right: 2.2pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Falar de nós mesmos no fundo não é nada além de dissecar os rótulos colados sobre nós ao longo de nossas vidas. Após retirarmos todos os rótulos um a um, nós os colocamos em prateleiras intelectuais, catalogando-os segundo critérios bem definidos socialmente. Sobra então apenas uma essência, mas essa nos é absolutamente intangível, e talvez constitua nossa verdadeira Alma, não sei ao certo. Não percebemos, ao fim das contas, que nossa totalidade é maior do que a soma de nossas partes. Somos algo além da mera adição das características adquiridas ao longo da existência.</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: 2.2pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Na maioria das vezes, nos tornamos tão identificados com o personagem criado a partir da sobreposição de nossos rótulos, que chegamos a confundir esse personagem com nossa essência, como se eles fossem ontologicamente criados junto conosco, e não fossem construídos ao longo de nossa trajetória pessoal. Afirmei isso incontáveis vezes. Mas algumas pessoas ultrapassam essa lógica, e identificam seus personagens com um único rótulo, um único aspecto da vida, ignorando ou mesmo negando todos os outros. São pessoas tão marcadas por seus rótulos, que eles chegam até mesmo a substituir seus nomes – e mesmo nomes não passam de rótulos, não podemos esquecer. Não temos mais o João, a Maria ou o Pedro. Temos em seus lugares o “flamenguista”, o “engenheiro”, o “crente”, ou qualquer coisa parecida. E acabamos por não perceber que cada João, cada Maria ou cada Pedro pode ser todas as coisas citadas ao mesmo tempo, e muitas outras. Raramente um rótulo exclui o outro.</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: 2.2pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Sendo assim, onde iremos encontrar o Rodrigo? Estaria ele no filho, no irmão ou no neto? Talvez no psicólogo? Quem sabe então no servidor público? No torcedor do Flamengo? No amante de uma Brahma gelada? No poeta? No tocador de viola caipira? No maçom? No cristão liberal? No roqueiro? No estudante de alemão? No comunista? Para ser sincero, em todos eles e em nenhum deles. Sou totalmente Rodrigo em todos esses aspectos, e em muitos outros – não citados apenas por questão de espaço – e ao mesmo tempo não me reduzo a nenhum deles. Sou na verdade um caleidoscópio, um mosaico de todos os rótulos adquiridos ao longo da vida. E tal como um caleidoscópio, cada movimento meu rearruma as diversas imagens, formando sempre imagens novas, caóticas no mais das vezes, é bem verdade. Mas ainda assim belas. E mesmo os rótulos já abandonados ainda me compõem. Não sou mais bancário, por exemplo, mas o fato de tê-lo sido um dia marcou meu ser de forma indelével, ainda faz parte de mim.</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: 2.2pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Portanto, ao serem perguntados acerca de mim, de quem eu sou, não respondam de modo a reduzir-me a um de meus muitos aspectos, a um único rótulo, ainda que para vocês ele pareça ser o mais marcante. Sou um conjunto único de fatores, e por ser único sou inominável. Apenas por conveniência, chamem esse conjunto de fatores de “Rodrigo” (pelo menos é isso o que se lê em meus documentos), e ao invés de tentar me dissecar, limitem-se a apontar o caleidoscópio que me dá forma. </div><div class="MsoNormal" style="margin-right: 2.2pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Gosto dessa analogia do caleidoscópio porque ele se refaz a cada movimento. A cada giro, o caleidoscópio se transforma em uma pintura nova. Sem se mover, contudo, seria apenas uma imagem, um quadro estático. Poderia até ser belo, mas não teria vida, e estaria fadado a, cedo ou tarde, tornar-se um mero enfado, cobrir-se de poeira.</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: 2.2pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">No final, sou uma soma de infinitos fatores: cada livro lido, cada canção ouvida ou cantada, cada imagem vislumbrada, cada palavra dita ou ouvida, cada poema escrito, cada sorriso aberto, cada lágrima derramada, cada beijo dado ou negado, cada pessoa conhecida, amada ou odiada, enfim, cada um desses elementos contribui com suas cores para a formação desse quadro complexo chamado EU. Quadro caleidoscópico, puro movimento, formando sempre novas imagens. E a cada dia, a todo momento, um novo pintor da vida acrescenta sua marca pessoal, seus tons e formas, e assim ajuda a compor meu quadro. Sou grato a Deus por todos eles.</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: 2.2pt; text-align: justify;"> Agradeço a Deus não apenas pelas bênçãos concedidas, mas também por todas as tribulações permitidas. Mesmo o mais obtuso dos sofrimentos pode ser entendido como dádiva, quando ele se apresenta a nós como pedagogo, e nos ensina lições que de outra forma jamais poderíamos aprender. Às vezes, precisamos perder as nossas pernas para aprendermos a caminhar com o espírito. E mesmo o sofrimento é um pintor de quadros, e nos tinge com suas cores. Cores tristes, mas belas. Jamais nos esqueçamos: o cinza também é uma cor. Também tem sua beleza. </div><div class="MsoNormal" style="margin-right: 2.2pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">No lugar de me lamentar a cada intempérie, prefiro indagar a Deus sobre o propósito Dele em permitir que as coisas aconteçam dessa forma, e tenho a mais absoluta certeza de que mesmo o mais mortal dos sofrimentos contribuirá com a formação dessa obra de arte única de Deus chamada EU. E o mesmo pode ser dito de qualquer pessoa.</div><div class="MsoNormal" style="margin-right: 2.2pt;"><br />
</div>rodrigopsihttp://www.blogger.com/profile/05854301800068493103noreply@blogger.com1